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Bolsa atinge melhor patamar desde abril de 2022 antes de decisão sobre Selic

Dólar volta a cair e renova valor mínimo do ano, cotado a R$ 4,768

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São Paulo

A Bolsa brasileira subiu nesta quarta-feira (21) e fechou acima dos 120 mil pontos, chegando a seu melhor nível de fechamento desde abril de 2022, em meio a expectativa do mercado com a decisão do Banco Central (BC) sobre a Selic (taxa básica de juros) e impulsionada pelas ações da Petrobras.

Já o dólar voltou a cair e renovou seu menor valor do ano após um discurso do presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) no Congresso americano. A moeda segue pressionada pelo diferencial de juros entre o Brasil e os Estados Unidos, especialmente com a pausa do aperto monetário promovida pelo Fed na semana passada.

Com isso, o Ibovespa teve alta de 0,66%, atingindo os 120.420 pontos, enquanto o dólar caiu 0,60%, cotado a R$ 4,768.

O Banco Central decidiu manter a Selic em 13,75% na reunião desta quarta, algo já esperado pelo mercado. Investidores aguardavam, no entanto, uma possível sinalização do comitê sobre o início de um corte de juros em agosto, o que não ocorreu.

No comunicado, a autoridade disse que o cenário demanda "cautela e parcimônia" e disse ser necessário "paciência e serenidade".

O colegiado do BC, porém, suavizou levemente o comunicado ao descartar a mensagem que falava sobre a possibilidade de voltar a elevar a Selic se o processo de desinflação não transcorresse como esperado. No encontro anterior, já havia baixado o tom nesse ponto ao afirmar que um eventual aperto monetário seria um cenário menos provável.

Sem falar em queda de juros, o BC disse que a conjuntura atual é caracterizada por um processo desinflacionário "que tende a ser mais lento" e por expectativas de inflação ainda preocupantes. Além disso, a autoridade monetária defendeu seu plano de voo ao dizer que "a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado tem se mostrado adequada para assegurar a convergência da inflação".

Para Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, o tom mais duro que o esperado do Copom nesta quarta não derruba as projeções de cortes da Selic neste semestre, mas considera que as apostas do mercado de início da redução de juros em agosto podem ser adiadas.

"A melhora do processo de redução de inflação e das projeções de analistas, além do fortalecimento do real em relação ao dólar, favorecem o início do corte de juros no segundo semestre, mas o mercado pode empurrar as apostas de agosto para setembro pela falta de indicação do BC", diz Abdelmalack.

"O comunicado parece um pouco mais duro. Eles justificam a atual política monetária como um mecanismo para trazer a inflação e as expectativas de inflação futura para baixo. Não há indicativo claro de cortes de juros, mas ainda é preciso aguardar a divulgação da ata da reunião para entender a avaliação dos integrantes do comitê", afirma Marcelo Fonseca, economista-chefe da Reag Investimentos.

Cédulas de dólar - Gary Cameron - 14.nov.2014/Reuters

Já o economista-chefe da XP, Caio Megale, afirma que o comunicado abre portas para um possível corte de juros já na próxima reunião ao mencionar melhora nas perspectivas de inflação. Ele pondera, no entanto, que o comitê apontou que o cenário exige cautela e parcimônia, o que significa que o primeiro corte de juros não será agressivo.

Com isso, os juros futuros, em especial os de prazo mais curto, tiveram leve alta. Os contratos com vencimento para janeiro de 2024 foram de 12,99% para 13,03%, enquanto os para 2025 saíram de 11,07% para 11,11%.

Antes da decisão do Copom, a Bolsa brasileira teve alta impulsionada pelas ações da Petrobras, que subiram 4,25% em dia de alta do petróleo no exterior e após os papéis da petroleira terem recomendação de compra elevada pelo Goldman Sachs na terça. Altas da PetroRio (6,94%), do Itaú (0,97%) e do Banco do Brasil (3,15%) também apoiaram o Ibovespa.

Na outra ponta, o índice foi pressionado por queda de 0,90% nas ações da Vale, impactada pela queda do minério de ferro no exterior, e de 6,54% na Embraer, que registra perdas desde a véspera após projetar maiores custos de voos ao longo dos próximos anos.

No câmbio, o dólar voltou a registrar perdas frente ao real.

A moeda brasileira tenda a se beneficiar de juros mais altos, e a manutenção da Selic nesta quarta já era esperada, o que apoiou esse movimento. Além disso, mesmo que o Banco Central comece o processo de cortes da Selic no futuro próximo, os juros reais seguirão favoráveis à atração de investimentos, ainda mais num ambiente de arrefecimento da inflação. Isso, por sua vez, tem ajudado a derrubar o dólar para os patamares mais baixos em mais de um ano, bem como uma descompressão de receios fiscais.

O dólar também teve queda ante outras moedas fortes na tarde desta quarta.

Nos Estados Unidos, o presidente do Fed, Jerome Powell, reforçou em depoimento no Congresso americano que as pressões inflacionárias do país continuam elevados e afirmou que ainda há um "longo caminho" a ser percorrido até que a inflação americana seja estabilizada na meta de 2% da autoridade monetária.

O discurso de Powell gerou preocupação no mercado sobre uma possível nova alta nos juros americanos, derrubando os índices acionários do país. O Dow Jones, o S&P 500 e o Nasdaq tiveram queda de 0,30%, 0,52% e 1,21%, respectivamente.

Com Reuters

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