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Bolsa tem queda pelo 3° pregão seguido, mas fecha com alta em maio; dólar segue subindo

Ibovespa segue abaixo dos 110 mil pontos, e moeda americana tem valorização de 1,70%

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São Paulo

A Bolsa brasileira fechou em queda nesta quarta-feira (31) pelo terceiro pregão consecutivo, mas terminou o mês de maio com ganhos após a aprovação do arcabouço fiscal na Câmara e dados de inflação melhores que o esperado.

Já o dólar teve alta no dia, com expectativas sobre o teto da dívida americana e decisões sobre juros nos EUA e no Brasil, e também acumula valorização no mês.

Nesta quarta, o Ibovespa fechou em queda de 0,57%, a 108.335,07 pontos. No acumulado de maio, porém, o índice registra alta de 3,74%, marcando o segundo mês consecutivo de ganhos.

O dólar subiu 0,63% no dia, fechando a R$ 5,074, com valorização de 1,70% em maio.

Notas de dólar e de real Envio de recursos para o exterior parece medida incoerente de proteção - Ricardo Moraes/Reuters

A Bolsa brasileira foi favorecida neste mês pela aprovação do novo arcabouço fiscal na Câmara dos Deputados. O texto final foi bem visto pelo mercado, que o considerou mais restritivo que o original ao prever gatilhos para a contenção de despesas em caso de descumprimento das metas fiscais.

Com as novas regras, a expectativa é que o Brasil torne-se mais atrativo para recursos de investidores. Isso porque, com um plano para contenção da dívida pública, a tendência é que credores cobrem juros menores para emprestar dinheiro, impulsionando financiamentos e, consequentemente, o crescimento econômico.

Dados de inflação positivos no país em maio também impulsionaram a Bolsa. O IPCA-15 do mês desacelerou a 0,51%, menor índice para o mês desde 2021, o que surpreendeu positivamente o mercado.

A melhora no comportamento da inflação aumentou as expectativas de uma queda antecipada da taxa básica de juros (Selic), atualmente em 13,75% ao ano. Diante de uma taxa de juros menor, a Bolsa fica mais atrativa para investidores.

No dia 26, após a divulgação dos dados de inflação, o Ibovespa chegou à máxima 111.705,53 pontos, mas não sustentou os ganhos e fechou o mês abaixo dos 110 mil pontos.

A performance positiva do Ibovespa em maio ocorreu mesmo com dados da B3 mostrando saldo negativo de capital externo na Bolsa no mês, com as vendas por estrangeiros no mercado secundário de ações do Brasil superando as compras em R$ 2,18 bilhões em maio até o dia 29.

Na visão de alguns profissionais do mercado, um retorno dos estrangeiros para a Bolsa depende de uma maior visibilidade sobre a queda dos juros no país. Por ora, prevalece a expectativa de uma redução da Selic em setembro, mas já existem apostas de corte em agosto. A taxa está em 13,75% ao ano.

Nesta semana, a queda do Ibovespa foi puxada principalmente por ações da Petrobras e da Vale, sensíveis a quedas dos contratos futuros do minério de ferro e do petróleo. A mineradora caiu 0,73%, enquanto a petroleira teve perda de 1,02%.

A maior alta do dia foi da CVC, que disparou 13,42% com o mercado aguardando o anúncio do novo presidente-executivo da empresa, após a renúncia do chefe anterior.

A BRF subiu 11,83% após a saudita Salic e a Marfrig se comprometeram com investimento de até R$ 4,5 bilhões na empresa, ficando entre as maiores altas da sessão e recuperando-se após fortes quedas em pregões recentes.

Já a Marfrig também teve ganhos, subindo 6,24%, favorecida, ainda, por um eventual aumento de capital futuro de pelo menos R$ 1,5 bilhão.

No câmbio, o dólar registrou baixas significativas ante o real ao longo do mês, principalmente com tramitação do arcabouço fiscal na Câmara e de boas performances do Ibovespa, que atraíram recursos estrangeiros para o país. A moeda americana chegou a fechar abaixo dos R$ 4,90 no dia 15, atingindo o menor valor desde junho de 2022.

No acumulado do mês, porém, o dólar teve alta, especialmente por expectativas de diferencial de juros entre o Brasil e os Estados Unidos.

Isso porque enquanto no Brasil há uma projeção de queda nos juros, nos EUA o movimento é inverso, com o mercado passando a acreditar numa nova alta nas taxas do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) após dados que mostram resiliência da inflação e do emprego no país. Com isso, a renda fixa americana torna-se mais atrativa, o que beneficia o dólar.

Além disso, nesta quarta, último dia útil de maio, ocorre o fechamento da Ptax, uma taxa de câmbio calculada pelo Banco Central que serve de referência para a liquidação de contratos futuros. No fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcioná-la para níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas (no sentido de alta do dólar) ou vendidas em dólar (no sentido de baixa).

Nos Estados Unidos, aliás, o mês foi marcado por tensão sobre a dívida americana. Democratas e republicanos negociaram por semanas um acordo para aumentar o teto da dívida do país e evitar um calote catastrófico do Tesouro, causando temor no mercado.

Na terça-feira (30), porém, o projeto de suspensão do teto da dívida americana foi aprovado num comitê da Câmara dos EUA, marcando a primeira vitória do governo sobre o tema no Congresso. Agora, a proposta está sendo apreciada pela Casa, que tem maioria republicana.

Diante de preocupação com os rumos do acordo na Câmara, os principais índices acionários dos EUA caíram nesta quarta. O Dow Jones, o S&P 500 e o Nasdaq tiveram baixas de 0,41%, 0,61% e 0,63%, respectivamente.

Com Reuters

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