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Bolsa fecha em baixa após ministro falar em mudança na política de preços da Petrobras; dólar fica abaixo de R$ 5,05

Alexandre Silveira, de Minas e Energia, disse que as novas diretrizes serão baseadas no mercado interno

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São Paulo

A Bolsa fechou em baixa nesta quarta-feira (5), com os investidores reagindo principalmente ao anúncio de mudança na política de preços da Petrobras. Segundo analistas, o mercado sempre fica muito sensível a qualquer sinal de interferência política em estatais, especialmente na petroleira.

O dólar também recuou, assim como os juros, influenciados principalmente por dados da economia americana. Os números mostram uma desaceleração maior que a esperada pelos economistas.

Dólar fecha abaixo de R$ 5,05 pela segunda vez em 2023 - Dado Ruvic - 6.mar.2023/Reuters

O Ibovespa fechou o dia em baixa de 0,88%, a 100.827 pontos. Na mínima do dia, o índice chegou a ficar abaixo dos 100 mil pontos. O dólar comercial à vista caiu 0,66%, a R$ 5,049. É a segunda vez no ano que o dólar fecha abaixo dos R$ 5,05. A primeira vez foi no dia 2 de fevereiro.

Os juros futuros caíram, com mais intensidade nos vencimentos mais longos. Para janeiro de 2024, as taxas passaram de 13,23% do fechamento desta terça-feira (4) para 13,22%. Nos contratos para janeiro de 2025, os juros recuaram de 11,99% para 11,96%. No vencimento em janeiro de 2027, a taxa caiu de 11,99% para 11,93%.

Declarações do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, sobre mudança na política de preços dos combustíveis nesta quarta-feira (5) irritaram a cúpula da Petrobras, que se vê sob ataque do ministério desde o início da gestão.

Silveira anunciou em entrevista à Globonews que a estatal alterará sua política comercial após a eleição do novo conselho e chegou a cunhar um nome para o novo modelo, PCI (preço de competitividade interna), que, segundo ele, reduziria o preço do diesel em até R$ 0,25 por litro.

Disse ainda que a Petrobras tem que cumprir sua função social e funcionar como um colchão para amortecer variações abruptas nas cotações internacionais do petróleo, como a motivada pelo corte de produção anunciado por países exportadores no domingo (2).

Executivos ouvidos pela Folha dizem desconhecer a proposta do ministro e reclamam de ingerência do governo na companhia, por descumprir os procedimentos internos de aprovação e divulgação de decisões estratégicas.

No início da tarde, a Petrobras confirmou em nota que "não recebeu nenhuma proposta do Ministério das Minas e Energia" e que eventuais propostas de política de preços "serão comunicadas oportunamente ao mercado, e conduzidas pelos mecanismos habituais de governança interna da companhia".

Para Fernando Bento, CEO e sócio da FMB Investimentos, o anúncio representa uma "interferência política" do governo na Petrobras. "Isso acaba penalizando bastante as ações da empresa", afirma Bento.

A reação da companhia às declarações do ministro ajudaram as ações a reverter a tendência de queda apresentada desde o início do dia, e aliviaram a pressão sobre o Ibovespa. Os papéis ordinários e preferenciais da Petrobras subiram 0,14% e 0,32%, respectivamente.

Mas a Bolsa local sofre também com o aumento das preocupações com uma recessão da economia dos Estados Unidos, segundo Bento.

Os impactos são sentidos especialmente por empresas exportadoras. A ação ordinária da Vale recuou quase 1,5%, e a ordinária da Suzano caiu mais de 3%.

Um dado americano que chamou a atenção do mercado nesta quarta-feira foi o levantamento PMI do setor de serviços. Ele é medido em pontos, e quando fica acima de 50, indica expansão. Abaixo deste patamar, aponta retração.

O PMI de serviços em março nos Estados Unidos ficou em 51,2 pontos, ante 55,10 em fevereiro. A média das projeções de economistas ouvidos pela Bloomberg era de 54,4 pontos.

O mercado de trabalho também registrou forte desaceleração em março. O relatório ADP, que mostra como está a criação de vagas no setor privado americano, registrou a abertura de 145 mil postos de trabalho em março, ante 261 mil em fevereiro.

André Fernandes, diretor de Renda Variável e sócio da A7 Capital, observa que os indicadores mais fracos da economia americana tem feito o dólar perder força globalmente. "Ao olharmos o DXY (índice que compara o dólar com uma cesta de moedas de países desenvolvidos), ele caiu mais de 2% em março", afirma Fernandes.

Os indicadores divulgados nesta quarta-feira levam a uma chance maior, segundo economistas, de que o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) faça uma pausa no ciclo de alta dos juros.

Mas Loretta Master, presidente do Fed de Cleveland, reforçou que os juros devem subir mais e ficar em patamares elevados por mais tempo, para levar a inflação à meta de 2% ao ano. Para analistas, os dados de inflação que serão anunciados na próxima semana terão peso importante na próxima reunião para decisão sobre juros, em maio.

Em Nova York, os receios de que o país esteja perto de uma recessão pesaram mais que a perspectiva de pausa na alta dos juros. O índice Dow Jones fechou em alta de 0,24%. Mas os índices S&P 500 e Nasdaq recuaram 0,25% e 1,07%, respectivamente.

Com Reuters

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