Descrição de chapéu Folhainvest

Captação de recursos no mercado se recupera de impacto de Americanas e Light

Retomada foi impulsionada nas últimas semanas por otimismo com a economia e agenda no Congresso

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São Paulo

Após sofrer nos primeiros meses do ano por conta dos episódios envolvendo a Americanas e a Light, que provocaram uma retração na demanda de investidores e empresas, as emissões de instrumentos financeiros, como debêntures, no mercado de capitais ensaiaram uma recuperação no final do semestre.

Uma economia que apresenta um desempenho melhor do que o esperado, e o andamento de uma agenda econômica em Brasília que agrada aos investidores, têm impulsionado a retomada das emissões nas últimas semanas.

Painel eletrônico indica flutuação das ações no pregão na Bolsa de Valores brasileira, a B3, em São Paulo
Painel eletrônico indica flutuação das ações no pregão na Bolsa de Valores brasileira, a B3, em São Paulo - Amanda Perobelli - 6.jul.2023/Reuters

Em junho, as captações pelas empresas via operações de renda fixa e renda variável totalizaram R$ 46,2 bilhões, o maior valor mensal registrado em junho, segundo dados divulgados nesta terça-feira (11) pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).

Do total captado, a maior parte —R$ 37,5 bilhões, ou cerca de 80%— se deu por meio de instrumentos de renda fixa, em especial as debêntures.

Outros R$ 6,5 bilhões (15%) vieram de emissões de ações em operações subsequentes (follow-on no termo em inglês), de empresas que já têm ações negociadas na Bolsa. No mês passado, a Vamos, de locação de veículos, captou R$ 1,3 bilhão, enquanto a CVC, de turismo, levantou R$ 550 milhões junto aos investidores.

Já no semestre, as captações somaram R$ 153,4 bilhões, uma queda de 35,4% na comparação com o mesmo período do ano passado.

Vice-presidente da Anbima, José Eduardo Laloni avalia que o mês de junho pode ter representado um ponto de inflexão para o mercado de capitais doméstico, com a perspectiva de um segundo semestre mais aquecido.

Uma economia mais forte do que o inicialmente previsto pelos agentes financeiros, somada ao avanço da agenda econômica em Brasília, são apontadas pelo executivo entre as razões que sustentam uma visão mais positivo para o mercado de capitais na segunda metade do ano.

"À medida que o tempo foi passando durante o primeiro semestre, as coisas foram se acalmando, e várias medidas macroeconômicas contribuíram para isso", afirmou Laloni durante conversa com jornalistas.

Ele fez menção à aprovação da Reforma Tributária na Câmara dos Deputados na última quinta-feira (7), bem como o dado do PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre que superou a expectativa dos analistas.

"Todas as reformas que modernizam a economia estão contribuindo para a melhora do ambiente", disse o vice-presidente da Anbima, acrescentando que o mercado de capitais passou a mostrar maior vigor conforme os juros futuros recuaram.

As taxas no mercado de juros futuros, que embute as expectativas dos agentes financeiros, tiveram forte queda ao longo dos últimos meses, com uma avaliação positiva por parte dos investidores da agenda econômica conduzida pelo governo.

O contrato para janeiro de 2024, que era negociado a 13,6% no início do ano, rodava na casa dos 12,8% nesta terça, em um dia marcado pela forte alta das taxas após a divulgação do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de junho.

Laloni destacou ainda o desempenho positivo dos Fiagro, fundos dedicados a investir na cadeia do agronegócio, setor responsável pelo crescimento acima das expectativas da economia no primeiro quarto do ano.

Dos principais instrumentos financeiros do mercado de capitais, os Fiagro foram os únicos que registraram crescimento nas emissões de janeiro a junho em relação ao mesmo período do ano passado, com alta de 50,4%, para R$ 4,7 bilhões.

"Mesmo em um semestre em que todos os outros instrumentos de captação vieram para baixo [na comparação anual], os Fiagro continuaram surpreendendo com a força do agronegócio", disse o executivo.

Na ponta contrária, as emissões de debêntures caíram 41,5% no primeiro semestre, para R$ 78,1 bilhões, enquanto as de ações recuaram 28,4% no período, para R$ 13,5 bilhões.

O vice-presidente da Anbima afirmou também que as perspectivas de uma retomada econômica foram o principal fator a sustentar as ofertas de ações realizadas na primeira metade do ano e que novas aberturas de capital (IPO, na sigla em inglês) não estão descartadas à frente.

As ofertas de ações das empresas que já têm ações negociadas na Bolsa "abrem caminho para que os bancos investimento estejam conversando intensamente com clientes para viabilizarmos, à medida que o cenário [mais positivo] for se confirmando, novas ofertas iniciais."

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