Descrição de chapéu Aeroin

Mais de 7.000 pilotos nos EUA não querem virar comandantes e isto pode gerar crise

Apesar de salário maior, cargo para recém-chegados tem menos benefícios, como prioridade mais baixa para solicitações de folga

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Carlos Martins
Aeroin

A posição e o cargo de "comandante de avião" é o sonho da maioria dos pilotos, mas nos Estados Unidos milhares de copilotos não querem esta função. A fuga do cargo, que lidera a tripulação e tem maior responsabilidade no voo, pode causar sérios problemas, que já estão deixando as companhias aéreas americanas em alerta.

Segundo dados dos sindicatos de pilotos da American Airlines e da United Airlines repassados para a Reuters e MSN, em torno de 7.000 primeiros-oficiais (copilotos) na American e 500 na United decidiram não se candidatar à vaga de comandante quando ela foi aberta no início do ano.

"O número de promoções recusadas dobrou nos últimos 7 anos", afirmou Dennis Tajer, porta-voz do Sindicato de Pilotos da American Airlines.

Imagem mostra homem na cabine de piloto de um avião de pequeno porte.
Participante de programa da Minetoo, empresa sediada no Aeroporto Campo de Marte - Bruno Santos - 23.jun.23/Folhapress

Apesar do salário maior do cargo de comandante e do status e experiência, que inclusive ajuda para conseguir outros empregos, o fato do aviador entrar na função senioridade baixa (comandante júnior) tem afastado os copilotos.

Como em qualquer profissão, quem entrou por último tem menos benefícios, que no caso dos pilotos se refletem em prioridade mais baixa para solicitações de folga, para escolha de destinos a serem voados e outros pontos.

Isto tem afastado os copilotos, que não tem visto tanta vantagem em migrar para um cargo que também não teria uma progressão rápida de aeronave. Para muitos, ter maior experiência em aviões diferentes é um diferencial, também sendo uma progressão de carreira mais clara do que "uma mudança de assento".

Hoje, a United tem 5.900 comandantes contra 7.500 primeiros-oficiais, quando este número deveria ser na proporção de um para um, ou muito próximo disso. Apenas por estes números é possível ver que os comandantes acabam voando muito mais, já que cada aeronave requer ao menos um de cada tipo de piloto.

E isto é o que tem feito Phil Anderson, copiloto da United de 48 anos, a escolher não ir para a cadeira de comandante, mesmo que isso significasse um aumento de 40% no salário: "Se eu fizesse isso, meu casamento terminaria num divórcio e veria meus filhos um final de semana ou outro", afirmou o piloto.

As companhias têm feito movimentos para melhorar a qualidade de vida dos comandantes, além de fazerem recrutamentos externos para o cargo, de maneira a não gerar ainda mais cancelamentos de voos por falta de pessoal.

Esta disputa entre empresas também favorece os copilotos, que caso se sintam coagidos para a promoção, têm várias outras opções de empresa para trabalharem, num mercado que já tem falta de pilotos no geral, não apenas de comandantes.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.