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Dilma na China: o que é o Banco do Brics?

Às vésperas da chegada de Lula à China, a aliada e ex-presidente foi eleita para presidir a instituição

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BBC News Brasil

Criado em 2015, o New Development Bank (NDB), também conhecido como Banco do Brics, se transformou num colosso com mais de US$ 30 bilhões em empréstimos aprovados até 2021.

Criado para ser uma alternativa às fontes tradicionais de financiamento, o banco anunciou nesta sexta-feira (24) a eleição da ex-presidente brasileira Dilma Rousseff (PT) como nova presidente do banco. No cargo, Dilma vai ganhar um salário de aproximadamente R$ 290 mil mensais.

Mas o que é o Banco do Brics?

O banco foi criado em 2015 pelos membros do grupo chamado Brics, composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A criação do banco, porém, vinha sendo discutida desde, pelo menos, 2012, quando Dilma ainda era presidente do Brasil.

Conselho do Banco do Brics aprovou o nome de Dilma Rousseff para presidir a instituição até 2025 - Charles Platiau - 10.mar.2023/Reuters

À época, os países eram conhecidos como economias emergentes e buscavam alternativas para o financiamento de projetos de infraestrutura fora do círculo considerado convencional composto por organismos como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial.

O capital inicial do banco foi composto por aportes feitos pelos países-membros do banco. Sua sede fica na cidade chinesa de Xangai.

A partir de 2016, o banco começou um processo de ampliação de seus membros. Atualmente, além do Brics, também fazem parte da instituição os Emirados Árabes Unidos, Bangladesh e Egito. Também está em análise a adesão do Uruguai.

O organismo é comandado por um grupo de executivos indicados por cada um dos países-membros e a presidência vem sendo do tipo rotativa —ou seja, a cada período de cinco anos, um país indica um novo nome para comandar a instituição.

Dilma substitui outro brasileiro, o diplomata Marcos Troyjo, que havia sido indicado em 2020 pelo então ministro da Economia do Brasil Paulo Guedes. Seu mandato vai até 2025.

De acordo com os relatórios a investidores do banco, atualmente, o Banco do Brics soma um total de US$ 30 bilhões em financiamentos aprovados desde sua criação. Desse total, US$ 14,6 bilhões já foram desembolsados.

O Brasil já teve projetos aprovados no valor de US$ 5 bilhões. Entre eles há projetos como a expansão da rede de água e esgoto de Pernambuco, obras para mobilidade urbana em Sorocaba (SP) e melhorias no sistema de transportes urbanos de Curitiba.

China e Índia lideram o ranking de aprovações com US$ 7,4 bilhões e US$ 7 bilhões em projetos aprovados, respectivamente.

A principal área de atuação do banco é o financiamento de projetos voltados para obras de infraestrutura, saneamento, energia limpa e eficiência energética, infraestrutura digital e social.

Como Dilma chegou à presidência do banco?

A chegada de Dilma à presidência do Banco do Brics foi articulada pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Pela regra de rotatividade, a presidência do organismo deveria ficar com um indicado pelo Brasil até 2025, mas como Troyjo havia sido um nome apontado pelo governo anterior, o consenso foi de que Lula poderia indicar um novo nome.

Marcos Troyjo anunciou, no início de março, que renunciaria ao cargo, abrindo caminho para que Dilma pudesse ser indicada à presidência.

Na eleição que definiu Dilma como nova presidente do banco, não houve nenhuma outra candidatura.

O futuro político vinha sendo debatido por ela e outros membros do entorno de Lula desde que o petista venceu as eleições.

Houve especulações de que ela poderia assumir alguma embaixada, mas havia o temor de que se eu nome pudesse enfrentar resistências durante a sabatina e a votação no Senado necessárias para chancelar a indicação presidencial.

Em entrevista à CNN Brasil, em fevereiro deste ano, Lula defendeu abertamente a ida de Dilma para o comando do banco.

"Se ela for presidente do banco dos Brics, será uma coisa maravilhosa para os Brics, sabe, será uma coisa maravilhosa para o Brasil", disse.

A oposição ao governo, porém, criticou a indicação.

O ex-ministro da Casa Civil de Jair Bolsonaro (PL), senador Ciro Nogueira (PP-PI), questionou, em suas redes sociais, o nome da ex-presidente.

"Você entregaria um banco para a Dilma administrar? Ainda mais se fosse do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul? Às vésperas de embarcar para os EUA, só podem estar declarando guerra aos Brics. Dilma lá quintuplica a meta...", disse em uma postagem no Twitter.

Dilma Rousseff foi ministra nos dois primeiros governos do presidente Lula. Em 2010, com o apoio do petista, ela foi eleita a primeira mulher presidente do Brasil. Em 2014, ela foi reeleita, vencendo o então senador Aécio Neves (PSDB).

Dois anos depois, em 2016, pressionada por uma crise econômica e pelas investigações da Operação Lava Jato, Dilma foi afastada da presidência durante o um processo de impeachment. Ela foi a segunda presidente da República no Brasil afastada por impeachment. O primeiro foi o ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTB).

O anúncio da aprovação do nome de Dilma para presidir o Banco do Brics acontece às vésperas da viagem de Lula à China, prevista para começar neste domingo (26). Lula irá a Pequim e Xangai. No país asiático, ele deverá se encontrar com o presidente chinês, Xi Jinping.

Este texto foi publicado originalmente aqui.

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