Surto de gripe aviária causaria prejuízo de R$ 22 bilhões ao Brasil, diz estudo

Levantamento do FGV Agro considera impactos na produção, na exportação e no mercado de trabalho

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Um levantamento feito pelo FGV Agro a pedido do Anffa Sindical (Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários) aponta um prejuízo de quase R$ 22 bilhões ao Brasil em caso de surto da gripe aviária em granjas comerciais. Somente ao agronegócio, o prejuízo seria de R$ 11,8 bilhões.

Desde maio, quando foi confirmado o primeiro caso da influenza aviária no Brasil, são 62 focos da doença registrados no país, sendo um em ave de subsistência. De acordo com o Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária), o consumo e a exportação de produtos permanecem seguros.

Galinhas em granja no Paraná - Rodolfo Buhrer/Reuters

O estudo do FGV Agro traz situações hipotéticas que iriam impactar na arrecadação de diversos setores. Por exemplo, para cada perda de R$ 100 no valor das exportações de carnes aviárias, o setor de comércio perderia R$ 11, ou seja, o impacto indireto negativo para varejistas e atacadistas chegaria a 11% do total em perdas para a cadeia aviária. Nesta linha, haveria também a redução de 8% na produção de rações animais, 6% no setor elétrico, 4% no transporte terrestre de cargas, dentre outros segmentos.

O levantamento também estima perda de 46 mil postos de empregos formais em diversos setores, além da queda de R$ 1,3 bilhão na arrecadação de impostos e da redução de R$ 3,8 bilhões na renda do brasileiro.

Segundo a pesquisadora responsável pelo estudo, Talita Priscila Pinto, foi avaliada a quantidade de focos de influenza aviária registrada em países vizinhos ao Brasil para os pesquisadores definirem os estágios de risco do vírus. A pesquisadora afirma que o risco de contágio é maior no intervalo do dia de entrada do vírus ao país até a data de confirmação do primeiro caso e a contenção.

"É nesse período que estamos completamente expostos e dependemos da eficiência da vigilância agropecuária", afirma.

Para Janus Pablo Macedo, presidente do Anffa Sindical, o estudo traz indicadores e projeções de como a gripe aviária pode impactar negativamente a economia. Para ele, o momento é de observar e monitorar a incidência do vírus no país.

"O levantamento reforça que estamos no caminho certo, que é o de focar nossos esforços na contenção da disseminação do vírus especialmente nas agroindústrias", afirma Macedo.

"Essa relação de prejuízos para cada setor da economia é uma situação hipotética levantada pelo estudo e nos mostra a dimensão do problema, caso a defesa agropecuária não agisse rapidamente. O Brasil tem capacidade para agir diante de um eventual surto. Estamos trabalhando em conjunto com o Mapa e os auditores agropecuários estaduais para evitar tais efeitos", diz.

Saiba mais

Influenza Aviária

  • O que é?

    A influenza aviária é uma doença viral altamente contagiosa que afeta várias espécies de aves domésticas e silvestres e, ocasionalmente, mamíferos

  • Como é transmitida?

    A exposição direta a aves silvestres infectadas é o principal fator de transmissão da IA. Estas aves atuam como hospedeiro natural e reservatório dos vírus da IA desempenhando um papel importante na evolução, manutenção e disseminação desses vírus. Mercados e feiras de vendas de aves vivas podem facilitar o contato próximo entre diferentes espécies de aves e outros animais, assim como com o homem

  • Como evitar?

    A IA não é uma doença transmitida pela carne de aves e nem pelo consumo de ovos. Caso identifique aves doentes ou alta mortalidade de aves silvestres ou domésticas, não toque nas aves, informe imediatamente à Unidade Veterinária Local mais próxima

  • O que as autoridades recomendam?

    O avicultor deve preservar estruturas de proteção dos aviários, incubatórios, fontes de água e fábricas de ração para evitar contato com aves silvestres e outros animais

  • Fonte: Mapa

A ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) considera o prejuízo calculado "superestimado".

"Não se pode negar a possibilidade de ocorrência de prejuízos, porém, mesmo em uma condição extrema de impactos, a situação apresentada parece apontar para uma crise por um período muito mais longo do que a realidade apresentada nos países que já enfrentaram ou enfrentam registros da enfermidade há um certo tempo", afirma a ABPA, em nota.

"É preciso cautela em dispor dados que partem de estimativas pautadas por premissas que destoam da realidade brasileira, e que podem gerar especulações equivocadas e insegurança dos diversos entes que tornam a cadeia produtiva economicamente sustentável."

Segundo a associação, o trabalho no monitoramento da enfermidade em aves silvestres _"um dos mais elevados do mundo"_ e as diversas medidas tomadas pelo governo contra o vírus têm preservado o status sanitário brasileiro, com a doença fora do seu plantel comercial.

É possível acompanhar os casos confirmados e sob investigação acessando aqui o indicador criado pelo ministério.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.