Outlets se espalham e recebem investimentos milionários em SP

Ribeirão Preto terá centro de compras com grandes marcas impulsionado pelo fluxo de veículos na Anhanguera

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Ribeirão Preto

Fenômeno relativamente recente no país, os outlets estão se expandindo com novas unidades anunciadas no interior de São Paulo e a ampliação de um centro de compras já consolidado.

Um grupo empresarial anunciou em Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo) um investimento de R$ 300 milhões na construção de um outlet, o primeiro da região. Também pioneiro, no noroeste paulista, será o outlet Garden, na estância turística de Olímpia. Já o Catarina Fashion Outlet, em São Roque, vai inaugurar em julho sua terceira expansão, que fará com que o empreendimento dobre o total de lojas.

Catarina Fashion Outlet, em São Roque (SP), que chegará a 290 lojas com sua terceira expansão; 150 novas lojas serão entregues em julho
Catarina Fashion Outlet, em São Roque (SP), que chegará a 290 lojas com sua terceira expansão; 150 novas lojas serão entregues em julho - Divulgação

Essa movimentação recente de negócios do gênero teve início em junho de 2009, quando foi inaugurado em Itupeva o Outlet Premium São Paulo.

Desde então, surgiram centros de compras como o Catarina, em 2014, e novas operações da rede Outlet Premium –São Paulo, Rio, Salvador, Brasília e Fortaleza–, entre outros.

Eles foram inaugurados com grandes marcas, num movimento diferente do registrado na década de 1990, quando negócios do tipo chegaram a abrir em São Paulo, mas não vingaram por terem marcas desconhecidas e, também, por não apresentarem localização adequada, segundo o setor.

O Catarina está em sua terceira expansão, que será entregue em julho e deixará o centro de compras com 290 lojas, o maior do país. A área passará de 29 mil metros quadrados para 51 mil e já há uma quarta expansão prevista, para que atinja 70 mil metros em dois anos.

É o segundo centro de compras em relevância dentro do portfólio do JHSF Malls, que tem seis unidades em operação e outras três em construção, e reúne três milhões de clientes por ano, 40% deles do interior e o restante, da capital.

"Pensamos em fazer algo muito mais inspirado no que tem na Europa do que nos Estados Unidos, ou seja, tentar levar a nossa experiência, do [shopping] Cidade Jardim, do cliente com as marcas diferentes para um ambiente de outlet. Por conta do espaço que isso começou a ter. Em nenhum momento foi nossa ideia fazer um outlet comum", diz Walter Borghi, diretor-executivo da JHSF Malls e que está à frente da expansão do Catarina.

Segundo ele, a política de comercialização adotada com os lojistas faz com que o tíquete médio seja quatro vezes superior ao dos shoppings de São Paulo, com conversão acima de 90% –9 em cada 10 que vão compram algo.

"Dobramos as vendas de 2018 para cá nas mesmas lojas. Tem todo um movimento. Claro, com a pandemia as pessoas passaram a se preocupar mais com a saúde, então teve um boom nas lojas de esporte. Ao mesmo tempo, houve um boom também nas lojas internacionais, por conta da maior dificuldade de viajar durante a pandemia. E mesmo depois ficou mais difícil viajar por conta dos preços, dólar, euro, enfim."

Já o grupo Pereira Alvim anunciou na quarta-feira (11) o lançamento do Santa Maria Outlet, centro de compras às margens da rodovia Anhanguera, entre Ribeirão Preto e Cravinhos.

É o primeiro negócio do tipo na região metropolitana de Ribeirão, formada por 34 municípios, e deverá ser inaugurado até o final de 2024.

Entre os fatores que motivaram a criação do outlet estão os 90 mil veículos que trafegam diariamente na rodovia em frente ao local, a população regional, de 4 milhões de habitantes, e também a vocação econômica de Ribeirão, baseada nos setores de comércio e serviços.

"Sempre enxerguei um empreendimento comercial lá e sempre gostei de outlet. Sempre viajando, vendo lá fora que dá certo esse tipo de coisa. Aqui começou meio devagar e hoje a coisa bombou. Então vimos que seria uma oportunidade", diz o empresário José Roberto Pereira Alvim.

A previsão inicial era lançar o negócio antes da pandemia de Covid-19, mas o impacto causado pelo vírus na economia fez com que o projeto fosse adiado. As obras estão em andamento.

Pereira Alvim afirmou que o custo operacional de uma loja num shopping center chega a ser três vezes superior ao mesmo espaço num outlet e que isso potencializa os negócios do empreendimento.

"Um lojista consegue ir para um outlet e consegue vender mais barato", afirma. "Uma que já existe a conotação de o outlet vender ponta de estoque, 70% mais barato", acrescenta.

O Santa Maria terá 37 mil metros quadrados de área construída, cerca de cem lojas e 1.800 vagas de estacionamento. Entre as marcas anunciadas estão Nike, Adidas, Calvin Klein, Diesel e The North Face. Pereira Alvim disse que 50% dos espaços já estão negociados.

O projeto do Garden Outlet, em Olímpia, foi anunciado em 2017 e deverá ser aberto ao público também no próximo ano. Ele terá mais de cem lojas, além de praça de alimentação e estacionamento para 1.200 veículos. Quando lançado, o investimento total foi estimado em R$ 120 milhões.

O motivo de uma cidade de menos de 60 mil habitantes abrigar um empreendimento desse porte são os 3,5 milhões de turistas que visitaram Olímpia no ano passado em busca das águas termais dos parques aquáticos Thermas dos Laranjais e Hot Beach.

A projeção é que, em 2026, o total de turistas chegue a 6 milhões. Como os parques abrem apenas no período diurno, atrações que aproveitem a permanência média dos turistas na cidade surgiram nos últimos anos, como o parque Vale dos Dinossauros e o Museu de Cera.

Um levantamento da Prefeitura de Olímpia mostrou que a permanência média do turista na cidade –especialmente paulistanos– aumentou de 2 dias para os atuais 3,5 dias, o que é mais um indicativo da necessidade de criar atrações para os visitantes.

O movimento de novos outlets tem ocorrido também em outros estados. Dados da Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Center) mostram que foram inaugurados cinco centros de compras do gênero em três estados (São Paulo, com três, Pernambuco e Paraná, um cada) nos últimos quatro anos.

"O setor de outlet vem crescendo ano a ano e se destaca por oferecer preços reduzidos o ano todo. Além disso, a chegada do empreendimento promove uma valorização imobiliária de 80% e um crescimento de 67% nos empregos", disse o presidente da associação, Glauco Humai.

De acordo com a Abrasce, a diferença de um shopping center convencional e um outlet é que, no primeiro, a visitação é de passagem, enquanto o outlet é um destino, em que 80% dos visitantes vão com a intenção de comprar.

"Tem muito espaço, mas não tem tanto espaço assim. Tem de tomar um certo cuidado, porque outlet é diferente. Shopping, se tem demanda, tem famílias em volta, você abre e normalmente dá certo. Outlet depende de outras coisas, como marcas que você vai trazer, qual é o desconto que vai dar e quanto você vai conseguir garantir que as pessoas acham que vale a pena ir até ele", disse Borghi, do Catarina.

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