O ministro Rui Costa (Casa Civil) afirmou nesta quarta-feira (22) que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, está fazendo um "desserviço" ao se referir à Selic (taxa básica de juros) no Brasil, que está no patamar de 13,75%.
A decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC sobre a taxa de juros será anunciada nesta quarta-feira (22).
O ministro Fernando Haddad (Fazenda) chegou a dizer que queria enviar o novo desenho de marco fiscal antes da reunião, que começou nesta terça-feira (21), para que o banco reduzisse a taxa de juros, mas o anúncio acabou adiado. Para o ministro da Casa Civil, porém, Campos Neto não precisa aguardar o anúncio da nova regra fiscal para baixar a taxa de juros.
"Ele não precisa de um anúncio de novo marco fiscal para rever isso. Me desculpe, não precisa."
"E me desculpe a reunião de Copom, vou insistir: o que o presidente do Banco Central está fazendo é um desserviço com a nação brasileira. Ele elevou a 13,75% esse patamar de juros quando a inflação estava em torno de 10%. Hoje, a inflação está um pouco acima de 5%. Então, o que justifica então ele estar com a mesma dose de remédio que estava com 10% de inflação?", afirmou Costa.
Costa afirma que, caso não haja redução na taxa de juros, o governo continuará criticando e questionando o presidente do Banco Central. O ministro da Casa Civil ainda disse que o país tem a maior taxa real de juros do mundo e que a economia está sendo "asfixiada".
"O Ministério da Fazenda apresentou ao presidente um levantamento de quase 40 países do mundo que teriam algum nível de inflação em torno da inflação brasileira. E o Brasil é disparado a maior taxa real de juros do mundo. Então a economia está sendo asfixiada, o comércio está sendo asfixiado no seu financiamento."
O ministro da Casa Civil ainda disse não saber se Campos Neto é independente do mercado financeiro e insinuou que ele é "ligado a quem deveria fiscalizar".
As declarações de Costa vão na linha das críticas que Lula tem feito ao presidente do Banco Central. Nesta terça (21), o presidente também voltou a atacar o presidente do BC, embora não o tenha citado nominalmente.
O chefe do Executivo afirmou que não pode demiti-lo, pois depende do Senado para encerrar o seu mandato. No entanto, acrescentou que ele não se importa com os termos previstos na legislação que prevê a autonomia do BC.
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