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Brasil é afetado pela primeira vez por gripe aviária

Doença foi encontrada em aves silvestres e não deve afetar exportações do país

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São Paulo

O Brasil registrou, pela primeira vez, a existência da gripe aviária em seu território. A doença apareceu em duas aves marinhas no litoral do Espírito Santo. Por ora, a influenza aviária, como é denominada a doença, não traz grandes consequências, uma vez que não afeta a produção de aves em granjas.

O país perde, no entanto, o status de jamais ter registrado um caso da doença, embora permaneça livre da gripe aviária por não ter sido afetada a produção comercial. Até então, nas negociações, o país tinha o privilégio de, além de ser um grande produtor e exportador, não ter registrado a presença do vírus.

Galinhas ficam em gaiolas em uma fazenda, enquanto o governo da Argentina adota novas medidas para prevenir a propagação da gripe aviária e limitar os danos potenciais às exportações à medida que os casos aumentam na região, em Buenos Aires, Argentina - Mariana Nedelcu/REUTERS

O Brasil é mais um país a entrar na lista dessa doença, que se espalha pelo mundo todo. Só na América do Sul, a gripe aviária já esteve presente no Uruguai, na Argentina, na Bolívia, no Chile, na Colômbia, no Peru, no Equador e na Venezuela. Os principais focos ocorrem na América do Norte, na Ásia e na Europa.

A presença da influenza aviária no Brasil era questão de tempo. Mudanças de rotas de aves e mutações do vírus tornaram a situação completamente atípica no mundo. O Brasil, que esperava estar livre da migração oriunda do Uruguai nesse período do ano, foi afetado por aves vindas do Norte.

Estados Unidos e Europa, que previam uma retração do vírus no verão, viram a situação se agravar ainda mais em algumas regiões.

O primeiro caso brasileiro ocorreu no litoral, região com pouca produção de aves. Espírito Santo é responsável por 0,66% dos 5,63 bilhões de aves abatidas no país e por 0,19% do total das exportações nacionais.

O Estado é importante, no entanto, na produção de ovos, ocupando o posto de terceiro maior do país. Os dados são do Ministério da Agricultura e da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) e se referem a 2022.

O surgimento da doença no Brasil vai exigir mais atenção dos produtores, uma vez que uma eventual chegada às granjas comerciais trará sérios prejuízos para o país, líder mundial em exportações.

Os Estados Unidos, que passam pela segunda onda da gripe aviária, mostram o quanto é difícil o combate a esse vírus. Apesar de todo o investimento do governo norte-americano, o vírus, que se espalha rapidamente, já provocou a morte de 59 milhões de aves comerciais nesta passagem da doença. Na anterior, haviam sido dizimadas outros 50 milhões.

Ao todo, já são 833 focos da doença nos Estados Unidos, 325 deles em granjas comerciais. Os demais ocorreram em criações de fundo de quintal. Apesar da doença, os norte-americanos continuam exportando.

As aves marinhas resgatadas no Espírito Santo com a gripe aviária são da espécie Thalasseus acuflavidus, nome popular para trinta-reis-de-bando. O Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de São Paulo, referência da Omsa (Organização Mundial de Saúde Animal), confirmou se tratar de influenza aviária.

O Ministério da Agricultura destaca que a notificação do vírus em ave silvestre não afeta a condição do Brasil como país livre da doença, e os países membros da Omsa não devem impor restrições ao comércio internacional de produtos brasileiros.

A Agricultura afirma que vai intensificar as ações de comunicação sobre a doença e apontar as principais medidas de prevenção. Alerta também que infecções humanas pelo vírus da gripe aviária podem ocorrer, principalmente por meio do contato com aves infectadas, vivas ou mortas. A doença não é transmitida, no entanto, pelo consumo de carne de aves e de ovos.

Em comunicado, o Ministério da Agricultura afirma que o ministro Carlos Fávaro declara estado de alerta para aumentar a mobilização do setor privado e de todo o serviço veterinário oficial no combate à doença.

A associação reafirma que, conforme informações cientificamente respaldadas pela Omsa e pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura), o consumo de aves e de ovos é seguro.

Para Ricardo Santin, presidente da ABPA, a ocorrência da gripe aviária em aves marinhas fez com que o Brasil mostrasse transparência do sistema de controle do país para o mercado externo. A partir de agora, o Brasil deve elevar ainda mais a régua da biosseguridade e da prevenção, afirma ele.

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