Compra do Credit Suisse pelo UBS, startups brasileiras viram alternativa com quebra do SVB e o que importa no mercado

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Novo gigante global

A crise bancária que começou nos EUA e chegou na última semana à Europa gerou sua primeira grande fusão: o UBS anunciou neste domingo (19) a compra do Credit Suisse por US$ 3,25 bilhões, numa tentativa das autoridades de apagar um dos focos de incêndio.

Surge um novo gigante no sistema financeiro mundial, com uma carteira de US$ 5 trilhões em ativos, que o torna o terceiro maior da Europa e o 11º no ranking mundial de gestão de recursos de terceiros.

Entenda: a fusão aconteceu graças ao esforço das autoridades suíças para socorrer o Credit Suisse, banco cuja crise explodiu na última quarta (15) e que não conseguiu andar com as próprias pernas mesmo com um empréstimo de US$ 54 bilhões do banco central suíço (explicamos o que você precisa saber da derrocada aqui).

  • O UBS pagou 0,76 franco suíço por ação do Credit, um desconto de 60% em relação à cotação de fechamento da última sexta (17).

A ajuda do Estado para a transação veio de duas formas:

  • Dinheiro: serão US$ 27 bilhões em recursos disponibilizados ao UBS, além de uma linha de US$ 100 bilhões para dar liquidez às operações do Credit Suisse, segundo o Financial Times.
  • Drible regulatório: a fusão não precisará da aprovação dos acionistas do UBS. É algo que chama bastante a atenção, por ignorar a opinião dos atuais sócios do banco, algo que vai contra as regras mundiais de governança.

Sim, mas… Os próprios executivos do UBS afirmam esperar por questionamentos na Justiça de acionistas sobre a forma como foi conduzida a fusão. A história certamente não para por aqui.

E o Brasil na crise? Diferentemente dos principais bancos da Europa e dos EUA, as instituições daqui passaram quase que ilesas do azedume. Isso pode criar oportunidades para compras de ativos baratos lá fora, afirmam especialistas.

  • Um das referências globais quando o assunto é solidez bancária, o sistema brasileiro pouco foi abalado, o que se refletiu nas ações das principais instituições que atuam no país.

Opinião:


Startups brasileiras perdem e ganham com fim do SVB

A quebra do SVB (Silicon Valley Bank) atingiu em cheio o universo das startups e dos fundos que investiam nessas empresas. O mercado brasileiro, um dos maiores desse segmento, não escapou.

  • Quando captavam recursos, as empresas brasileiras preferiam o SVB pela facilidade em abrir conta na comparação com os bancões, em que o processo pode durar meses.
  • O SVB também era procurado por aceitar uma operação conhecida como "Cayman sandwich".

Entenda: a jogada consiste na abertura de uma offshore em um paraíso fiscal (Cayman) e uma sede em Delaware, nos EUA, transformando a unidade brasileira em uma subsidiária. É uma operação aconselhada como um meio para contornar impostos.

  • Esse desenho garante que seus ativos operem em um país de legislação conhecida e segurança jurídica (EUA). O modelo, porém, é aceito por poucos bancos.

Quando a corrida de saques no SVB começou, no dia 9 –um dia antes do banco ir à falência–, a startup Trace Finance, que atua no mercado de remessas internacionais dos EUA para o Brasil, adiantou o lançamento de seu serviço bancário.

  • O resultado foi uma avalanche de interessados para a transferência de recursos do SVB para a Trace.
  • Hoje, ela já tem 65 clientes e administra US$ 1 bilhão, com uma lista de espera de mais de cem empresas com um saldo de US$ 3 bilhões.

Outra startup criada por brasileiros que recebeu capital que saiu do SVB foi a Brex, de Henrique Dubugras e Pedro Franceschi– os dois entraram na lista de bilionários da Forbes no ano passado (contamos a história deles aqui).


Startup da Semana: Clara

O quadro traz às segundas o raio-x de uma startup que anunciou uma captação recentemente.

A startup: fundada no México, em 2020, a Clara tem uma plataforma de gestão de gastos corporativos para empresas da América Latina.

  • Em 2021, ela se tornou a primeira startup da região a atingir o status de unicórnio (empresas que valem US$ 1 bi ou mais) em menos de um ano desde o início de suas operações.

Em números: a Clara anunciou na semana passada ter acertado um empréstimo de US$ 90 milhões (R$ 474 milhões).

  • É a segunda vez em menos de um ano que ela recebe um aporte desse tipo. Em agosto de 2022, o Goldman Sachs aprovou um financiamento de até US$ 150 milhões.

Quem investiu: desta vez, o financiamento foi fornecido pelos fundos Accial Capital e Skandia.

Que problema resolve: a Clara promete facilitar às empresas o acompanhamento dos gastos de seus funcionários. Para isso, fornece cartões de crédito com limites flexíveis e uma plataforma de monitoramento em tempo real.

Por que é destaque: a empresa planeja fazer do Brasil seu principal mercado até o fim de 2024. Em 2022, foram R$ 600 milhões em transações com o cartão de crédito da Clara no país.

  • A projeção da startup é quadruplicar esse volume, passando dos atuais 2 mil clientes para mais de 5 mil empresas.
  • Os generosos aportes de capital que ampliavam a valorização dos unicórnios, tão comuns em 2020 e 2021, estão cada vez mais escassos.

A semana em resumo

Foram 12 rodadas anunciadas por startups da América Latina, com US$ 139,2 milhões (R$733 milhões) em investimentos.

Os dados foram fornecidos pela plataforma Sling Hub.


FI-Infra cai no gosto do investidor

Com os investidores em busca de aplicações que os protejam da inflação, os fundos de investimento em infraestrutura (FI-Infra), antes pouco conhecidos, começaram a ficar mais populares, com o número de cotistas mais que triplicando desde o final de 2021.

Entenda: esses fundos têm cotas negociadas na Bolsa assim como uma ação ou um fundo imobiliário, mas têm como diferencial a isenção tributária à pessoa física tanto sobre os rendimentos distribuídos como também sobre o ganho de capital.

  • A maior parte da carteira deles está nas debêntures incentivadas de infraestrutura, títulos privados de renda fixa isentos de IR (Imposto de Renda), emitidos por empresas para financiar grandes obras de infraestrutura.
  • Comprar cotas desses fundos é uma forma de o investidor terceirizar para um gestor profissional a decisão sobre qual debênture comprar, uma escolha que envolve analisar os riscos do projeto, da empresa, do setor etc.

Em números: em dezembro de 2021, os FI-Infra somavam 26,6 mil cotistas, número que subiu para 81,5 mil em março de 2023, um aumento de cerca de 206%.

  • O patrimônio gerido por esses fundos avançou 20% nesse recorte, passando de R$ 4,85 bilhões para 5,79 bilhões. Os dados são da plataforma TC/Economatica.

Mais sobre investimentos

  • Michael Viriato, do blog De Grão em Grão, fala sobre um indicador para se ter cuidado na hora de escolher um fundo imobiliário.
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