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Bolsa sobe e dólar cai com alívio de receio sobre alta de juros nos EUA

Apostas de fim antecipado do aperto monetário americano ganham força após dados de inflação

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São Paulo

A Bolsa brasileira registrou mais um dia de alta e o dólar caiu nesta quinta-feira (13) ainda impactados pelo exterior, após dados de inflação dos Estados Unidos terem endossado a aposta de que o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) pode antecipar o encerramento da escalada de juros no país.

Com isso, o Ibovespa teve alta de 1,35%, fechando aos 119.263 pontos, enquanto o dólar caiu 0,60%, cotado a R$ 4,790.

Com a agenda doméstica tranquila, o Ibovespa foi impulsionado principalmente pelo otimismo no exterior, com os principais índices acionários dos Estados Unidos registrando altas. O S&P 500, o Nasdaq e o Dow Jones, subiram 0,85%, 1,58% e 0,14%, respectivamente.

O cenário positivo ocorre após dados divulgados pelos EUA na quarta mostrarem que os preços ao consumidor em junho subiram 3% em relação ao mesmo período do ano anterior, após alta de 4% em maio, enquanto o núcleo da inflação, cuja persistência tem sido particularmente preocupante para o Fed, diminuiu mais do que o esperado, para 4,8%.

Nesta quinta-feira, foram os preços ao produtor (PPI) que reforçaram a expectativa de uma política monetária não tão restritiva nos EUA, após subirem 0,1% em junho ante o mesmo mês do ano passado, enquanto economistas ouvidos pela Reuters projetavam elevação de 0,4%.

Dólar apresenta leve alta nesta terça-feira, repetindo a tendência de segunda - Gary Cameron - 14.nov.2014/Reuters

Mesmo que os últimos dados de inflação não tenham afetado as perspectivas de que o Fed elevará os juros no final do mês em 0,25 ponto percentual, eles alimentaram apostas de que pode ser o último aumento de um ciclo que começou em março de 2022.

"Nós temos uma influência muito grande do mercado norte-americano, então qualquer dado que seja positivo em relação à inflação, à perspectiva de queda de juros [nos EUA], impacta positivamente o mercado nacional", afirmou Alexandre Cruz, sócio e assessor da Quattro Investimentos.

No Brasil, o bom desempenho da Bolsa foi apoiado por altas da Vale (2,11%), da Petrobras (1,02%) e da PetroRio (3,05%), que ficaram entre as mais negociadas da sessão. As companhias também são beneficiadas pelas commodities no exterior.

"O movimento ocorreu acompanhando o avanço do minério de ferro no mercado internacional, em meio as expectativas de que Pequim fornecerá mais ajuda ao setor imobiliário, o que se sobrepõe à frustração com a balança comercial da China", diz o economista Alexsandro Nishimura, sócio da Nomos.

O setor bancário também ajudou no desempenho do Ibovespa nesta quinta, com altas de Itaú (1,48%) e Bradesco (2,60%).

Nos mercados futuros, as curvas de juros mais curtas, com vencimento em 2024, mantiveram-se estáveis.

Entre os contratos de longo prazo, as taxas encerraram em alta. Os contratos com vencimento em 2025 foram de 10,78% para 10,85%, enquanto os para 2026 foram de 10,11% para 10,22%.

No câmbio, o dólar registrava queda tanto no Brasil como no exterior. O índice DXY, que mede o desempenho da moeda americana ante outras divisas fortes, caía 0,52% nesta tarde.

As perdas do dólar ocorrem após os dados de inflação divulgados na quarta (12) terem aberto caminho para uma antecipação do fim do aperto monetário pelo Fed. Taxas mais altas tendem a beneficiar a divisa ao aumentar o retorno da renda fixa do país, atraindo recursos.

No Brasil, a taxa Selic está atualmente em 13,75% ao ano, nível elevado que apoiou o real no primeiro semestre, uma vez que torna a rentabilidade do mercado de renda fixa brasileiro mais atraente para investidores estrangeiros.

No entanto, um recente cenário de arrefecimento da inflação deve levar o Banco Central a cortar os juros já em sua reunião de agosto. Economistas dizem, no entanto, que ainda há espaço para queda do dólar frente o real nos próximos meses.

"Se por um lado a gente perde em termos de entrada em renda fixa, principalmente nos títulos públicos, pode haver alguma recomposição disso em termos de [ingresso de recursos na] renda variável" após eventual corte da Selic, explicou à Reuters nesta semana Matheus Pizzani, economista da CM Capital.

Com Reuters

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