Descrição de chapéu Mercado imobiliário

Complexos multiúso juntam lojas, escritórios e residências em centros financeiros de São Paulo

Empreendimentos de alto padrão aquecem o mercado das avenidas Paulista e Nações Unidas

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São Paulo

Com mais de 320 mil m² de área privativa, o complexo Paseo Alto das Nações tem a ambição de "resolver diversas necessidades do cotidiano em um mesmo espaço para 14 mil pessoas todos os dias" no eixo Berrini/Chucri Zaidan, zona oeste de São Paulo.

Esse é o plano da Carrefour Property, braço imobiliário do Grupo Carrefour, para o empreendimento —com área maior do que dois estádios do Maracanã— localizado em um dos principais polos empresariais da capital paulista. O empreendimento segue a tendência global dos conjuntos multiúso, que se consolida no país.

Esse modelo surgiu nos Estados Unidos reunindo áreas corporativas, comerciais e residências em um só lugar nas cidades com vocação empresarial.

Desenvolvido em parceria com a incorporadora WTorre, o Paseo está sendo construído no terreno do primeiro hipermercado Carrefour no Brasil, aberto em 1975, na avenida Nações Unidas, zona oeste da capital paulista.

A primeira das três fases do complexo acaba de ser entregue: um novo estabelecimento de 15 mil m² e 700 vagas de estacionamento, que funcionará como loja conceito, e uma torre mista de 20 mil m².

prédio espelhado com jardim em frente
Projeto Alto das Nações, parceria do Carrefour Property com a WTorre - Grupo Carrefour Brasil/Divulgação

Na próxima fase, prevista para ser entregue ainda neste ano, haverá um parque de 32 mil m² aberto ao público e a interligação do complexo com a estação de trem Granja Julieta.

Todo o projeto, que inclui um prédio comercial de 216 metros de altura e uma torre residencial com 216 apartamentos, deve estar concluído até 2026.

O foco são famílias com renda média de R$ 11,5 mil por mês e empresas. O complexo tem o VGV (Valor Geral de Venda) estimado em R$ 3 bilhões, sendo 60% provenientes da torre comercial.

Segundo Liliane Dutra, CEO do Carrefour Property, metade foi vendida para fundos imobiliários. O valor do metro quadrado na região gira em torno dos R$ 22 mil.

É a primeira iniciativa do grupo no Brasil a utilizar a expertise imobiliária do Carrefour Property. Outros projetos de complexos multiúso estão em estudo pelo país, sempre onde exista um hipermercado Carrefour com potencial construtivo. "A ideia é sempre expandir a partir de uma loja, como um supermercado ou hipermercado", conta Liliane.

No Brasil desde 2012, o Carrefour Property passou a realizar a gestão de 518 imóveis próprios e administra atualmente mais de 370 galerias comerciais em 20 estados e 200 municípios.

A meia hora de distância do Paseo Alto das Nações, outro complexo multiúso de luxo faz referência ao icônico Conjunto Nacional, um dos primeiros edifícios a unir áreas corporativas, comerciais e residenciais.

Erguido sobre um terreno de 7.500 m², o Passeio Paulista, na rua da Consolação (centro da capital), será inaugurado neste primeiro trimestre e terá mais de 46 mil m² de área locável distribuídos em 21 andares de escritórios, com lajes que chegam a 3.800 m².

O projeto, uma parceria da Fibra Experts com a Brookfield Properties, prevê um centro comercial com lojas, restaurantes e atividades culturais além de lofts residenciais. No térreo, uma praça com luz natural e um boulevard com espaço de convivência farão a ligação para a rua Bela Cintra.

A incorporadora não revela o valor de investimento nem demais números comerciais. Na região, o metro quadrado está em torno dos R$ 20 mil, segundo cálculos da Loft.

O CEO da Fibra Experts, Fernando Kenworthy, diz que o local foi definido pelo "mantra do mercado imobiliário": localização.

"Essa região possui diferenciais únicos, como museus, parques, lojas e restaurantes para diferentes tíquetes, além de uma mobilidade privilegiada, com duas linhas de metrô, ciclovias e corredores exclusivos de ônibus", afirma. "E todas essas atrações estão a uma caminhada de distância."

