Descrição de chapéu Itaú

Itaú lucra R$ 8,4 bilhões no 1º trimestre, em linha com as expectativas

Presidente do banco diz que percebe menor demanda de crédito por parte das empresas

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São Paulo

O Itaú registrou lucro líquido recorrente de R$ 8,4 bilhões no primeiro trimestre de 2023, o que corresponde a um crescimento de 14,6% na comparação com o mesmo período do ano anterior, segundo balanço divulgado nesta segunda-feira (8).

O número veio em linha com a expectativa dos analistas de mercado. Já na comparação com o quarto trimestre de 2022, o resultado representou um avanço de 10%.

Segundo o banco, entre os fatores que mais influenciaram os resultados estão o aumento da receita com prestação de serviços e seguros e o crescimento da margem financeira com clientes (receitas com a intermediação financeira de operações de crédito), impulsionado pelo efeito positivo do crescimento da carteira, associado à gradual mudança do mix de produtos.

"Por trás desses números, estão nossa transformação cultural e digital, calcadas no exercício diário de ouvir nossos clientes para entender suas necessidades e superar suas expectativas", afirmou Milton Maluhy Filho, presidente do Itaú, em nota.

Reflexo de homem passando em frente a agência do Itaú com logo do banco em destaque
Logo do Itaú em agência no Rio de Janeiro - Sergio Moraes - 29.abr.2019/Reuters

A carteira de crédito do banco encerrou março em R$ 1,153 trilhão, evolução de 11,7% em bases anuais e de 1% na variação trimestral.

A carteira de pessoas físicas totalizou R$ 402,8 bilhões, alta de 16% na comparação anual e de 0,9% na margem. Os destaques, na comparação anual, foram os crescimentos de 11,4% em cartão de crédito; 24,2% em crédito pessoal; 21,3% em crédito imobiliário; e 17,1% em crédito consignado.

Entre as micro, pequenas e médias empresas, a carteira alcançou R$ 170,3 bilhões, alta de 9,2% em bases anuais mas queda de 2,2% na margem. Já entre as grandes empresas, a carteira de crédito chegou a R$ 350,9 bilhões, evolução de 7,2% na comparação com o mesmo período do ano passado e de 1,8% na variação trimestral.

Em conversa com jornalistas na manhã desta segunda-feira, Maluhy Filho afirmou que o crescimento da carteira de crédito reflete uma postura mais cautelosa da oferta por parte do banco, assim como uma menor procura das empresas do lado da demanda.

"A gente continua sendo bastante cauteloso, mas não é só uma questão de oferta do banco. Muito pelo contrário. A demanda tem caído e temos percebido em vários segmentos uma redução importante, sobretudo nas empresas. Muita demanda por capital de giro tradicional e muito menos demanda para investimentos de médio e longo prazo", afirmou o presidente do Itaú, acrescentando que a expectativa é encerrar o ano com um crescimento da carteira de crédito em linha com o guidance que indica uma expansão entre 6% e 9% para o ano.

O executivo afirmou também que a recente revisão feita pelo banco em relação à projeção para o desempenho do PIB (Produto Interno Bruto), de 1,1% para 1,4% em 2023, se deve a uma dinâmica melhor do que o esperado da economia no primeiro trimestre. Olhando à frente, contudo, a expectativa é de alguma desaceleração no ritmo de crescimento da atividade, até por conta do patamar elevado da taxa Selic de 13,75% ao ano.

O índice de inadimplência, por sua vez, chegou a 2,9% ao final do trimestre, contra 2,6% em igual intervalo de 2022, tendo ficado estável em relação a dezembro.

Entre as pessoas físicas, a taxa de atrasos alcançou 4,9% em março, ante 4,1% no mesmo mês de 2022, mas estável ante o final do ano passado.

Já entre as micro, pequenas e médias empresas, o índice de inadimplência encerrou o trimestre em 2,3%, o mesmo patamar de março de 2022 e ligeiramente abaixo dos 2,4% de dezembro. Entre as grandes empresas, os atrasos ficaram em 0,1%, ante 0,5% no mesmo período do ano anterior e 0,04% no último trimestre de 2022.

