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Natura anuncia que pode vender Body Shop, e mercado vê foco na América Latina

Movimento indica desistência da holding de planos de expansão global

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São Paulo

O grupo Natura&Co anunciou, em fato relevante desta segunda-feira (28), que considera a possibilidade de vender a fabricante e revendedora de cosméticos britânica The Body Shop, comprada da L'Oreal em 2017 por 1 bilhão de euros (R$ 5,29 bilhões, na cotação atual).

O movimento faz parte de um redirecionamento da holding brasileira para dar mais foco à América Latina. Em abril, a Natura acertou a venda da marca australiana Aesop para a L'Oreal por US$ 2,5 bilhões (cerca de R$ 12,2 bilhões no câmbio atual).

Logo da rede de lojas de comésticos The Body Shop em fachada de filial em Viena, na Áustria. Logo tem circunferência, aberta no topo, com o nome "The Body Shop", escrito no meio, em letras maiúsculas
Logo da rede de lojas de comésticos The Body Shop em fachada de filial em Viena, na Áustria - REUTERS

Não há, porém, garantia de que a autorização concedida acabará em transação, afirma a Natura no fato relevante assinado pelo diretor financeiro, Guilerme Castelan, e pelo presidente da empresa, João Paulo Ferreira.

Questionado pela Folha em maio, Ferreira havia dito que a venda da Aesop bastaria para resolver dificuldades contábeis geradas pela pandemia e Guerra da Ucrânia.

"A Avon e a Body Shop têm oportunidades de crescimento, rentabilidade e saúde como um todo. É nisso que estamos focando", afirmou na ocasião.

Ferreira, contudo, priorizou os planos para a Avon e de expansão na América Latina, onde a fabricante de cosméticos britânica é pouco expressiva.

As ações da Natura vinham de tendência de baixa nos últimos 30 dias. No fim de julho, os papéis da holding eram negociados na Bolsa por valores em torno de R$ 18. Na sexta-feira (25), atingiram um mínimo no período de R$ 15,39.

O fato relevante da manhã desta segunda alavancou as ações da Natura, que chegaram a subir 6,41%, a R$ 16,26. No fim do dia, a alta perdeu fôlego e se consolidou em 2,23% (R$ 15,62).

Analistas do Itaú BBA afirmam que uma possível venda da Body Shop seria positiva para a Natura&Co, uma vez que o negócio poderia reduzir o risco percebido pelo mercado nos anúncios de investimento global do grupo.

O relatório da empresa projeta que, com esse movimento, os papéis da holding podem fechar o ano em R$ 21, caso 100% da rede britânica fosse vendida.

O braço de investimentos do Itaú também reduziu as estimativas de receita da Body Shop de R$ 4,3 bilhões para R$ 4,1 bilhões neste ano.

A Body Shop tem 10 mil empregados em 3.000 lojas, distribuídas em cerca de 70 países, de acordo com o site da empresa. Fundada com o diferencial de trabalhar com embalagens retornáveis, o negócio tem apresentado dificuldades para lidar com a concorrência, agora que sustentabilidade se tornou moda.

A receita da marca britânica caiu 12% no último trimestre, em relação ao mesmo período do ano passado, mostra o balanço mais recente da Natura&Co, divulgado no dia 14. O grupo brasileiro atribuiu à Body Shop parte da responsabilidade pela queda no valor recebido pela empresa entre abril e junho de 2023.

As aquisições de Body Shop e Aesop fizeram parte da estratégia da Natura de montar um portfólio global. Isso começou em 2012, com a compra de 65% da fabricante de cosméticos australiana por US$ 71,6 milhões (R$ 238 milhões). A holding brasileira exerceu uma opção contratual e assumiu 100% da marca quatro anos depois.

Para analistas do JPMorgan consultados pela Reuters, dado o que houve com a Aesop e o foco na América Latina, uma venda parece ser o cenário mais provável e permitiria que a Natura se concentrasse em seu principal negócio de venda direta e na integração da Avon.

No caso da Aesop, foram cerca de seis meses entre a divulgação dos estudos de um movimento estratégico - outubro de 2022 —até o anúncio da venda da Aesop— abril de 2023.

Com Reuters e Financial Times

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