Johnson & Johnson pagará R$ 90 mi a homem que diz ter câncer causado por talco

Empresa afirmou que vai recorrer, argumentando que a decisão contesta décadas de avaliações científicas sobre a segurança do produto

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Brendan Pierson
Nova York | Reuters

A Johnson & Johnson deverá pagar US$ 18,8 milhões (R$ 90,2 milhões) a um homem nos Estados Unidos que diz ter desenvolvido câncer devido à exposição ao talco para bebês fabricado pela empresa. A decisão foi tomada nesta terça-feira (19) e configura um revés para a companhia, que busca resolver milhares de casos semelhantes relacionados aos seus produtos à base de talco em um tribunal de falências.

O júri decidiu a favor de Emory Hernandez Valadez, 24, que entrou com uma ação no ano passado no tribunal estadual da Califórnia, em Oakland, buscando ressarcimento quanto aos danos financeiros.

Ele afirmou ter desenvolvido mesotelioma, um câncer no tecido ao redor de seu coração, como resultado de uma exposição intensa ao talco da empresa desde a infância. O julgamento de seis semanas foi o primeiro relacionado ao talco que a J&J enfrentou em quase dois anos.

Pote de talco da Johnson & Johnson - Justin Sulliva - 5.abr.2022/Getty Images via AFP

O júri concluiu que Emory tinha direito à indenização para compensar suas despesas médicas, dor e sofrimento, mas optou por não conceder danos punitivos contra a empresa. Não se sabe quando ele receberá o valor graças a uma ordem do tribunal de falências que congela a maioria dos processos judiciais relacionados ao talco da J&J.

Erik Hass, vice-presidente de litígios da companhia, afirmou em comunicado que a empresa vai recorrer da decisão, chamando-a de "inconciliável com décadas de avaliações científicas independentes que confirmam que o Talco Johnson é seguro, não contém amianto e não causa câncer."

A agência Reuters não conseguiu contato com o advogado de Hernandez para comentar o caso.

No dia 10 de julho, os advogados da J&J disseram que não havia evidências que ligassem o tipo de mesotelioma de Emory ao amianto, nem provas de que ele tenha sido exposto ao talco contaminado. Já, para a acusação, a companhia "desprezivelmente" encobre décadas da contaminação por amianto.

Dezenas de milhares de requerentes processaram a empresa, alegando que o talco em pó e outros produtos à base de talco às vezes continham amianto e causaram câncer de ovário e mesotelioma. A J&J afirmou que seus produtos de talco são seguros e não contêm amianto.

A subsidiária LTL Management, entrou com pedido de falência em abril, propondo pagar US$ 8,9 bilhões (R$ 42,7 bilhões) para resolver mais de 38 mil processos e evitar novos casos. Foi a segunda tentativa da empresa de resolver as reclamações, após um tribunal federal de apelações rejeitar uma tentativa anterior.

Os requerentes estão buscando que o último pedido de falência da LTL seja rejeitado. Eles argumentaram que o pedido foi feito de má-fé para proteger a empresa de litígios.

As companhias argumentam que a falência proporciona pagamentos de acordos mais justos, eficientes e equitativos aos demandantes do que os tribunais de julgamento, aos quais eles compararam a uma "loteria," na qual alguns litigantes recebem grandes indenizações e outros nada.

A J&J afirmou em documentos do tribunal de falências que os custos de seus veredictos, acordos e honorários legais relacionados ao talco atingiram cerca de US$ 4,5 bilhões (R$ 21,5 bilhões).

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