Demissões na fintech Neon, novo presidente da Americanas e o que importa no mercado

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Neon é mais um a demitir em massa

Assim como aconteceu em 2022, este ano começou com demissões em massa entre unicórnios brasileiros (startups avaliadas em US$ 1 bi ou mais). Nesta terça, foi a vez da fintech Neon se juntar à lista.

  • A empresa confirmou os desligamentos, mas não deu mais detalhes. O site Layoffs Brasil, que reúne o número de cortes em startups, aponta 200 demissões.

A Neon afirma que as demissões tiveram base em avaliação de performance e redução de setores. Segundo o banco, o objetivo é se preparar para os desafios macroeconômicos deste ano.

Como mostramos há duas semanas, o banco digital que tem cerca de 22 milhões de clientes anunciou ter captado R$ 331 milhões em financiamento por meio de um FIDC (fundos de investimento em direitos creditórios).

  • O instrumento serve para a empresa antecipar os recebíveis a que tem direito –no caso do Neon, valores de cartões de crédito– em troca de uma taxa (entenda aqui como esses fundos funcionam).

Demissões em unicórnios: neste ano, Loggi e C6 Bank também demitiram centenas de funcionários, de acordo com o Layoffs Brasil.

  • Em 2022, a lista foi grande e inclui 99, Loft, QuintoAndar, Facily, Ebanx, Mercado Bitcoin, Vtex, entre outros.

Os cortes em tecnologia acontecem em um momento de juros altos, que tira o apetite para investimentos no setor e obriga as companhias a virarem a chave da prioridade nos negócios: de alto crescimento para eficiência e geração de caixa.


Superexposição de Musk no Twitter

Os tuítes de Elon Musk têm aparecido com maior frequência para você nos últimos dias? Isso não acontece por acaso.

No último domingo (12), durante o Super Bowl, uma publicação do presidente americano Joe Biden acabou gerando uma correria entre engenheiros do Twitter, que passaram a noite trabalhando no algoritmo da plataforma.

O motivo: a publicação em que o mandatário dizia estar torcendo pelo Philadelphia Eagles teve mais engajamento que um tuíte semelhante do dono da rede social, Elon Musk –que ostenta quatro vezes mais seguidores que Biden.

  • O caso foi revelado pela newsletter Platformer, dos jornalistas especializados Casey Newton e Zoë Schiffer.

Depois de perceber a "derrota" para Biden, o empresário excluiu seu tuíte e voou para a sede do Twitter, na Califórnia, para se encontrar pessoalmente com cerca de 80 engenheiros, relata a Platformer.

  • A solução encontrada foi criar uma ferramenta que garantiria que os tuítes de Musk –e só dele– alcançassem mais usuários. O algoritmo, então, passou a impulsionar artificialmente os conteúdos publicados pelo bilionário em um fator de 1.000 vezes.

Na segunda-feira, os usuários começaram a perceber a grande quantidade de tuítes do dono da rede na aba "para você", criada no início de fevereiro com a promessa de entregar uma curadoria personalizada para cada usuário.

  • No mesmo dia, o próprio bilionário publicou um meme ironizando a superexposição dos seus tuítes e horas depois escreveu "fiquem atentos enquanto fazemos ajustes no… 'algoritmo'".

De acordo com relatos feitos à Platformer, o impulsionamento artificial dos tuítes de Musk segue valendo, mas o fator está agora abaixo de 1.000 vezes.


Novo presidente da Americanas

O conselho de administração da Americanas elegeu Leonardo Coelho Pereira como novo presidente-executivo da companhia.

Ele já foi sócio da consultoria Alvarez & Marsal, especialista em reestruturação de empresas que foi contratada pela Americanas em seu processo de recuperação. Segundo seu perfil na rede LinkedIn, ficou na companhia por 11 anos.

João Guerra, que vinha ocupando a presidência de forma interina desde que Sergio Rial renunciou após anunciar as "inconsistências" de R$ 20 bilhões, volta a atuar como diretor de recursos humanos da varejista.

Reunião decisiva: nesta quinta (16), a Rothschild, assessoria contratada para fazer o meio de campo entre a empresa e os bancos credores, irá tentar avançar em acordos com as instituições financeiras para apresentar um plano de recuperação judicial.

  • Quem também estará na reunião é Roberto Thompson Motta, sócio do trio de bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira no fundo 3G.
  • A conversa entre a companhia e seus maiores credores tem esbarrado no valor que os acionistas de referência vão aportar no negócio.
  • Os bancos acham o financiamento DIP já anunciado de até R$ 2 bilhões insuficiente e querem que os bilionários coloquem dinheiro na empresa em vez de um empréstimo com prioridade de pagamento.

Mais sobre Americanas

Rial recebeu R$ 600 mil por ter prestado consultoria à varejista, entre 1º de setembro e 31 de dezembro de 2022 –ele assumiu o cargo de presidente no dia seguinte. O executivo disse que "os processos de sucessão de CEOs, em geral, são remunerados pelas horas trabalhadas antes da posse "

O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, disse que o banco não planeja nenhuma ação direta para socorrer a Americanas e que a instituição de fomento não é um "hospital de empresas".


Gestores criticam meta de inflação

Três gestores de recursos renomados e respeitados do mercado financeiro brasileiro se juntaram aos críticos da atual meta de inflação no país em evento do BTG Pactual, com a presença do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na plateia.

O que disse cada um:

  • Rogério Xavier, da SPX Capital: "Só alcançamos inflação a 3% uma única vez, em 2016. Agora que a gente passou por todas essas situações inflacionárias, o Brasil resolveu fazer a meta em 3%. Nos EUA, a meta é 3,5% e no Brasil vai ser 3%? É falta de bom senso. De que adianta buscar 3,25% e entregar 6%?".
  • Luis Stuhlberger, da Verde Asset: "Buscar uma meta irrealista não é coisa boa para o Brasil. Concordo que tem quer ter um arcabouço fiscal crível, os dois juntos podem jogar o Brasil num lugar melhor."
  • André Jakurski, da JGP: "Acho que deve se mudar a meta e baixar os juros. O juro real [taxa nominal menos a inflação] no Brasil é impressionantemente alto e o país não vai dar certo com esses juros".

A opinião dos gestores que administram bilhões de recursos contrasta com a visão manifestada por economistas a diretores do BC nos últimos dias.

  • Para eles, não seria positivo mudar o sistema agora, porque iria gerar aumento das expectativas de inflação, e, consequentemente, demandaria maior aperto monetário por parte do BC.

Novo aceno: o presidente do BC, Roberto Campos Neto, segue adotando nos seus discursos um tom conciliatório em relação ao governo. Nesta quinta, disse que é necessário haver disciplina fiscal, mas entender que é preciso ter um "olho mais especial no social".

No governo, aliados aconselharam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a dar uma trégua nas críticas à taxa de juros e deixar esse papel a determinados integrantes do partido e, especialmente, a parlamentares.

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