Descrição de chapéu Financial Times

Aquisição do Credit Suisse pelo UBS vai prejudicar detentores de US$ 17 bilhões em títulos

Regulador financeiro suíço determinou que títulos AT1 do banco sejam reduzidos a zero

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Financial Times

Detentores de US$ 17 bilhões em títulos do Credit Suisse terão seus investimentos eliminados após a aquisição do banco suíço pelo concorrente UBS, em uma ação surpresa que deve causar tumulto quando os mercados de dívida europeus abrirem nesta segunda-feira (20).

A medida ocorre como parte do acordo histórico entre os bancos. O regulador financeiro suíço Finma determinou que 16 bilhões de francos suíços dos títulos adicionais de nível um (AT1) do Credit Suisse, uma classe relativamente arriscada de dívida bancária, sejam reduzidos a zero.

O Credit Suisse disse que foi informado da decisão pelo órgão regulador enquanto discutia os detalhes finais de sua aquisição de 3 bilhões de francos suíços (US$ 3,25 bilhões) pelo UBS, anunciada na noite deste domingo (19) após vários dias de intensas negociações.

"O apoio extraordinário do governo desencadeará uma baixa contábil completa do valor nominal de todas as ações AT1 do Credit Suisse no valor de cerca de 16 bilhões de francos suíços e, portanto, um aumento no capital principal", disse o regulador.

Sede do Credit Suisse em Zurique, na Suíça - Arnd Wiegmann/Reuters

No entanto, várias pessoas envolvidas na negociação do acordo disseram que acabar com os detentores de AT1 —uma medida que pareceu surpreender os mercados— teria repercussões mais amplas e provavelmente levaria à liquidação de outras dívidas bancárias.

Os operadores que cotavam os preços dos títulos AT1 do Credit Suisse na tarde deste domingo aumentaram significativamente seus valores depois que o Financial Times informou que a aquisição do UBS foi confirmada, na expectativa de que a fusão não resultaria em perdas para os detentores de títulos.

"O que a Finma fez quebrando a estrutura de capital terá uma consequência de longo prazo para qualquer dívida financeira suíça", disse um detentor do título AT1 do Credit Suisse.

Um banqueiro disse que a decisão pode levar a um "pesadelo" nos mercados de dívida europeus, especialmente porque os detentores de títulos estão tendo perdas mais pesadas impostas a eles do que os acionistas do Credit Suisse.

Embora os AT1s sejam normalmente de propriedade de investidores profissionais e fundos de hedge, eles também são populares entre os investidores de varejo e de gestão de patrimônio na Ásia.

Os AT1s foram introduzidos como parte das reformas regulatórias pós-crise de 2008, que levaram os bancos a aumentar seus níveis de capital. AT1s são uma forma de título conversível contingente, que pode ser convertido em patrimônio caso o banco tenha problemas.

Se o índice de capital de um banco cair abaixo de um limite predefinido, os investidores AT1 podem perder o investimento inicial ou tê-lo convertido em patrimônio líquido. Como são a forma mais arriscada de dívida bancária na Europa, os AT1s normalmente oferecem rendimentos mais altos do que os títulos mais seguros.

O acordo do Credit Suisse ecoa a aquisição do credor espanhol Banco Popular em 2017, onde os títulos AT1 do banco foram eliminados no primeiro exemplo do valor da classe de ativos híbridos em colapso no resgate de um banco europeu.

A aquisição pelo Santander foi orquestrada pela unidade de supervisão do Banco Central Europeu, o Órgão Único de Resolução, depois que o BCE considerou que o banco estava "falindo ou com risco de falir".

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