Descrição de chapéu Alalaô

Cachaça, caipirinha e chope são campeões de impostos no Carnaval

Bebidas lideram ranking de tributos; brasileiros já pagaram mais de R$ 378 bilhões em impostos neste ano

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São Paulo

Cachaça, caipirinha e chope são os produtos com a maior carga tributária no Carnaval, segundo o Impostômetro da ACSP (Associação Comercial de São Paulo). Os tributos podem passar de 80%.

O levantamento da associação mostra que, do valor total da cachaça, 81,9% são impostos. A caipirinha tem 76,7%, e o chope, 62,2%. A lista contém 26 itens, incluindo outras bebidas alcoólicas, água, preservativo, passagens aéreas e adereços carnavalescos.

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Caipirinha preparada por Marcos Nogueira; cachaça é a bebida que mais tem imposto, seguida da própria caipirinha - Marcos Nogueira/Folhapress

Refrigerante, adereços para a folia e cerveja também têm boa parte de seu preço final composto por tributos. Nestes casos, do total, mais de 40% são de carga tributária.

Veja os impostos dos produtos do Carnaval 2023

Produto Imposto (em %)
Cachaça 81,9
Caipirinha 76,7
Chope 62,2
Refrigerante (lata) 46,5
Colar havaiano 46
Espuma em spray 45,9
Refrigerante (garrafa) 44,6
Máscara de plástico 43,9
Confete/serpentina 43,8
Óculos de sol 44,2
Cerveja artesanal 42,7
Cerveja (lata) 42,7
Cerveja (garrafa) 42,7
Máscara de lantejoulas 42,7
Biquíni de lantejoulas 42,2
Protetor solar 41,7
Cavaquinho 38,3
Pandeiro 37,8
Fantasia 36,41
Biquíni 34,1
Água mineral 31,5
Hospedagem em hotel 29,6
Passagem aérea 22,3
Preservativo 18,8

De acordo com Marcelo Solimeo, economista da ACSP, o motivo de alguns itens de Carnaval terem altos tributos é porque são considerados supérfluos. "Alguns produtos são considerados supérfluos e, portanto, possuem tributação elevada." Bebidas alcoólicas também são itens que, por si só, já têm carga tributária maior, conforme legislação específica.

Os impostos cobrados sobre as passagens aéreas estão entre os menores da lista deste ano montada pela associação, perdendo apenas para o preservativo, mas Solimeo alerta para o fato de que viajar de avião está mais caro. Dentre os motivos está o encarecimento do combustível para aviação.

"As pessoas foram impedidas de viajar durante dois anos e, mesmo com o preço das passagens aéreas nas alturas, não deixarão de aproveitar o feriado para curtirem a folia", afirma o economista.

Segundo a ACSP, as passagens aéreas tiveram alta na tributação entre 2019 e 2023. Naquele ano, o percentual de tributos correspondia a 9,25%. Agora, está em 22%.

O economista afirma que a única forma de pagar menos impostos é deixar de consumir o produto que tem alta carga tributária, mas acredita que é uma escolha difícil para o consumidor. Em muitos casos, não há como substituir o item, e, além disso, é difícil entender o quanto está sendo cobrado de tributos.

"O consumidor olha o preço final. Agora, o problema maior é que todos os produtos, independentemente de Carnaval ou não, pagam uma tributação muito elevada no consumo, mesmo aqueles que não são considerados supérfluos", diz.

Impostômetro

De 1º de janeiro deste ano até esta quarta-feira (8), os brasileiros já pagaram mais de R$ 378 bilhões em impostos. Em 2022, o valor chegou a quase R$ 3 trilhões, segundo o impostômetro da ACSP. O painel com os valores está instalado na região central da capital paulista.

Os impostos correspondem ao montante arrecadado por governos federal, estadual e municipal e incluem taxas, contribuições, multas, juros e correção monetária. Em 2021, o painel registrou aproximadamente R$ 2,6 trilhões em tributos. O aumento entre 2021 e 2022 foi de 11,5%. Em média, por ano, o brasileiro trabalha mais de cem dias para pagar impostos.

Governo federal prepara reforma tributária

Um dos principais focos de atuação da área econômica do novo governo é aprovar uma reforma tributária. A intenção é simplificar impostos e tornar mais justa a tributação. Há projetos antigos na Câmara e no Senado que tratam sobre o tema, mas que não avançaram.

O modelo de legislação ainda está sendo debatido no Ministério da Fazenda, mas a tendência é seguir a linha de uma das propostas já em trâmite no Congresso, que vem sendo debatida desde as gestões petistas anteriores.

Para Solimeo, a necessidade da reforma tributária é uma unanimidade no Congresso, mas ninguém quer ceder. Além disso, em sua opinião, as propostas em trâmite ainda não são as ideais, o que irá exigir muita discussão da sociedade para a aprovação.

"O que dificulta ter uma tributação mais simples é na hora que você vai distribuir. Se tirar de A para B, o B reclama. A reforma é distribuir quem vai pagar quanto, mas todos querem ganhar e ninguém quer perder."

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