Início de corte da Selic é grande incógnita, ainda mais após IPCA acima do esperado

Casas de análise divergem sobre quando Banco Central começará a flexibilizar política monetária

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São Paulo

As expectativas de bancos de investimentos e gestoras para o início do corte da taxa básica de juros, a Selic, trazem visões muito distintas. Embora a divulgação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de abril tenha pesado nas análises, a maioria das casas manteve suas projeções com relação ao começo da flexibilização da política monetária.

Em relatório divulgado nesta sexta (12), a Genial Investimentos disse que, apesar da continuidade da desaceleração da inflação, de modo geral a composição mostrou uma leitura mais negativa. Essa visão reforça a posição da gestora de que não há espaço neste ano para corte da Selic, que deve se manter em 13,75% até o fim de 2023.

A inflação medida pelo IPCA avançou 0,61% em abril, uma desaceleração ante 0,71% registrado em março, mas acima da mediana das projeções do mercado, que era de 0,55%. Os analistas chamam atenção para o fato de a inflação ainda continuar espalhada pelos diversos setores.

Supermercado em São Paulo (SP) - Zanone Fraissat - 9.jun.2022/Folhapress

Além disso, os itens mais voláteis, como os combustíveis, que foram os grandes responsáveis pela redução da inflação vista no ano passado, já não estão indicando mais um arrefecimento significativo, segundo a Genial.

O Itaú BBA manteve sua projeção de que o início da flexibilização da política monetária deve ocorrer entre outubro e novembro, com a Selic chegando a 12,5% até o fim do ano, estimativa feita desde a última decisão de juros do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central.

"Núcleo de serviços subjacente um pouco mais alto e difusão ainda em patamar elevado, ambos indicam que a desinflação está ocorrendo, porém de maneira gradual, como é esperado nesse estágio do ciclo", informou o Itaú.

O BTG Pactual também não alterou sua projeção, que é mais aberta, de início do corte de juros a partir do segundo semestre.

A XP Investimentos trabalha com o cenário de começo da redução da Selic na reunião do Copom de agosto. À Folha, o economista-chefe da XP, Caio Megale, disse que a divulgação do IPCA não costuma alterar a visão de seu time de análise sobre a decisão de juros.

O Bank of America, um dos mais otimistas em suas análises sobre o Brasil, informou que a inflação de abril tira da mesa qualquer possibilidade de corte da Selic em junho, algo que era esperado pelo banco americano.

"A surpresa de alta [do IPCA] reduz significativamente o potencial de corte de juros começando em junho", diz o BoFA.

O banco suíço Credit Suisse, por sua vez, estima que a flexibilização da política monetária comece em setembro, com corte da Selic em 0,25 ponto percentual, e projeta que a taxa básica de juros chegue ao final de 2023 a 12,5%.

O Credit observa que, apesar da continuidade do processo desinflacionário no Brasil, o setor de serviços ainda é o principal desafio para a manutenção de um nível elevado dos preços.

"A nosso ver, os principais desafios para o processo desinflacionário continuam a ser a reancoragem das expectativas de inflação, a aprovação do novo quadro fiscal (que deverá permitir uma maior previsibilidade das contas públicas) e a decisão de manter ou alterar o regime de metas de inflação em relação ao seu formato atual", explica o banco suíço em relatório.

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