Novo sistema de metas de inflação, bilhões de China e Rússia por lítio da Bolívia e o que importa no mercado

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São Paulo

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Novo sistema de metas

O Brasil terá um novo sistema de metas de inflação a partir de 2025. O anúncio foi feito nesta quinta (29) pelos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento e Orçamento).

Entenda: daqui a um ano e meio, o BC terá que perseguir seu objetivo de forma contínua, e não mais anual, como é hoje. A decisão era esperada pelo mercado, que vê a autoridade monetária já atuando dessa forma na prática.

Segundo Haddad, a mudança começa a valer a partir de 2025 porque é quando acaba o mandato do atual presidente do BC, Campos Neto.

Mais cedo, o chefe da autarquia havia dito que o aperfeiçoamento do sistema é "interessante". Haddad, porém, afirmou que o tema não foi levado ao CMN (Conselho Monetário Nacional), onde Campos Neto tem voto, porque foi uma decisão "de governo".

A única decisão do CMN, que também tem votos de Haddad e de Tebet, foi definir a meta de inflação de 2026 em 3% —como manda a regra atual.



Como é:

  • Desde 1999, o BC busca cumprir uma meta de inflação acumulada de janeiro a dezembro, que é definida previamente pelo CMN.
  • Se a inflação do ano ficar abaixo ou acima do alvo e do intervalo de tolerância (hoje em 1,5 ponto percentual), o presidente do BC detalha em carta aberta como o problema deve ser resolvido.

Como vai ficar:

  • O BC vai passar a mirar um objetivo olhando sempre para frente.
  • A meta de 3% será considerada cumprida se o indicador ficar entre 1,5% e 4,5% (considerando o intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos).

O que ainda falta definir:

  • O prazo para trazer a inflação à meta –outros países costumam adotar o horizonte de 24 meses (mostramos aqui como funciona).
  • O formato de prestação de contas (como a carta aberta, que deixará de existir).

Opinião | Vinicius Torres Freire: Depois de muito ruído tolo, Lula 3 define metas econômicas razoáveis.


China e Rússia no lítio da Bolívia

A China se aliou com a Rússia para fechar dois contratos bilionários para a exploração de lítio na Bolívia, país que tem a maior reserva do mineral no mundo, sendo boa parte dela ainda não extraída.

Em números: a estatal de energia nuclear russa Rosatom e a empresa privada chinesa Citic Cuoan Gruop irão investir US$ 1,4 bilhão (R$ 6,8 bilhões) para a produção de carbonato de lítio —100 mil toneladas anuais do insumo a partir de 2025.

  • Em janeiro, a fabricante de baterias chinesa CATL havia selado um acordo de US$ 1 bilhão (R$ 4,9 bilhões) para produzir 25 mil toneladas de carbonato de lítio por ano no país.
  • Em todos os casos, a estatal local faz parte da parceria com os sócios estrangeiros.

Entenda: o lítio é uma matéria-prima muito importante no contexto da transição energética. Ele está presente nas baterias de íon-lítio, utilizadas em carros elétricos, e é essencial para expandir o armazenamento de energia em outros sistemas.

Um exemplo é a geração renovável. Ao guardar a energia gerada pelas fontes solar e eólica, as baterias de lítio garantem uma oferta constante, não apenas quando há sol ou vento –algo essencial para a China, país ainda dependente do carvão.

Por que importa: a disputa pelo lítio na América Latina é a nova fronteira do duelo geopolítico entre as duas potências globais.

  • A China, que produz cerca de três quartos das baterias de íon-lítio no mundo, tem feito parcerias com os países da América Latina para a produção local de suprimentos.
  • Os EUA, ao verem o avanço da rival na região, tentam correr atrás do prejuízo priorizando um plano para formar uma cadeia de abastecimento mineral para suas companhias.

Triângulo do Lítio: é assim chamada a região entre Bolívia, Chile e Argentina que abriga 61% das reservas do mineral no planeta.

  • Em números de produção, porém, a Austrália liderou o mercado no ano passado, com 47%, seguida por Chile (30%) e China (15%).


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