Descrição de chapéu PIB Itaú

Itaú e XP reforçam otimismo do mercado e também revisam PIB para cima

Bradesco, Santander e ABC Brasil já haviam elevado projeções de crescimento da economia na semana passada

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São Paulo

O desempenho do setor agropecuário e de serviços no início do ano veio acima das expectativas dos analistas de mercado e levou a uma revisão em série de projeções de bancos e corretoras para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 2023.

Nesta sexta-feira (5), foi a vez de Itaú e XP Investimentos aumentarem as estimativas para a expansão da atividade econômica neste ano. Ambos passaram a prever um crescimento de 1,4% do PIB para 2023, ante 1,1% e 1%, respectivamente.

Com isso, as instituições engrossam a onda otimista que teve início na semana passada, quando Bradesco, Santander e ABC Brasil já haviam revisado suas projeções para o PIB.

No último boletim Focus, a mediana das projeções dos economistas consultados pelo BC (Banco Central) indica uma expansão de 1% da economia. Um mês atrás, a projeção no Focus estava em 0,90%, e em 0,78% no início do ano.

Máquina agrícola pilotada por uma pessoa passa em um terreno plano, sem plantação, apenas de terra
Máquina agrícola no Condomínio Cachoeira do Estrondo, conjunto de fazendas de cultivo principalmente de soja no oeste da Bahia - Bibiana Garrido/Ipam/Divulgação

Segundo o Itaú, os bons resultados de curto prazo da economia brasileira contribuíram para a melhora das expectativas do PIB deste ano.

Na última sexta-feira (28), o BC divulgou que o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) registrou crescimento de 3,32% em fevereiro em relação ao mês anterior. O indicador, que representa uma espécie de prévia do PIB, teve o maior crescimento desde junho de 2020 (4,86%), e motivou a Mirae Asset Wealth Managament a também revisar de 1% para 1,4% a expectativa para o PIB de 2023.

De acordo com os economistas do Itaú, os dados recentes de atividade corroboram a expectativa de um forte alta do PIB no primeiro trimestre. O banco prevê um crescimento de 1,2% da economia no primeiro quarto do ano, na comparação trimestral, com destaque para o setor agropecuário. Os dados do PIB do primeiro trimestre serão divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no dia 1º de junho.

Já a XP prevê uma expansão de 1,1% para o PIB no primeiro trimestre, projeção que estava em 0,8% há um mês. "Grande parte deste aumento decorre da forte recuperação do PIB da agropecuária, impulsionado pela safra de soja".

Os analistas da XP assinalam que as exportações brasileiras devem exibir expansão acentuada, com a demanda externa sólida e os preços internacionais das commodities em níveis elevados.

Os especialistas da plataforma de investimentos destacam ainda que o setor de serviços cresceu acima do esperado nos primeiros meses do ano, enquanto o mercado de trabalho tem mostrado resiliência, com expressiva geração líquida de empregos formais de cerca de 430 mil novos postos entre janeiro e março, já descontadas as influências sazonais.

O mercado de trabalho aquecido, por sua vez, deve impulsionar o consumo, diz a XP, que prevê uma alta significativa de 4,2% em termos reais da renda disponível das famílias em 2023, "em linha com a recuperação dos salários e as maiores transferências governamentais."

Economista-chefe da Mirae Asset Wealth Management, Julio Hegedus Netto diz que o consumo das famílias, impulsionado por políticas de estímulo do governo, como o programa Bolsa Família e o reajuste do salário mínimo, também foi o que motivou a casa a revisar de 1% para 1,4% a projeção para o PIB de 2023.

Ele diz que a alteração na estimativa veio na esteira do dado do BC que serve como prévia para o PIB, que surpreendeu positivamente. "Políticas de crédito direcionado também devem ser destacadas", afirma o economista-chefe.

O Itaú acrescenta que a diminuição do risco de uma deterioração mais forte do mercado de crédito também ajudou na leitura de um desempenho melhor da economia ao longo do ano.

Os economistas do banco dizem ainda que o arcabouço fiscal e as medidas complementares de recomposição das receitas reduzem riscos extremos, embora ainda existam desafios significativos relacionados à implementação da trajetória da dívida pública.

O Itaú também revisou de R$ 5,30 para R$ 5,15 a projeção para o câmbio no final deste ano, apontando a redução da volatilidade no ambiente externo, em especial na esteira de uma menor preocupação com uma crise bancária global.

Bradesco é o mais otimista, mas presidente do banco prega cautela no curto prazo

Um dos mais otimistas do mercado, o Bradesco revisou no último dia 28 de abril de 1,5% para 1,8% a estimativa para a expansão do PIB em 2023. O consumo das famílias e um forte avanço da agropecuária, bem como o mercado de trabalho aquecido, foram citados pelo banco entre as principais razões para o maior otimismo.

Apesar da leitura positiva, o presidente do banco, Octavio de Lazari Junior, afirmou nesta sexta que o cenário econômico ainda exige uma dose maior de cautela no curto prazo.

O presidente do banco disse que a taxa de inadimplência deve seguir em alta ao longo do segundo trimestre, e que o resultado do banco no primeiro trimestre refletiu a política adotada ainda durante meados do ano passado, de uma postura mais cautelosa na concessão de crédito. "Com esse efeito, é natural que o crédito cresça menos, mas o momento é de cautela."

Economista-chefe do Inter, Rafaela Vitória diz que o banco deve revisar na próxima semana de 0,7% para cerca de 1% a projeção de crescimento do PIB em 2023.

Ela ressalta, contudo, que a revisão é mais olhando a economia pelo retrovisor. Olhando à frente, Vitória adota uma visão mais cautelosa para o desempenho da atividade econômica. "Muito que vimos de surpresa positiva nos primeiros meses do ano tem duração curta", afirma.

Segundo a economista-chefe do Inter, as medidas de estímulo ao consumo adotadas pelo governo não devem se sustentar ao longo do tempo. Elas alimentam a pressão inflacionária e levam o BC a ter de postergar o início do corte de juros, afirma.

"Podemos ter um consumo um pouco melhor do que o esperado no começo do ano por conta da distribuição de renda pelo governo, mas não vemos uma melhora sustentável para a atividade, principalmente para o segundo semestre."

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