Supervisores do BCE não veem contágio na Europa após resgates de bancos nos EUA e na Suíça

Bancos da zona do euro ainda detêm cerca de 4 trilhões de euros em excesso de liquidez

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Reuters

Os supervisores do Banco Central Europeu não veem contágio para os bancos da zona do euro em meio à turbulência recente, disse uma fonte nesta sexta-feira, depois que credores dos Estados Unidos deram ao First Republic Bank um resgate de US$ 30 bilhões (R$ 158,6 bilhões) e obtiveram valores recordes do Federal Reserve.

Grandes bancos norte-americanos resgataram na quinta-feira o banco com sede em San Francisco, que foi pego pela volatilidade do mercado desencadeada pelo colapso de dois outros credores norte-americanos de médio porte.

O pacote de resgate veio menos de um dia depois que o Credit Suisse conseguiu um empréstimo emergencial do banco central suíço de até US$ 54 bilhões (R$ 285,5 bilhões) para reforçar sua liquidez. As ações do segundo maior banco da Suíça caíam nas negociações desta sexta-feira apesar da medida.

Sede do Banco Central Europeu (BCE) em Frankfurt, na Alemanha
Sede do Banco Central Europeu (BCE) em Frankfurt, na Alemanha - Heiko Becker - 16.mar.2023/Reuters

O BCE, que na quinta-feira elevou as taxas de juros, realizou outra reunião do conselho de supervisão nesta semana em um movimento incomum antes de uma reunião agendada para a próxima semana.

Os supervisores do BCE não viram nenhum contágio para os bancos da zona do euro com a turbulência do mercado, disse à Reuters uma fonte familiarizada com o conteúdo da reunião, acrescentando que os supervisores foram informados de que os depósitos permaneceram estáveis nos bancos da zona do euro e a exposição ao Credit Suisse era irrelevante.

Um porta-voz do BCE recusou-se a comentar.

Os bancos da zona do euro ainda detêm cerca de 4 trilhões de euros (US$ 4,24 trilhões; R$ 22,4 trilhões) em excesso de liquidez, que estão dispostos a devolver ao BCE agora que o empréstimo junto ao banco central se tornou mais caro.

As ações do setor bancário global têm sofrido desde que o Silicon Valley Bank entrou em colapso na semana passada devido a perdas relacionadas a títulos que aumentaram quando a taxa de juros subiu no ano passado, levantando questões sobre o que mais poderia acontecer.

Embora os dois acordos e as ações de autoridades tenham ajudado a restaurar um pouco da calma nos mercados globais, analistas e investidores ainda estão preocupados que o potencial para uma crise bancária total está longe de terminar.

A escala do estresse foi ressaltada por dados divulgados na quinta-feira, mostrando que os bancos nos EUA buscaram quantidades recordes de liquidez de emergência do Fed nos últimos dias, aumentando o tamanho do saldo do banco central após meses de contração.

O acordo do First Republic foi elaborado por negociadores poderosos, incluindo a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen; o chair do Fed, Jerome Powell; e o CEO do JP Morgan, Jamie Dimon, disse uma fonte familiarizada com a situação.

"Eles vão deixar o dinheiro no First Republic para mantê-lo vivo por interesse próprio... para impedir a corrida aos bancos. Então eles vão retirá-lo gradualmente e o banco terá uma morte lenta", disse Mathan Somasundaram, fundador da Deep Data Analytics em Sydney, nesta sexta-feira.

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