Descrição de chapéu Banco Central Selic juros

Entenda por que cada ponto percentual da Selic pesa R$ 41 bi na dívida bruta do Brasil

Juro alto aumenta endividamento, e câmbio pode ajudar a reduzi-lo

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São Paulo

O corte na taxa básica de juros é um dos fatores que ajudam a melhorar os indicadores de endividamento do país, que também são influenciados por fatores como valorização do real, queda da inflação, crescimento mais forte da economia e resultados positivos nas contas públicas.

O próprio Banco Central calcula qual o impacto de alguns desses fatores sobre a dívida bruta do governo. Esse é atualmente o indicador mais utilizado pelos economistas para medir o endividamento do país e compará-lo a outras economias.

Campos Neto e diretores do BC demonstram apoio a protesto dos servidores
Campos Neto (3º da esq. para a dir.), Galípolo (4º da esq. para a dir.) e outros diretores do BC em meio a protesto dos servidores - Nathalia Garcia/Folhapress

De acordo com o cálculo mais recente do BC, um corte de um ponto percentual na taxa Selic, mantido pelo período de 12 meses, reduz em R$ 41,4 bilhões a dívida bruta, o que corresponde a cerca de 0,4 ponto percentual do PIB (Produto Interno Bruto).

A queda na mesma magnitude do IPCA, índice de preços ao consumidor do IBGE que serve como meta de inflação e também é um indexador da dívida, reduz o custo em R$ 17,7 bilhões (0,17 ponto percentual do PIB).

Uma valorização de 1% da taxa de câmbio (queda do dólar) reduz a dívida em R$ 9,1 bilhões (0,09 ponto do PIB). No caso do câmbio, o impacto é imediato, pois afeta a contabilização do passivo em moeda estrangeira quando convertido para a moeda nacional.

Quando a Selic, a inflação e o dólar sobem, a dívida aumenta.

Nesses cálculos, foram considerados os impactos divulgados no final de setembro, com base nos números de agosto. A divulgação de outubro está atrasada por causa da operação padrão dos funcionários da instituição.

Outro indicador para medir o endividamento é a dívida líquida do setor público, na qual o valor dos ativos é descontado do passivo. Nesse caso, os impactos para Selic e IPCA são muito próximos dos calculados em relação à dívida bruta.

Em relação ao câmbio, há uma diferença importante, pois o Brasil é credor em moeda estrangeira, ou seja, possui reservas cambiais que superam a dívida externa. Por isso, uma alta de 1% do dólar, reduz a dívida líquida em R$ 7,4 bilhões, uma vez que aumenta o valor em reais desse ativo.

O dado mais recente do Banco Central mostra que a dívida líquida atingiu 59,9% do PIB, o equivalente a R$ 6,3 trilhões, em agosto, aumento de 2,8 pontos percentuais no ano. Contribuíram para essa alta juros, déficit primário, valorização do real e crescimento do PIB nominal.

A dívida bruta atingiu 74,4% do PIB (R$ 7,8 trilhões), crescimento de 1,5 ponto percentual no ano. Juros e emissões de dívida puxaram o número para cima.

O efeito da valorização cambial acumulada e da variação do PIB nominal puxaram o dado para baixo.

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