'Consigo ver as crianças acenando', diz piloto de dirigível que circulou por São Paulo

Veículo fez ação para divulgar marca de transportadora durante 3 dias

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São Paulo

A transportadora Braspress fez uma ação de marketing que não era vista há alguns anos em São Paulo: colocou um dirigível para voar pela cidade.

A campanha durou três dias, de terça (20) até esta quinta (22). Os voos partiram do Campo de Marte, na zona norte, e houve deslocamentos até cidades da Grande São Paulo, como Osasco, além de Jundiaí e Campinas.

Dirigível com logo da Braspress, ao se aproximar do Campo de Marte, em São Paulo - Rubens Cavallari/Folhapress

O veículo foi pilotado por Charles Chueiri, 64, que também guiava dirigíveis nos anos 2000, na época em que não era raro ver um deles, com a marca da Goodyear cruzando os céus.

"A gente vê que a cidade não para, ela cresce. Dezoito anos depois, tem prédios onde não tinha, alguns bem mais altos do que antes", compara Chueiri.

Onde há menos edifícios, o dirigível pode voar um pouco mais baixo. Nesses casos, o piloto consegue ver melhor a reação das pessoas. "Em pelo menos duas ou três quadras, vi crianças jogando futebol. Elas dão tchau, ficam pulando, eu consigo ver e aceno de volta", conta.

"Tive amigos que me ligaram e falaram 'que bom que você está por aqui de novo. É bem gratificante", prossegue.

Ex-piloto da Força Aérea, Chueiri conduz dirigíveis desde 2001. Ele aprendeu a guiá-los em um curso nos Estados Unidos. Os dirigíveis voam sustentados pelo gás hélio. Como os helicópteros, podem decolar e pousar na vertical, sem precisar de uma pista.

Chueiri, no entanto, diz que teve alguns problemas com o controle de tráfego aéreo dos aeroportos paulistas, que restringiram o acesso a alguns bairros e bloquearam movimentos. "Tive de esperar 40 minutos no sol, por conta de um tráfego que não estava intenso", lamenta.

"Queria ter voado em determinadas regiões mais populosas, mas fui restringido. Eu não tencionava voar em nenhuma área congestionada, como nas proximidades do aeroporto de Congonhas, mas o meu voo ficou muito restrito", comenta.

O piloto diz que, antes do voo, procurou o CRCEA-SE (Centro Regional de Controle do Espaço Aéreo Sudeste) para explicar seus planos e como funcionam os dirigíveis, embora não tivesse obrigação de fazer isso. "Às vezes o pessoal confunde voo de dirigível com voo de balão, mas o dirigível é uma aeronave certificada, que pode voar em qualquer espaço áereo", aponta.

Chueiri diz que há planos de fazer novos voos em São Paulo, mas que os detalhes e datas ainda serão negociados.

A ação da Braspress na capital foi encerrada nesta quinta, no fim da tarde. O dirigível voltará para a base, em São Carlos, no interior de São Paulo.

O dirigível em uso é do modelo ADB-3-3, de propriedade da empresa Airship do Brasil. A aeronave foi fabricada no Brasil, a partir de um projeto desenvolvido no exterior.

O veículo tem capacidade para seis pessoas, incluindo o piloto. Na parte de cima, leva 3.908 m³ de gás hélio. Tem 49 metros de comprimento e pode voar a até 86 km/h, em altitude máxima de 2.7 km.

"No passado, o dirigível foi um poderoso instrumento de marketing utilizado pelos fabricantes de pneus. No entanto, essa prática foi descontinuada há muitos anos. Surpreendentemente, surgiu uma oportunidade da Braspress utilizar esse dirigível como uma ferramenta de marketing em São Paulo. E quem sabe ele não será novamente uma tendência?", disse Urubatan Helou, presidente da empresa, em comunicado. A transportadora não quis revelar o valor investido na campanha.

Entre 1998 e 2006, um dirigível com a marca da Goodyear costumava voar pelos céus paulistanos para divulgar a marca. Ele também foi usado para captar imagens de estádios em transmissões esportivas.

Na época, uma das razões para o fim da ação foi um potencial conflito com a Lei Cidade Limpa, que limita ações publicitárias e exposição de marcas no espaço público em São Paulo.

A reportagem procurou a Prefeitura de São Paulo para saber se a ação atual poderia afrontar a regra, mas não obteve resposta até a publicação da reportagem.

Em 2021, por exemplo, um touro dourado colocado na frente da Bolsa de Valores, no centro da capital, foi retirado por violar a Lei Cidade Limpa.

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