China reduz meta de crescimento do PIB para 5% em 2023

Anúncio foi feito durante a abertura do Congresso Nacional do Povo; país cresceu apenas 3% em 2022, abaixo da meta de 5,5%

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Reuters

O governo chinês anunciou neste sábado (4), domingo (5) no fuso local, uma meta de crescimento econômico de 5% em 2023, a meta mais baixa em mais de três décadas e ligeiramente menor do que a do ano passado, de 5,5%. O comunicado ocorreu durante a abertura da reunião anual do parlamento do país, o Congresso Nacional do Povo.

O PIB (Produto Interno Bruto) da China cresceu apenas 3% no ano passado, um dos piores resultados em quase cinco décadas, pressionado por três anos de restrições da Covid-19, crise no setor imobiliário, repressão à iniciativa privada e enfraquecimento da demanda por exportações do país.

O líder da China Xi Jinping durante a abertura do Congresso Nacional do Povo - Noel Celis - 5.mar.2023/AFP

No relatório, o primeiro-ministro, Li Keqiang (que deve ser substituído em breve), disse que é essencial priorizar a estabilidade econômica e estabelece uma meta de criar cerca de 12 milhões de empregos no ano —acima do patamar determinado no ano passado, de pelo menos 11 milhões.

A meta serve para balizar investimentos no país, inclusive estrangeiros e os 5% ficaram abaixo do esperado por fontes ouvidas pela agência, que projetavam que seria definida uma taxa de até 6%.

Caso seja alcançada, a meta representaria uma recuperação do crescimento de apenas 3% em 2022, após diversas cidades chinesas sofrerem lockdowns prolongados em um esforço para evitar a propagação da variante ômicron do novo coronavírus.

As metas oficiais de crescimento econômico da China estão em tendência de queda nos últimos anos, à medida que o governo busca controlar a crescente dívida do país e estimular o consumo interno.

Analistas disseram que a meta conservadora de crescimento econômico deste ano seria mais fácil para a nova equipe econômica de líder Xi Jinping cumprir.

Para o Goldman Sachs, alcançar a meta deste ano "não é algo desafiador", dado que a economia parte do patamar mais baixo do ano passado. O banco prevê que o PIB chinês cresça 5,5% neste ano, impulsionado pela recuperação do consumo das famílias após a reversão da rígida política de Covid zero.

Li também estabeleceu uma meta de déficit orçamentário do governo em 3% do PIB, de acordo com o relatório, ampliando a meta de cerca de 2,8% no ano passado.

A expectativa é mais positiva do que no final do ano passado, quando assessores do regime teriam chegado a recomendar 4,5% de meta. A razão maior para a mudança foi o fim das restrições da política de Covid zero, no início de dezembro.

"Atingidas pela Covid-19 e outros desafios, grande e pequenas empresas passaram por uma angústia aguda", disse Li. "Manter a estabilidade no emprego é um desafio, e os desequilíbrios orçamentários de alguns governos locais são substanciais."

Após os piores momentos da pandemia, a economia da China mostrou sinais de recuperação da desaceleração, com a atividade do setor manufatureiro atingindo a maior marca em uma década em fevereiro. Mas Li alertou em seu discurso para o fato de que "muitas dificuldades e desafios ainda confrontam [o país]".

Os desafios incluem problemas externos, como a inflação em outros países, a desaceleração do comércio global e do crescimento econômico, bem como tentativas "crescentes" de "suprimir e conter o desenvolvimento da China", segundo ele.

Sobre o setor imobiliário da China, em que muitas empresas deixaram de pagar suas dívidas, o governo prometeu ajudar "negócios imobiliários de ponta e alta qualidade", continuando a "impedir a expansão sem controle".

Além de Li, Xi Jinping deve nomear novos chefes para as principais agências financeiras e reguladoras do governo, incluindo o Banco Popular da China, o BC chinês.

Analistas têm demonstrado preocupação com o fato de os novos funcionários, muitos dos quais passaram grande parte de suas carreiras como políticos locais, possam estar menos inclinados a lidar com a especulação financeira do que a equipe atual, que é composta principalmente de tecnocratas.

Com Financial Times

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