Americanas demite mais de 9.000 em sete meses de recuperação judicial

Empresa diz que desligamentos, que equivalem a 21% do total de funcionários, são fruto de 'reestruturação de algumas frentes de negócio'

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São Paulo

A Americanas, em recuperação judicial, com dívidas declaradas de R$ 42,5 bilhões, demitiu 9.175 funcionários (21% da sua força de trabalho) e fechou 72 lojas (4% do total de pontos de venda) nos últimos sete meses.

A varejista, uma das maiores do país, tanto em rede física quanto no comércio eletrônico, entrou em recuperação judicial em 19 de janeiro.

Os dados foram levantados pela Folha com base em informações enviadas pela companhia à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e confirmados pela própria Americanas.

fachada de loja onde se lê Americanas
Fachada de loja da Americanas no Park Shopping, em Brasília. - Gesival Nogueira/Ato Press/Agência Globo

Os registros vão até o dia 20 de agosto. Apenas na semana de 14 a 20 de agosto, foram 1.450 demissões, com o fechamento de três lojas.

Hoje, a varejista soma 33.948 funcionários diretos e 1.806 pontos de venda. Em 12 de janeiro, dia seguinte ao anúncio de R$ 20 bilhões em "inconsistências contábeis" no balanço da companhia, que deu origem à crise, a Americanas somava 43.123 colaboradores.

De acordo com a companhia, o desligamento de colaboradores decorre da "reestruturação de algumas frentes de negócio em seu plano de transformação".

Segundo a empresa, "os números de demissões e pedidos de saída em agosto são equivalentes ao mesmo período do ano anterior, até a data" (confira a nota completa ao final do texto).

Segundo o Sindicato dos Comerciários do Rio, onde fica a sede da empresa, foram realizadas 590 homologações desde março, envolvendo funcionários com um ano ou mais de contrato. O sindicato afirma que, nestes casos, todos os direitos trabalhistas foram pagos.

"Estamos indignados com o volume de dispensas que está ocorrendo", diz Márcio Ayer, presidente do Sindicato dos Comerciários do Rio.

"É preciso lembrar que essa situação acontece exclusivamente por conta de crimes cometidos pelos gestores da empresa. Precisamos acabar com este ciclo em que os bilionários fazem gestões criminosas e quem paga é o funcionário, que perde seu emprego", afirmou.

Em 13 de junho, um relatório elaborado por assessores jurídicos que acompanham a Americanas desde que a empresa entrou em recuperação judicial, apontou que demonstrações financeiras da varejista vinham sendo fraudadas pela diretoria anterior da companhia, que está sob investigação da CVM, da Polícia Federal e de uma CPI em Brasília.

Leia a íntegra da nota da Americanas:

A Americanas informa que realizou o desligamento de colaboradores diante da reestruturação de algumas frentes de negócio em seu plano de transformação.

A companhia reitera que o quadro de funcionários segue a dinâmica sazonal do varejo e que os números de demissões e pedidos de saída em agosto são equivalentes ao mesmo período do ano anterior, até a data.

A companhia continua focada na manutenção de suas operações e no aumento de sua eficiência e reforça seu comprometimento com a transparência na relação com os sindicatos e o cumprimento integral e tempestivo de suas obrigações trabalhistas, na forma da legislação vigente.

A Americanas também ressalta que o fechamento ou abertura de novas lojas faz parte do plano de transformação da companhia, que prevê ajustes imediatos e de curto e médio prazos com foco na rentabilidade e otimização do negócio.

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