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Bolsa supera os 120 mil pontos, e dólar cai, com expectativa sobre juros e inflação no Brasil

Ibovespa é apoiado empresas aéreas e do setor de varejo, favorecidas pela queda nos juros futuros

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São Paulo

A Bolsa brasileira subiu 1,80% e voltou ao patamar dos 120 mil pontos nesta sexta-feira (21), impulsionada por ações de Petrobras, Vale e Itaú, numa sessão marcada pelo vencimento de opções sobre ações. Na semana, o Ibovespa acumula alta de 2,1%, fechando aos 120.216 pontos.

Já o dólar voltou a cair e fechou o dia com desvalorização de 0,43%, cotado a R$ 4,781, ainda em meio a expectativas com a decisão sobre juros do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) e a espera de dados sobre inflação no Brasil. A moeda americana teve queda semanal de 0,3%.

Nesta sexta, o Tesouro Nacional divulgou que a dívida pública federal do Brasil cresceu 2,95% em junho em relação ao mês anterior, a R$ 6,191 trilhões.

O coordenador de operações da dívida pública do Tesouro, Roberto Lobarinhas, citou um ambiente muito favorável para a emissão de dívida em junho após a divulgação do resultado.

"Junho foi extremamente positivo para os mercados, positivo para a emissão de dívidas; percebemos aumento do apetite por risco após a resolução do impasse da dívida dos Estados Unidos", disse ele.

Dólar fechou estável em dia de cautela com cenário internacional - Dado Ruvic - 17-Jul-2022/Reuters

Para o economista Tiago Sbardelotto, da XP, os números mostram incertezas sobre os ganhos com medidas de elevação de receitas do governo.

"O relatório reflete as dificuldades do governo para aumentar a arrecadação de impostos no curto prazo e a expansão das despesas obrigatórias, especialmente aquelas relacionadas ao salário mínimo e ao programa Bolsa Família. Acreditamos que o orçamento para 2024 deve enfrentar os mesmos desafios", afirma o economista.

Diante da agenda fraca de divulgações no Brasil, a performance das ações foi apoiada pelo alívio na curva de juros, bem como refletiu movimentações técnicas relacionadas ao vencimento de opções e expectativas para a próxima semana, quando será conhecida nova decisão de política monetária nos EUA.

Os juros futuros, aliás, voltaram a cair após duas sessões de alta, com o ganho de força das apostas de que o Banco Central pode promover um corte de 0,50 ponto percentual na Selic em sua próxima decisão, marcada para agosto.

A curva de juros para janeiro de 2024 foi de 12,76% para 12,72%, enquanto a de 2025 caiu de 10,84% para 10,76%. Nos contratos mais longos a queda foi ainda maior: os juros para 2026 foram de 10,29% para 10,20%, e os para 2027 passaram de 10,34% para 10,24%.

Com isso, a Bolsa brasileira conseguiu garantir mais um dia positivo e fechou acima dos 120 mil pontos pela primeira vez no mês. Altas de Vale (0,60%), Petrobras (1,88%) e Itaú (1,79%), que foram as mais negociadas do dia, apoiaram o Ibovespa, assim como ganhos de ações do Bradesco (3,26%) e Ambev (2,54%).

As maiores altas desta sexta, porém, foram de ações da Azul (8,82%), da Gol (7,56%) e da Via (6,31%), que estão no grupo das chamadas "small caps", empresas menores e mais ligadas à economia doméstica. O índice que reúne essas companhias teve alta de 1,79% na sessão.

O especialista em mercado de capitais da GT Capital Marcus Labarthe aponta que, além da queda dos juros, as empresas aéreas foram beneficiadas por um anúncio da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) de que a demanda por transporte aéreo no Brasil subiu 7,5% em junho, sendo o segundo mês em que o resultado superou o período pré-pandemia.

O setor de varejo também foi um dos principais motores do pregão, com Magalu (4,13%) e Grupo Soma (3,88%) completando a lista de maiores altas do dia. O Icon, que reúne empresas do setor de consumo, subiu 1,96% no dia.

Nesta sexta, um movimento técnico relacionado ao vencimento de opções sobre ações na Bolsa também auxiliou o Ibovespa.

As opções são contratos que dão ao titular o direito de vender ou comprar um ativo numa data específica no futuro por um valor pré-determinado. O vencimento de opções, ou seja, a data limite para exercer esse direito, sempre ocorre na terceira sexta-feira do mês, o que impacta o preço dos ativos no pregão do dia.

No Brasil, a safra de balanços ganha fôlego na próxima semana, com a agenda incluindo companhias como Vale, Santander Brasil, Usiminas, Telefônica Brasil, Carrefour Brasil e Gol.

Investidores estarão de olho para verificar se a recente melhora no cenário macroeconômico se reflete nos resultados das companhias.

De acordo com estrategistas da XP Investimentos, embora os mercados tenham começado a prever um cenário mais positivo durante o segundo trimestre, as perspectivas para a temporada de resultados são divergentes.

Dólar cai nesta sexta

No câmbio, o dólar começou o dia em alta ante o real, seguindo movimentações do exterior.

Com a moeda na faixa dos R$ 4,82, no entanto, exportadores aproveitaram para vender divisas, o que pesou sobre as cotações. Além disso, conforme um profissional ouvido pela agência Reuters, investidores estrangeiros internalizaram recursos, o que reforçou o viés negativo para a moeda norte-americana.

Na próxima semana, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulga o IPCA-15 de junho, e os dados de inflação podem reforçar as apostas sobre o corte da Selic esperado para agosto.

Embora o nível atual dos juros, de 13,75%, seja apontado como um apoio para o real ao atrair investimentos para o mercado de títulos local, alguns especialistas argumentam que eventuais perdas de ingressos na renda fixa após a queda da Selic podem ser compensadas por entradas de dinheiro no país via renda variável, o que continuaria apoiando a divisa brasileira.

Já outros dizem que, mesmo que o BC comece a afrouxar a política monetária, fará isso de forma gradual, de forma que os juros reais (que descontam o IPCA) continuarão em patamar favorável ao real por algum tempo.

Nos EUA, a expectativa é que o Fed promova mais um aumento de 0,25 ponto nos juros do país. A dúvida, porém, é se elevações posteriores ainda serão necessárias neste ano.

A aposta majoritária do mercado dos EUA é que o próximo aumento será o último do aperto monetário promovido pelo Fed, mas

Já os principais índices acionários americanos tiveram direções mistas. Enquanto o Dow Jones e o S&P 500 tiveram leves altas de 0,01% e 0,03%, mantendo-se praticamente estáveis, o Nasdaq 0,22%, ainda impactado por balanços frustrantes de grandes empresas americanas.

Com Reuters

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