Bolsa tem queda e dólar sobe com expectativa sobre reforma tributária e juros nos EUA

Exterior desfavorável puxa Bolsas globais para baixo e pressiona Ibovespa, mas beneficia moeda americana

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São Paulo

A Bolsa brasileira teve forte queda de 1,77% e fechou a 117.425 pontos nesta quinta-feira (6) puxada pelo exterior, num ambiente de aversão ao risco com previsões de novas altas de juros nos Estados Unidos neste ano. A tramitação da reforma tributária no Congresso também esteve no radar dos investidores.

Já o dólar teve nova alta, apoiado justamente pela expectativa de aperto nos juros, que favoreceria a moeda americana. A divisa terminou o dia com valorização de 1,64%, cotada a R$ 4,93.

Nesta quinta, dados mostraram que a criação de vagas no setor privado dos Estados Unidos aumentou muito mais do que o esperado em junho, indicando que o mercado de trabalho continua forte apesar dos riscos crescentes de uma recessão.

O setor privado norte-americano abriu 497 mil vagas de emprego no mês passado, enquanto economistas consultados pela Reuters previam abertura de 228 mil postos no setor privado.

Nota de dólar americano
Nota de dólar americano - Dado Ruvic - 17.jul.2022/Reuters

Os dados somam-se à ata da última reunião de política monetária do Fed, divulgada na quarta, que aumentou as apostas num novo aumento de juros nos EUA. Agora, analistas consultados pela ferramenta FedWatch, do CME Group, veem 95% de chance de uma nova alta de juros na próxima reunião do Fed, marcada para este mês.

Com isso, os índices americanos tiveram forte queda. O Dow Jones, o S&P 500 e o Nasdaq caíram 1,07%, 0,79% e 0,82%, respectivamente.

"Esse conjunto de dados reforça a ideia de que o Federal Reserve (Fed) ainda tem trabalho a fazer para controlar a inflação. E as minutas da última reunião do Fomc, publicadas ontem (quarta-feira), mostraram que dentro do comitê há um grupo bastante convicto de que é necessário elevar mais os juros, provavelmente além de julho", avaliou o economista-chefe da Azimut Brasil Wealth Management, Gino Olivares, em comentário enviado a clientes.

O mau desempenho dos mercados dos EUA impactou os ativos do Brasil, e o ambiente negativo foi reforçado por preocupações sobre a reforma tributária no Congresso. A expectativa ainda é que o projeto seja votado na Câmara dos Deputados até sexta (7), mas há receios no mercado de que a falta de consenso sobre o texto cause mudanças significativas.

O relatório do deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), relator da reforma tributária na Câmara foi lido na véspera em plenário e, entre as alterações, inclui proposta de criar uma cesta básica nacional de alimentos com alíquota zero.

Nesta quinta, porém, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou não ter dúvidas de que o Senado irá mexer no texto da reforma tributária a ser aprovado pela Casa.

O possível adiamento de outros temas, como a retomada voto de qualidade do Carf e o arcabouço fiscal, também causou preocupação. Líderes de legendas do chamado centrão dão como certo que a análise dessas duas matérias fique para agosto, depois do recesso parlamentar.

Com isso, o Ibovespa teve forte queda. Todas as ações mais negociadas da sessão tiveram desempenho negativo, inclusive Petrobras e Vale, as maiores da Bolsa, que tombaram 1,59% e 0,64%, respectivamente.

Completaram a lista de papéis mais negociados as ações do Itaú, do Bradesco e da B3, que tiveram perdas de 1,24%, 2,23% e 3,80%, respectivamente.

Já os mercados de juros futuros registraram alta pelo terceiro dia consecutivo. Os contratos com vencimento em janeiro de 2024 saíam de 12,80% para 12,83%, enquanto os para 2025 iam de 10,76% para 10,80%.

No câmbio, o dólar teve alta impulsionado principalemte pelo possível adiamento de outras matérias econômicas em detrimento do avanço da reforma tributária.

Apesar da valorização no Brasil, o dólar teve queda ante outras moedas fortes no exterior, com o índice DXY, que mede o desempenho da moeda americana ante essas divisas, caindo 0,24%.

Com Reuters

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