Maluhy Filho afirmou que a estabilidade da inadimplência no consolidado e entre as pessoas físicas já era um resultado esperado pela gestão do banco.

"Nossa melhor expectativa hoje é de certa manutenção dos índices de atrasos nos próximos trimestres, nas pessoas físicas especialmente, com alguma variação de 0,10 ponto percentual para cima ou para baixo", afirmou o presidente do Itaú.

Já em relação às empresas, a expectativa do banco é que a dinâmica da inadimplência seja diferente, com algum aumento no índice de atrasos no segmento. Maluhy Filho pontuou que o cenário de juros baixos e custo de crédito reduzido dos últimos anos levou a uma inadimplência bastante reduzida entre as empresas de um modo geral.

Com a normalização da política monetária, é natural que os atrasos entre as empresas também sofra um ajuste para cima, disse o executivo. "Nossa expectativa é que deve haver uma normalização gradual [da inadimplência das empresas]", afirmou o presidente do Itaú.

Sobre Americanas, o executivo afirmou ser "razoável esperar" que em um intervalo dos próximos 30 a 60 dias haja alguma evolução nas discussões em torno de um acordo entre a varejista e o grupo de credores. A visão está alinhada com a expressada pelos presidentes do Bradesco e do Santander. "As conversas continuam avançando, existe boa vontade das partes para chegarmos a um bom termo, mas todo processo como esse, desse tamanho, magnitude e complexidade leva tempo", afirmou Maluhy Filho.

As receitas de serviços e seguros, por sua vez, cresceram 6,7% no primeiro trimestre de 2023 em comparação com o mesmo período de 2022, para R$ 12,4 bilhões, impulsionadas pelo aumento do faturamento de cartões, além do crescimento das receitas de administração de recursos e do aumento da produção de consórcios.

Os resultados apresentados pelo Itaú fizeram com que o ROE (retorno recorrente sobre o patrimônio líquido médio anualizado), que indica a rentabilidade da operação, tenha alcançado 20,7%, ante 20,4% em março do ano passado e 19,3% no último trimestre de 2022.

O presidente do banco afirmou que o nível de rentabilidade da operação tem relação direta com o cenário macroeconômico do Brasil de uma forma mais ampla, uma vez que cerca de 90% dos resultados da instituição financeira são fruto dos negócios na região.

"Crescimento de PIB, desemprego, inflação, juros, tem uma série de elementos que impactam diretamente a nossa capacidade de gerar resultado", afirmou o presidente do Itaú. Segundo ele, para manter o crescimento das operações com qualidade satisfatória, é preciso que o ambiente de negócios no país evolua, com crescimento econômico e queda do desemprego.

Os analistas da Guide Investimentos avaliam que, em linhas gerais, o resultado do Itaú foi positivo. "O banco está conseguindo seguir um crescimento de carteira mais racional, aumentando exposição em segmentos menos arrojados, o que, na nossa visão, é uma estratégia assertiva neste cenário mais desafiador", assinalam os analistas da Guide.

Os analistas da Ativa Investimentos dizem que, em um cenário com expectativas cada vez piores para o setor financeiro, o resultado em linha com o esperado do Itaú, em conjunto com uma qualidade mais controlada do crédito, traz um alívio e demonstra a resiliência do banco. "Em um cenário de inadimplência subindo aceleradamente, o Itaú ainda mantém seu índice abaixo dos 3%, enquanto consegue gerar ROE de 20,7% no primeiro trimestre, trazendo confiança em relação ao seu guidance", destacam os analistas da Ativa.

"Acreditamos que o resultado do trimestre foi positivo, mantendo uma forte e consistente rentabilidade acima de seus pares, em linha com as nossas expectativas", afirma os analistas da Genial Investimentos. Eles dizem que o banco deve continuar rodando com um patamar de rentabilidade da operação em torno de 20% no curto e médio prazo e que ele continua sendo o nome preferido dentro do setor, com recomendação de compra das ações.

RAIO-X | ITAÚ UNIBANCO

Fundação: 2008, ano de fusão do Banco Itaú e do Unibanco
Lucro líquido no 1º trimestre de 2023: R$ 8,4 bilhões
Agências: 4.173
Funcionários: 101.415
Principais concorrentes: Bradesco, Santander, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal

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