Qualquer estagiário de banco na América Latina teria visto o risco do SVB, diz André Esteves

Cenário de juros baixos dos últimos anos fez com que mercado não estivesse preparado para lidar com aumento da volatilidade, afirma banqueiro

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São Paulo

Presidente do conselho de administração do BTG Pactual, André Esteves fez duras críticas à administração do SVB (Silicon Valley Bank), que veio à falência no início do mês após ser duramente atingido pelo processo de alta dos juros promovido pelo Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA).

Segundo reportagem da Bloomberg, o banqueiro afirmou, durante evento do BTG Pactual no Chile que "qualquer analista júnior" ou "estagiário" de um banco da América Latina, mais acostumado com a volatilidade nos mercados, teria sido capaz de identificar o risco do aumento dos juros para o balanço do negócio.

André Esteves, presidente do conselho de administração do BTG Pactual, durante evento em São Paulo - Marcelo Chello - 8.dez.2022/Folhapress

Esteves disse que o ambiente de juros extremamente baixos dos últimos anos nos mercados desenvolvidos fez com que muitas pessoas não estivessem preparadas para lidar com um novo cenário de aumento da volatilidade por conta do processo de aperto monetário conduzido pelos bancos centrais.

"É uma gestão de ativos e passivos muito básica que qualquer analista júnior trabalhando em um banco no Chile, Brasil ou Colômbia ou qualquer outro país que apresente um pouco mais de volatilidade saberia", disse Esteves, de acordo com a publicação.

Ele afirmou ainda que a falência do SVB se deveu a uma "má administração grosseira" e que "qualquer estagiário do BTG ou do Banco do Chile ou de qualquer outro grande banco chileno aprendeu nos primeiros três meses de trabalho que você não deveria fazer isso —mas aparentemente eles não aprenderam."

Voltado para o ecossistema das startups, o SVB se viu em uma posição delicada no ambiente de aumento dos juros nos Estados Unidos nos últimos meses, quando uma série de empresas de tecnologia clientes do banco viu a torneira fechar e correu para fazer saques dos recursos depositados no banco.

Com parte dos depósitos alocados em títulos de longo prazo do governo americano que sofreram desvalorização na esteira da alta do juros pelo Fed, o SVB não conseguiu honrar os compromissos com os clientes. Por conta da grave situação financeira em que se encontrava, o banco teve o controle assumido pelo governo dos Estados Unidos.

Na esteira do caso envolvendo o SVB, outros bancos americanos também apresentaram fragilidades, como o Signature Bank e o First Republic, aumentando a cautela entre os investidores sobre a solidez do sistema bancário na região.

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