Descrição de chapéu Rio de Janeiro - Estado

Turismo do Rio mira potencial do agro e quer fisgar viajantes do Centro-Oeste

Hotéis da capital fluminense relatam aumento no desembarque de turistas da região que é referência na agropecuária

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Rio de Janeiro

Bandeiras de times de futebol da região Centro-Oeste tremulam na barraca de Jonildo Viegas da Silva, 54, na praia de Ipanema, zona sul do Rio de Janeiro.

A decoração está associada ao perfil dos clientes, não à preferência clubística do vendedor. Segundo Jonildo, mais conhecido como Nildo, boa parte dos turistas que compram bebidas ou lanches e alugam cadeiras na barraca é do Centro-Oeste.

Assim, as bandeiras de Goiás, Atlético-GO, Vila Nova e Cuiabá funcionam como chamariz para o público da região. "Vem cada vez mais turista de lá", afirma o vendedor, que nasceu na Paraíba e trabalha há 33 anos na barraca em Ipanema.

Ele não é o único a ter essa impressão sobre os viajantes do Centro-Oeste. Representantes de hotéis do Rio dizem que turistas da região ganharam participação no mercado carioca a partir da pandemia.

Jonildo Viegas da Silva, 54, trabalha na praia de Ipanema, no Rio, onde tem uma barraca decorada com bandeiras de clubes de futebol do Centro-Oeste - Eduardo Anizelli/Folhapress

Um dos possíveis motivos para isso é o desempenho do agronegócio, que movimenta a economia do Centro-Oeste. O setor se destacou durante a crise sanitária e, em 2023, é estimulado pelas projeções de recorde na safra do Brasil.

De olho nesse cenário, a hotelaria carioca considera que há potencial de crescimento do mercado da região e pretende direcionar ações de marketing para mantê-lo aquecido após a pandemia.

"À medida que vem um cliente para cá, o hotel começa a mandar propaganda para lá", diz Alfredo Lopes, presidente do HotéisRIO (Sindicato dos Meios de Hospedagem do Município do Rio de Janeiro). "É muito bom ter esse público aqui. Eles têm recursos", acrescenta.

Segundo Lopes, os hotéis vêm apostando em ações em conjunto com o governo estadual para divulgar o turismo do Rio nas diferentes regiões do país, incluindo o Centro-Oeste.

"O que a gente busca agora é atrair eventos do agro para o Rio, que não tem muito essa característica. A gente está conversando com o governo estadual", afirma.

"Vamos supor que a gente fizesse uma grande feira de tratores. A pessoa vem aqui, vê os tratores e fica passeando no Rio. O trator é o mesmo aqui ou lá. Existe essa ideia, sem dúvida, para atração do pessoal do agro", completa.

Conforme o HotéisRIO, os estados de São Paulo e Minas Gerais são as principais origens de viajantes nacionais que desembarcam na capital fluminense, mesmo com a demanda crescente do Centro-Oeste registrada em parte do setor.

Fernando Blower, presidente do SindRio (Sindicato de Bares e Restaurantes do Município do Rio de Janeiro), lembra que a pandemia dificultou e encareceu viagens internacionais.

O reflexo, segundo ele, foi a procura por deslocamentos mais curtos dentro do país. Essa situação, diz, favoreceu o desembarque na capital fluminense de turistas de regiões como o Centro-Oeste nos últimos anos.

"A dinâmica do turismo tem muito a ver com o poder aquisitivo. Como a gente tem no Centro-Oeste um número relevante de pessoas com bom poder aquisitivo, é natural que procurem o Rio para passar um final de semana ou alguns dias. A gente tem visto isso com frequência", afirma Blower.

Com o impacto da safra, a atividade econômica deve crescer 5,08% no Centro-Oeste em 2023, aponta projeção da consultoria MB Associados. A taxa supera o avanço esperado pela MB em regiões menos influenciadas pelo campo, como o Sudeste (1,18%).

"O crescimento econômico faz com que o público de lá [Centro-Oeste] viaje mais. É natural que isso aconteça, que tenha mais gente viajando, em razão do aumento da renda", diz o secretário estadual de Turismo do Rio de Janeiro, Gustavo Tutuca.

"Nossa esperança é que [o fluxo] aumente por causa das ações que vamos fazer. O Rio é o maior destino turístico do país, mas tem concorrência grande. A gente procura manter nossas ações de promoção para ter o fluxo alto aqui", acrescenta.

Antes da pandemia, turistas do Centro-Oeste —desconsiderando o Distrito Federal— respondiam por uma fatia "residual", perto de 1%, do faturamento total no Rio da rede de hotéis Arena, diz José Domingo Bouzón, diretor-geral da empresa.

Atualmente, a participação está maior, na faixa de 5% a 8%, de acordo com o empresário. A rede opera quatro hotéis na capital fluminense. Para Bouzón, o ganho de participação dos viajantes do Centro-Oeste está associado a um "somatório de fatores".

"Eles têm o poder aquisitivo, e nós estamos divulgando nosso produto", afirma.

Tiago Sagás, gerente de vendas e distribuição da operadora bUP Hotels, também vê uma demanda maior de clientes do Centro-Oeste.

De acordo com ele, a região passou a responder por cerca de 20% do mercado nacional da bUP no Rio —antes, o percentual estava na casa de 12%. A empresa opera 11 hotéis no município.

Para o gerente, um dos possíveis fatores por trás do quadro é o desempenho do agronegócio. "Uma vez que o setor está nessa crescente, faz com que as pessoas tenham mais disponibilidade para viajar. A gente acredita nisso", diz.

Sagás afirma que a bUP pretende seguir com ações de divulgação voltadas a regiões como o Centro-Oeste, o que inclui eventos com agências de viagens e operadores de turismo, além de impulsionamento digital.

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