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Agrishow anuncia faturamento recorde de R$ 13,29 bi em máquinas agrícolas

Números indicam crescimento real de 13% nos negócios com máquinas agrícolas; no evento se negociam também veículos, softwares, adubos e sementes.

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Ribeirão Preto

A expectativa já indicava que o recorde de faturamento seria batido, mas a Agrishow (Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação), que termina nesta sexta-feira (5) em Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo), alcançou R$ 13,29 bilhões em intenções de negócios e bateu também o maior número de visitantes de sua história.

Os dados foram anunciados nesta tarde por Pedro Estevão, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), principal organizadora da feira agrícola, a partir de números informados pelos 800 expositores.

Produtor rural observa máquina agrícola exposta na Agrishow, que termina nesta sexta em Ribeirão Preto
Produtor rural observa máquina agrícola exposta na Agrishow, que termina nesta sexta em Ribeirão Preto - Joel Silva/Folhapress

No ano passado, foram negociados R$ 11,243 bilhões em máquinas e implementos agrícolas (R$ 11,77 bilhões, atualizado pela inflação), o que significa um crescimento real de 13% nos negócios. Os dados incluem somente máquinas agrícolas, deixando de fora veículos, aeronaves, softwares, adubos e sementes.

A feira reuniu 195 mil visitantes, ante os 193 mil da edição do ano passado. É o recorde de visitantes desde 1994, quando foi realizada a primeira Agrishow em Ribeirão Preto.

Na quinta-feira (4), em comunicado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), o Banco do Brasil já havia indicado que o cenário seria bom para os setores agrícola e financeiro ao reportar mais de R$ 2 bilhões em negociações somente nos quatro primeiros dias, ante a meta de R$ 1,5 bilhão para a feira toda. O total alcançado pelo banco até esta sexta chegou a R$ 2,9 bilhões.

Nas fábricas que levaram seus produtos para a Agrishow, o cenário de otimismo se repetiu nos últimos dias. Igor Leão, gerente de vendas da multinacional chinesa LiuGong na América Latina, por exemplo, disse que só nos dois primeiros dias da feira agrícola a empresa já havia batido a meta de vendas estipulada para a semana inteira.

"Mesmo sendo uma feira centrada em São Paulo a gente sabe do âmbito internacional dela. A prospecção dela é muito boa porque a gente consegue atender clientes de todos os lugares de uma vez só", afirmou.

Já a paranaense Bouwman vai fechar a Agrishow com vendas mais de 30% superiores à expectativa, segundo seu diretor comercial, Rafael Bouwman.

Fabricante de uma máquina de fenação e forragem com 1.180 cavalos de potência, o suficiente para 340 toneladas por hora de trabalho, a empresa tinha uma expectativa baixa devido às altas taxas de juros no país, à queda nos preços da soja e à falta de reação no preço da arroba (15 kg) bovina.

"Vai superar muito, pela previsão baixa que fizemos. Se fosse uma previsão como 2022, acredito que estaríamos bem dentro da expectativa", disse. Para tentar driblar os juros, a empresa ofereceu parcelamento próprio em dez vezes e o resultado foi bom, na avaliação do diretor comercial.

Feira deste ano teve crise política e cancelamento de visita de ministro

A Agrishow foi realizada num clima de tensão entre a organização e o governo federal. No dia 25 de abril, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse ter se sentido "desconvidado" do evento após ser informado por Francisco Matturro, que deixou a presidência da feira nesta sexta, que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) participaria da cerimônia de abertura, na última segunda (1º).

O desconforto foi crescendo conforme a feira se aproximava e, três dias depois, o governo federal ameaçou cancelar o patrocínio do Banco do Brasil à feira. A crise fez com que a Agrishow anunciasse, na noite de sábado (29), que não realizaria mais a tradicional cerimônia de abertura.

Bolsonaro manteve sua participação e, sem a abertura oficial, teve como palanque um evento no mesmo horário, no auditório do IAC (Instituto Agronômico de Campinas), onde discursou a ruralistas e criticou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) principalmente em relação às demarcações de terras indígenas.

O IAC é vinculado ao Governo de São Paulo, comandado por seu aliado Tarcísio de Freitas (Republicanos).
O BB não suspendeu o patrocínio, que foi mantido nas ruas e painéis oficiais da Agrishow, mas a presidente do banco, Tarciana Medeiros, e integrantes do conselho diretor que tinham agenda na feira cancelaram suas participações.

Nesta sexta, o presidente do conselho de administração da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), Gino Paulucci Junior, disse que a crise com o governo Lula está totalmente superada. A associação é a principal organizadora da feira.

"Estivemos com o ministro diversas vezes nesses últimos nove ou dez dias, não existe mais qualquer rusga a respeito disso, esse mal entendido foi totalmente superado, é página virada. Isso não existe mais, não existe nem dos organizadores da Agrishow, e muito menos do governo federal, qualquer resquício, qualquer rusga que possa vir atrapalhar futuros negócios", disse.

Agrishow tem novo presidente

Antes mesmo da entrevista coletiva desta sexta-feira, a organização da Agrishow já emitiu comunicado informando a saída de Matturro da presidência, num processo de rodízio instituído em 2007.

Ele foi substituído por João Carlos Marchesan, que seguirá no cargo em 2024 e 2025. A feira agradeceu Matturro pela "dedicação e o zelo com que exerceu a presidência nas últimas quatro edições".

A Agrishow é organizada por Abimaq, Abag (Associação Brasileira do Agronegócio), Anda (Associação Nacional para Difusão de Adubos), Faesp (Federação da Agricultura e da Pecuária do Estado de São Paulo) e SRB (Sociedade Rural Brasileira).

A 29ª edição da Agrishow será realizada entre os dias 29 de abril e 3 de maio.

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