Escândalo da TAP se aprofunda após governo de Portugal demitir CEO

Polêmica pode atrapalhar preparativos de Lisboa para privatizar companhia aérea

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Sergio Gonçalves
Lisboa | Reuters

O governo de Portugal demitiu a CEO da TAP no mês passado sem uma avaliação jurídica da mudança, reconheceu o ministro das Finanças do país, Fernando Medina, aprofundando um escândalo em torno da companhia aérea estatal.

Suas declarações no Parlamento na noite de quinta-feira (20) contradizem as afirmações de dois colegas ministros no dia anterior, de que o governo havia obtido uma opinião legal apoiando a decisão. Isso aumenta as chances de o Estado perder uma possível ação judicial dos executivos demitidos no valor de milhões de euros.

A crescente polêmica em torno da TAP, que já levou a renúncias no governo, pode atrapalhar os preparativos de Lisboa para privatizar a companhia aérea, com rivais estrangeiros maiores como a Lufthansa e a proprietária da British Airways IAG preparando o terreno para possíveis ofertas.

Avião da TAP Air Portugal Airbus A330-200 pousa no aeroporto de Lisboa - Rafael Marchante - 27.set.2018/Reuters

A CEO Christine Ourmières-Widener e o presidente Manuel Beja foram demitidos por justa causa em 6 de março, depois que uma auditoria descobriu que o pagamento de uma indenização de 500 mil euros (R$ 2,7 milhões) à ex-conselheira Alexandra Reis tinha sido ilegal.

Depois que Ourmières-Widener classificou sua demissão como "ilegal", os principais social-democratas da oposição alertaram que, a menos que a decisão tivesse respaldo legal adequado, o Estado poderia perder uma eventual disputa judicial.

A ministra dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, e a ministra do Gabinete, Mariana Viera da Silva, disseram na quarta-feira (19) que o governo obteve um parecer jurídico que apoia a decisão, mas recusaram-se a enviá-lo ao Parlamento para "salvaguardar o interesse público".

Mas na noite de quinta-feira Medina disse que as razões por trás das demissões eram "muito claras" devido à natureza ilegal do pagamento de indenização, conforme estabelecido pela inspeção oficial de finanças, e não tinha parecer legal anexado.

O líder do partido de extrema-direita Chega, André Ventura, disse que "o governo reconheceu que mentiu" e exortou o primeiro-ministro Antonio Costa a ponderar se Medina estava apto para o cargo.

Num tuíte, o líder do partido Iniciativa Liberal, Rui Rocha, chamou a situação de "festival de incoerência e total desrespeito pelo Parlamento".

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