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Bolsa fecha em baixa com investidores à espera de novidades sobre arcabouço fiscal; dólar sobe

Nos próximos dias, inflação na Europa e documento do Fed nos EUA devem atrair atenção do mercado

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São Paulo

A Bolsa fechou em baixa, enquanto o dólar subiu ante o real nesta segunda-feira (17). Em um dia sem muitos indicadores relevantes aqui e nos Estados Unidos, os investidores ficam em compasso de espera por novidades sobre o novo arcabouço fiscal, ou sinalizações sobre os juros.

O Ibovespa fechou em baixa de 0,25%, a 106.015 pontos. O dólar comercial à vista encerrou o dia com alta de 0,40%, a R$ 4,936.

Nos mercados futuros, os juros ficaram próximos da estabilidade. Os contratos com vencimento em janeiro de 2024 passaram de 13,19% do fechamento da última sexta-feira (14) para 13,21%. Para janeiro de 2025, a taxa subiu de 11,88% para 11,89%. No vencimento em janeiro de 2027, os juros caíram de 11,74% para 11,73%.

Com a perspectiva de recessão nos Estados Unidos, e pausa no ciclo de alta dos juros no país, o dólar caiu quase 3% na última semana - Gary Cameron - 12.abr.2023/Reuters

Esta semana é mais curta no Brasil, com o feriado de Tiradentes na próxima sexta-feira (21). Até lá, alguns eventos e indicadores importantes vão ficar na mira dos investidores.

Destaque para o índice de inflação ao consumidor na Zona do Euro e o Livro Bege, documento do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) que trata do ambiente econômico dos Estados Unidos e pode dar sinais sobre os juros. Ambos saem na próxima quarta-feira (19). Ainda na noite desta segunda-feira, será divulgado o PIB (Produto Interno Bruto) da China no primeiro trimestre de 2023.

Nesta segunda-feira, analistas consultados pelo Banco Central passaram a ver um afrouxamento maior da política monetária neste ano, ao mesmo tempo que elevaram a perspectiva para a inflação em 2023 acima de 6%.

A pesquisa Focus divulgada pelo BC aponta que a expectativa agora é de que a taxa básica de juros Selic termine este ano a 12,50%, de 12,75% antes.

Outro dado importante divulgado pelo BC nesta segunda-feira foi o de atividade econômica em janeiro. O IBC-Br teve em janeiro recuo de 0,04% na comparação com o mês anterior, segundo dado dessazonalizado do indicador.

A equipe de analistas do banco Modal destaca a queda de 3,1% no setor de serviços, já esperada pela sazonalidade, e o aumento de 3,8% nas vendas do varejo.

"O resultado foi pior do que a expectativa do mercado. A produção industrial segue sendo negativamente afetada por taxas de juros elevadas e piores condições no mercado de crédito", diz o Modal. Para os analistas, a alta no varejo foi "possivelmente impactada" por fatores sazonais.

Os investidores aguardam o envio da proposta de novo arcabouço fiscal ao Congresso. Na última sexta-feira (14), foi enviado o PLDO (Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias) para 2024, que condiciona alguns gastos à aprovação das novas regras.

O PLDO prevê a possibilidade de expandir os gastos em R$ 172 bilhões acima do permitido pelas regras de hoje. O valor poderá ser usado se aprovada a nova lei para as contas públicas sendo proposta pelo governo, que tem como objetivo implementar um regime para despesas mais flexível que a atual regra do teto.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta segunda-feira acreditar que o envio do arcabouço fiscal ao Congresso acontecerá na terça-feira, mas ponderou que "pode ficar para depois", acrescentando que o envio depende da Casa Civil e dos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado.

Fabrício Gonçalvez, presidente da Box Asset Management, afirma que o mercado estava esperando que a proposta fiscal seria entregue ao Congresso nesta segunda-feira. "Como isso não aconteceu, isso criou um certo mal-estar nos investidores", afirma.

"Hoje tivemos uma realização de lucros, incentivada pela alta na curva de juros futuros, com as incertezas sobre o comportamento da inflação e atividade econômica", afirma Camila Abdelmalack, economista chefe da Veedha Investimentos.

O destaque de queda dentro do índice ficou com a ação ordinária da 3R Petroleum, que fechou em baixa de 15,69%. A empresa anunciou, na noite deste domingo (16), um aumento de capital entre R$ 600 milhões e R$ 900 milhões, com emissão de novas ações.

O analista Ricardo Schweitzer afirma que todos os analistas que acompanham a empresa foram pegos de surpresa pelo anúncio. Outro ponto destacado é o desconto oferecido para quem se habilitar a comprar as ações, de 20%.

Para Schweitzer, não foi dada uma justificativa técnica pela 3R para o desconto. "Isso significa que a oferta é inoportuna, e que o trabalho para construir uma base de confiança junto aos investidores deixa a desejar."

Nos Estados Unidos, os índices de ações em Nova York oscilaram bastante durante o dia, e fecharam com leves altas. O dólar também registrou valorização ante outras moedas fortes globais, com o índice DXY subindo 0,53% às 17h20 (horário de Brasília).

Os investidores estão na expectativa pelos resultados de bancos e grandes empresas no primeiro trimestre de 2023, para tentar ter sinais mais claros de como o Fed vai conduzir a política de juros a partir da reunião marcada para maio.

O índice Dow Jones fechou em alta de 0,30%, enquanto o S&P 500 subiu 0,33%. O Nasdaq encerrou o dia com avanço de 0,28%.

Ainda no exterior, as ações da Airbus subiram 1,47%, e da Air France avançaram 2,07% na Bolsa de Paris. Isso depois que o tribunal de apelação de Paris absolveu, após 14 anos, o fabricante de aviões e a empresa aérea de homicídio culposo, sem intenção de matar, pela queda do voo 447 no mar, em 2009.

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