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Dólar sobe e fecha em R$ 4,85 após sinalizações de alta de juros por chefes de BCs globais

Ibovespa perde os 117 mil pontos puxado por Vale e ações do setor bancário

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São Paulo

O dólar registrou nova alta ante o real e voltou aos R$ 4,85 nesta quarta-feira (28), em linha com a valorização da moeda americana no exterior num cenário de aversão ao risco. Investidores reagiram a falas de autoridades de grandes bancos centrais, que sinalizaram novos aumentos de juros para combater a inflação.

Já a Bolsa brasileira teve queda puxada pela Vale e por ações do setor bancário. O Ibovespa também ainda é impactado por um movimento de realização de lucros iniciado na semana passada.

O índice fechou o dia em queda de 0,71%, a 116.681 pontos, enquanto o dólar subiu 1,10%, a R$ 4,850.

Nesta quarta, os líderes dos principais bancos centrais do mundo reafirmaram que veem a necessidade de novas altas de juros para combater a inflação. As autoridades dizem, no entanto, que é possível aumentar o aperto monetário sem causar recessões.

O presidente do Fed, Jerome Powell, não descartou novos aumentos em reuniões consecutivas do banco central dos Estados Unidos, enquanto a presidente do BCE (Banco Central Europeu), Christine Lagarde, confirmou as expectativas de que o banco aumentará as taxas em julho, dizendo que tal movimento é "provável".

Nota de dólar americano
Nota de dólar americano - Dado Ruvic - 17.jul.2022/Reuters

"A política monetária não tem sido restritiva o suficiente por tempo suficiente. Eu não descartaria movimentos em reuniões consecutivas de forma alguma", disse Powell em um encontro anual de banqueiros centrais organizado pelo BCE em Sintra.

As falas aumentaram o clima de aversão ao risco no exterior que já vinha ganhando força desde a semana passada, quando Powell afirmou, em depoimento ao Congresso americano, que o combate à inflação nos EUA ainda não acabou. Na ocasião, o presidente do Fed não descartou aumentos adicionais de juros neste ano.

Além disso, o Banco da Inglaterra aumentou os juros do país em 0,50 ponto percentual, numa magnitude maior que a esperada pelo mercado, o que reforçou os temores.

Com isso, o dólar registrava alta tanto no Brasil quanto no exterior. O índice DXY, que mede o desempenho da moeda americana ante outras divisas fortes, subiu 0,49% nesta quarta.

Nos mercados futuros, os juros tiveram leve alta, em especial os de prazos mais longos. Os contratos com vencimento em janeiro de 2024 foram de 12,96% para 12,97%, enquanto os para 2025 saíram de 10,96% para 11,01%. As curvas para 2026 subiram de 10,30% para 10,40%.

Além do ambiente global de aversão ao risco, pesou sobre os mercados futuros o anúncio do governo de injeção de mais R$ 300 milhões no programa que concede descontos à compra de carros "populares" para continuar estimulando as vendas do setor automotivo.

"O medo do risco fiscal se acentuou com a sinalização de estímulos à compra de carro zero. O mercado entende que o governo vai abdicar de mais receita, quando o ajuste fiscal depende justamente do aumento de receita. O movimento nos juros futuros já reflete projeções de que a inflação vai arrefecer, mas que o governo vai continuar endividado e precisar manter ou diminuir menos que o esperado a taxa de juros", diz Gabriel Meira, sócio da Valor Investimentos.

Na Bolsa, o Ibovespa foi pressionado por um movimento de realização de lucros, ou seja, quando investidores vendem ações que tiveram forte valorização para efetivar seus ganhos.

Uma forte queda de 3,23% da Vale, que foi a mais negociada da sessão, puxou o Ibovespa para baixo, mesmo em dia de alta do minério de ferro no exterior. A mineradora sofreu um corte de recomendação de compra de suas ADRs (certificados de ações emitidos nos EUA) pelo ScotiaBank.

O setor bancário também teve um dia negativo e ajudou a puxar o índice para baixo, com o Bradesco, o Itaú e o Banco do Brasil caindo 2,01%, 1,05% e 1,19%, respectivamente, após dados de crédito do Banco Central mostrarem que a inadimplência no Brasil atingiu em maio seu nível mais alto em mais de cinco anos.

O líder das quedas do dia, no entanto, foi o setor de proteínas. A BRF e a JBS caíram 4,72% e 4,27%, respectivamente, e registraram os maiores tombos do pregão, após registro de um caso de gripe aviária no Espírito Santo.

"Apesar de a BRF não ter plantas no Espírito Santo, a empresa acaba sofrendo por conta das repercussões que casos como esse podem ter em relação às exportações de frango do Brasil", diz Andre Fernandes, chefe de renda variável e sócio da A7 Capital.

Nesta quarta, inclusive, o Japão suspendeu compras de carne de frango proveniente do Espírito Santo após o registro do caso de gripe aviária, de acordo com nota da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal).

Na ponta positiva, as ações da Petrobras subiram 1,04% e foram as únicas entre as mais negociadas da sessão a registrar ganhos, em dia de alta do petróleo e beneficiada por uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que anulou a maior condenação trabalhista já sofrida pela petroleira.

As maiores altas do dia foram da Embraer (4,24%) e da Yduqs (4,68%), que passam por recuperação após fortes quedas nas últimas sessões.

Nos EUA, os índices acionários seguiram direções mistas. Enquanto o Dow Jones caiu 0,22%, o Nasdaq teve alta de 0,27%. Já o S&P 500 terminou o dia estável.

Com Reuters

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