Descrição de chapéu mercado de trabalho

Taxa de desemprego volta a crescer e fica em 8,6% em fevereiro

IBGE diz que movimento é sazonal, mas mercado espera indicador siga em alta durante o ano

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Rio de Janeiro

Depois de seis trimestres de queda, a taxa de desemprego voltou a crescer no país, fechando o trimestre encerrado em fevereiro em 8,6%. Ao todo, são 483 mil desempregados a mais do que no trimestre encerrado em novembro de 2022.

Embora o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica) avalie que ainda não é possível identificar os efeitos da desaceleração econômica no indicador, o mercado espera que o desemprego continue em alta nos próximos trimestres, com a piora da conjuntura.

Apesar do aumento na comparação trimestral, a taxa de fevereiro é a mais baixa para o período desde 2015. Em relação ao mesmo período de 2022, quando a taxa estava em 11,2%, houve queda de 2,8 milhões de pessoas no contingente de desempregados.

Carteira de trabalho e previdência social. - Gabriel Cabral/Folhapress

A coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy, destacou que o crescimento do desemprego é normal no início do ano, com o fim de contratos temporários no fim do ano. Em 2022, houve crescimento, mas considerado um ponto fora da curva.

"Todos os trimestres móveis encerrados em fevereiro são marcados pela expansão da desocupação, com exceção de 2022", diz ela. "Voltar a ter crescimento da desocupação nesse período pode sinalizar o retorno à sazonalidade característica do mercado de trabalho."

Segundo o IBGE, o Brasil teve 9,2 milhões de desocupados no trimestre encerrado em fevereiro. O número representa um crescimento de 5,5%, ou 483 mil pessoas, em relação ao trimestre anterior. O número de ocupados caiu em 1,6 milhão de pessoas, para 98,1 milhões.

Entre as categorias que mais perderam postos de trabalho, estão o empregado sem carteira no setor público (-14,6%), o empregado sem carteira assinada no setor privado (-2,6%) e o trabalhador por conta própria com CNPJ (-4,8%).

Beringuy diz que a perda de postos de trabalho na administração pública também é natural nesta época do ano, com o fim de contratos temporários para a contratação de profissionais de saúde e educação por prefeituras.

"É possível observar, ao longo da série histórica, que no início de cada ano, há dispensa especialmente dos trabalhadores sem carteira contratados pela administração pública de forma temporária." Foram 471 mil postos fechados nesta categoria durante o trimestre.

O número de empregados com carteira assinada no setor privado ficou estável após seis trimestres consecutivos de crescimento significativo. Restrito às movimentações do mês de fevereiro, o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) viu a criação de 241 mil vagas formais.

"Estamos saindo de um período muito turbinado em termos de mercado de trabalho, que foi o ano de 2022", ressalta Beringuy, que evitou comentar potenciais efeitos da queda da atividade no indicador, dizendo apenas que "o mercado de trabalho não está imune à conjuntura".

O resultado veio melhor do que a projeção do mercado, que esperava 8,7%, lembra a economista Claudia Moreno, do C6 Bank. Ainda assim, a expectativa é que o indicador permaneça em alta pelos próximos trimestres.

"Daqui para a frente, devemos ver uma trajetória de lenta elevação da taxa de desemprego", afirma ela. A expectativa do C6 é que a taxa de desemprego feche o ano próxima a 9%. Para 2024, a projeção é que evolua para 9,5%.

O banco Goldman Sachs também fala em "leve alta" nos próximos trimestres, diante da expectativa de crescimento abaixo do esperado. O analista Alberto Ramos lembra que ainda há um grande número de pessoas fora da força de trabalho, que pode pressionar mais a taxa se voltar a procurar emprego.

São hoje 66,8 milhões de pessoa nessa situação, segundo o IBGE, número 2,3% superior ao registrado no trimestre encerrado em novembro. A alta também é natural nesta época do ano, diz Beringuy, já que muitos deixam de procurar emprego no período de férias de início de ano.

O rendimento médio real do trabalhador foi estimado em R$ 2.853, estável frente ao trimestre encerrado em novembro. Houve aumento apenas nos setores de Alojamento e alimentação (6%) e Serviços domésticos (2,6%).

Com relação ao mesmo período do ano anterior, houve alta de 7,5%, patamar semelhante ao verificado no trimestre encerrado em novembro, e que pode ser atribuído a perda de postos de trabalho informais, que normalmente pagam menos.

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