Descrição de chapéu indústria greve

Scania vai operar três dias por semana e dará férias coletivas em São Bernardo

Montadora tem acordo com sindicato para preservar salários, mas vai cortar contratos de trabalho temporários

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

A Scania informou seus trabalhadores da fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, que fará paradas programadas de dois dias por semana, a partir do próximo dia 28. A empresa também anunciou férias coletivas de dez dias para os funcionários da montadora, a partir de 10 de julho.

De acordo com a montadora sueca, a medida é tomada devido à desaceleração do mercado de caminhões no Brasil e em outros países da América Latina atendidos pela fábrica da Grande São Paulo. A operação comercial e a rede de concessionárias da Scania seguem em funcionamento normal.

Imagens da fábrica da Scania, na área da montagem de motores veículares, marítimos e geradores de energia. Funcionária maneja tubo, equipada com equipamentos de proteção individual (EPIs)
Imagens da fábrica da Scania, na área da montagem de motores veículares, marítimos e geradores de energia. - Bruno Santos/Folhapress

As paralisações para adequar o volume de produção estão asseguradas pelo acordo de flexibilidade de jornada, negociado pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC com a direção da montadora em 2013. O salário dos funcionários fica preservado.

A empresa, segundo comunicado, não renovará parte dos contratos de trabalho temporários.

"Os trabalhadores sabem a importância deste acordo que assegura empregos e renda. Temos sentido reflexos da ausência de políticas específicas para o setor nos últimos anos", afirmou o vice-presidente do sindicato, Carlos Caramelo. Para ele, é preciso cobrar uma política industrial dos governos federal, estaduais e municipais.

A Scania conta com cerca de 4,5 mil trabalhadores em São Bernardo, em torno de 3.000 operam na operação industrial.

Em fala na assembleia de funcionários, Caramelo afirmou que a falta de peças agravou o mau momento da produção, já afetada pela antecipação de vendas em 2022 para atender a normas europeias sobre motores a diesel, o Euro 6. Outros problemas, segundo o dirigente, são a falta de financiamento, a queda no consumo e as altas taxas de juros no país.

Em crítica ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, o dirigente disse que a taxa de juros no nível atual de 13,75% ao ano encarece os financiamentos, dificulta o acesso a crédito e trava os investimentos no país.

Neste ano, montadoras de automóveis das marcas GM, Hyundai, Fiat e Jeep anunciaram redução de produção e férias coletivas, em meio a problemas de fornecimento de componentes.

O desabastecimento tem origem na crise global da cadeia de suprimentos, agravada pela pandemia a partir de 2020. A escassez de peças levou a dezenas de pausas nas montadoras nos últimos dois anos, seja por meio de férias coletivas, lay-offs (tipo de suspensão temporária do contrato de trabalho) ou licenças remuneradas.

No início de março, a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) avaliou que a limitação do crédito também poderia segurar crescimento em 2023, ao lado da oferta de suprimentos.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.