Kenworthy diz que o projeto se propõe a ser uma extensão da calçada. Para ele, os atrativos da avenida Paulista são trunfos das empresas para a volta ao trabalho presencial pós-pandemia.

Segundo a Fibra Experts, no momento em que os escritórios estavam encolhendo e perdendo espaço para o home office, a região se mostrou resiliente e manteve uma taxa de ocupação mais consistente em relação a outros endereços.

Já durante a retomada, com a volta gradual do trabalho presencial, a Paulista tem mostrado números acima da média.

"A pandemia de Covid-19 mudou a forma como as pessoas desejam se relacionar com o escritório. Em um movimento que tem sido conhecido como 'fly-to-quality', empresas têm buscado espaços mais abertos e colaborativos, que demandam lajes maiores e mais eficientes", diz Kenworthy.

"Essa estrutura moderna, aliada à diversidade da avenida Paulista, faz dela um endereço único em São Paulo, e agora muito desejado pelas grandes empresas."

'A cidade reflete sua sociedade'

A integração entre pessoas e o urbanismo do entorno, anunciada por ambos os projetos, não necessariamente significa inclusão, afirmam urbanistas.

A presidente da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas, Andréa dos Santos, diz que os projetos multiúso impõem o desafio de não segmentar a sociedade em relação aos reais usuários dos empreendimentos.

"As cidades refletem a sociedade, e, nesse sentido, sempre temos que pensar de que cidade estamos falando, e para quais pessoas", afirma.

"Não é uma questão de atrair imóveis para famílias da classe média e baixa, mas, sim, do impacto destes empreendimentos no preço da terra e nas consequências dessa valorização nas populações mais empobrecidas", explica Andréa.

Fachada do Conjunto Nacional, na avenida Paulista, centro de São Paulo - Reprodução/Google Street View

A professora Viviane Rubio, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, diz que o atual plano diretor da cidade incentiva empreendimentos de uso misto para orientar a ocupação de maneira mais eficiente, com medidas para aproximar a baixa renda do transporte público. Para ela, porém, o objetivo tem sido distorcido.

"Tiraram os pequenos comércios para colocar lojas franqueadas para quem tem poder aquisitivo maior. As pessoas que venderam suas casas na região, por exemplo, não conseguem voltar porque o metro quadrado fica mais caro. Então, a quem o regramento está favorecendo?"

Raio-X dos complexos de luxo

ALTO DAS NAÇÕES

  • Complexo multiúso com mais de 320 mil m² de área privativa, localizado no eixo Berrini/Chucri Zaidan
  • VGV estimado em R$ 3 bilhões
  • Torre comercial com 216 metros de altura
  • 32 mil m² de área verde
  • Centro comercial de mais de 5.000 m², com mais de 40 lojas, sendo uma delas, a loja conceito hipermercado Carrefour

Novo hipermercado Carrefour

  • 15 mil m² de área, sendo 7,5 m² de área de vendas e estacionamento coberto com 700 vagas para veículos
  • Mais de 44 mil produtos, incluindo carnes exóticas, como a de jacaré
  • Hamburgueria, pizzaria, cafeteria, hora do lanche, sushi e pastelaria
  • Drogaria Carrefour

Fases do Projeto

: hipermercado Carrefour, Centro Comercial Paseo Alto das Nações e torre mista

: parque para os moradores e frequentadores do complexo e a interligação do complexo com a estação de trem Granja Julieta

: serão inauguradas as torres corporativas e residenciais até 2026

PASSEIO PAULISTA

  • Erguido sobre um terreno de 7.500 m² na rua da Consolação
  • Torre corporativa com padrão Triple A, certificação dada a empreendimentos corporativos que atingem padrões máximos de qualidade, construção e tecnologia
  • Lajes a partir de 1.876 m² e área locável total de 46.491 m², distribuídas em 21 pavimentos
  • Centro comercial no térreo com área arborizada e ligação para estação de trem da Granja Julieta
  • Lofts residenciais
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