Lítio da América Latina na mira de potências, energia solar por assinatura e o que importa no mercado

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Corrida pelo lítio na AL

Donos das duas maiores economias do planeta, EUA e China travam uma disputa pelo lítio na América Latina.

O interesse na região é principalmente sobre as reservas de três países, Bolívia, Argentina e Chile, que concentram boa parte do estoque mundial do mineral –ao lado de China, Austrália e Canadá.

Entenda: o lítio é uma matéria-prima muito importante no contexto da transição energética global. Ele está presente nas baterias de íon-lítio, utilizadas em carros elétricos, e é essencial para expandir a capacidade de armazenamento de energia em outros sistemas.

  • A demanda pelo mineral deve aumentar cerca de 400% até 2040, segundo a AIE (Agência Internacional de Energia).

Por que importa: a disputa pelos minerais essenciais para uma energia mais limpa (nessa lista também estão o níquel e o cobre) é a nova fronteira do duelo geopolítico entre as duas potências globais.

  • A China, que já possui uma reserva relevante de lítio e produz cerca de três quartos das baterias de íon-lítio no mundo, tem feito parcerias com os países da América Latina para a produção local de suprimentos.
  • Os EUA, ao verem o avanço da rival na região, tentam correr atrás do prejuízo priorizando um plano para formar uma cadeia de abastecimento mineral para suas companhias.

E o Brasil? Apesar de não possuir uma reserva significativa de lítio como seus vizinhos, o país abriga a produção da canadense Sigma Lithium em uma mina de Minas Gerais.

  • Na segunda passada (10), ela informou ao mercado que conseguiu junto ao órgão ambiental estadual a licença para iniciar suas operações.
  • A Sigma deve começar ainda neste mês a produzir o metal, que será exportado na sequência.
Funcionários trabalham em mina de lítio na Argentina - Aizar Raldes/AFP

Compras devem ficar mais caras, mas quanto?

Em quanto as compras feitas por brasileiros em sites internacionais podem aumentar de preço após a cobrança de impostos de importações online?

Entenda: hoje, a alíquota do imposto de importação simplificada é de 60%. Essa é a cobrança que incide sobre o valor total da compra, ou seja, inclui o preço do item e os custos do frete e do seguro (se houver).

  • Em um exemplo desse caso, um produto cujo valor é de R$ 226,66 e o frete custa R$ 19,43, a Receita passará a cobrar imposto sobre o valor total, de R$ 246,06.
  • O tributo ficará em R$ 147,65 (60% dos R$ 246,06), elevando o valor total da compra a R$ 393,71.

Existe ainda a possibilidade da cobrança do ICMS, um imposto que varia de acordo com cada estado. Se a medida do governo acabar com o regime simplificado de tributação (RTS), é possível que esse tributo também incida sobre o valor total da compra mais o imposto de importação.

O que mais vai mudar: ao acabar com a isenção para encomendas entre pessoas físicas no valor de até US$ 50 –que os sites usam para burlar o imposto, conforme o governo–, a ideia é que as empresas recolham o tributo antecipadamente.

  • Hoje, quando uma encomenda é retida para o cálculo de imposto de importação, esse documento é emitido em nome do consumidor.

Como é lá fora? O modelo atual brasileiro é similar ao de 85 outros países. Na América Latina, a Argentina é um das exceções que não tem isenção de taxa, mesmo para importações de pequeno valor.



O que dizem os sites

  • A Shopee afirma que apoia medidas do governo para melhorar a economia, mas considera injusta sua inclusão entre os que seriam afetados pela mudança, mencionando que 85% das vendas na plataforma são feitas por vendedores no Brasil.
  • O AliExpress diz que acredita no comércio internacional e na possibilidade de dar acesso a milhões de brasileiros, de diversos níveis de renda, diretamente a fabricantes do mundo todo.
  • A Shein afirma que está comprometida em gerar valor para a indústria, consumidores e economia do Brasil e que regras de importação simplificadas são adotadas por muitos países para facilitar o comércio internacional e propulsionar o crescimento local.

Energia solar por assinatura

Os modelos de energia solar por assinatura, que podem gerar um desconto de até 20% na fatura do consumidor, têm crescido rapidamente desde 2015, quando passaram a ser liberados no país por meio da modalidade de geração compartilhada.

Entenda: o serviço é oferecido por empresas que possuem fazendas solares. Quem faz a assinatura está comprando uma fração da energia produzida por essas companhias e recebendo créditos que podem ser abatidos na conta de luz todos os meses.

  • O consumidor faz a adesão por um valor —que pode ser fixo ou não— e tem liberdade para cancelar quando quiser. A modalidade varia: há a compra de uma quantidade de créditos a abater ou o desconto direto na conta de luz.
  • A alternativa, porém, está disponível apenas para moradores de regiões em que a fazenda solar esteja conectada à concessionária de energia. É por isso que na capital paulista, por exemplo, não é possível fazer a assinatura.

Quem está na jogada: há modelos para pessoas físicas e jurídicas, e os prestadores de serviço incluem as próprias distribuidoras de energia –caso da Cemig–, startups –Sun Mobi– e até operadores de telecomunicação, como Claro, Vivo, TIM e Oi.

  • As empresas de telecom apostam em seus diferenciais para crescer no setor e fidelizar o cliente. É citada a possibilidade de ofertar bônus e descontos em outros serviços, como dados de internet e telefonia, além de ter uma marca forte para trazer credibilidade ao serviço.

O interesse pelo setor vem enquanto a energia solar se torna a segunda fonte maior fonte da matriz brasileira, em meio à corrida por subsídios que durou até o começo deste ano.


Startup da Semana: Z1

O quadro traz às segundas o raio-x de uma startup que anunciou uma captação recentemente.

A startup: fundada em 2019, ela funciona como um banco digital para adolescentes, com conta digital e cartão pré-pago.

Em números: a Z1 anunciou na última semana ter captado R$ 54 milhões. A fintech já havia levantado R$ 69 milhões em 2021 em rodadas seed e série A (entenda aqui as etapas de investimento em startups).

Quem investiu: o aporte foi liderado pelos fundos Homebrew, Parade Ventures e Kindred Ventures e também teve participação de The Fund, Squareone, Newtopia, Costanoa, Clocktower, Maya e Y Combinator.

Que problema resolve: ao contrário de outros bancos digitais, que vinculam as contas dos adolescentes às dos pais, a Z1 atua direto com os jovens abaixo de 18 anos, que podem usar o app após a autorização de responsáveis.

  • Com a conta digital, o usuário recebe depósitos e pode usar o dinheiro para fazer compras onlines, transferências via Pix, comprar gift cards (cartões presentes) de apps como iFood, Uber etc.
  • A startup afirma que o usuário só pode gastar o saldo disponível na conta, sem a possibilidade de assumir dívidas ao parcelar compras ou contratar empréstimos.

Por que é destaque: além de ter sido uma das maiores captações anunciadas por startups brasileiras na última semana, esse aporte marca a entrada da Z1 em um novo segmento, ampliando seu público-alvo para as pessoas maiores de idade.

  • O foco nos adolescentes desbancarizados agora também passa para os recém-adultos, com a oferta de cartão de crédito.

Os números do mês até aqui

Foram 16 captações anunciadas por startups da América Latina, com US$ 54 milhões (R$ 267 milhões) em investimentos.

Os dados foram fornecidos pela plataforma Sling Hub.

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