Negócio bilionário no setor de carnes, imposto sobre fundos de super-ricos e o que importa no mercado

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São Paulo

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Minerva paga R$ 7,5 bi por 16 frigoríficos da Marfrig

Uma transação anunciada nesta segunda por duas gigantes do setor de carne bovina mexeu com o mercado. A Minerva vai gastar R$ 7,5 bilhões para comprar 16 frigoríficos da Marfrig, localizados na Argentina, Brasil, Chile e Uruguai.

Em números: em uma transação apenas em dinheiro, a Minerva já pagou R$ 1,5 bilhão como um "sinal" do negócio. Os R$ 6 bilhões restantes deverão ser desembolsados quando as autoridades aprovarem a transação.

A estratégia:

  • Para a Marfrig, a venda das plantas concentra o foco da empresa nas marcas de carnes processadas (hambúrguer, industrializados), que têm uma margem operacional maior.
  • A Minerva reforça sua posição como maior exportadora de carne bovina da América do Sul, ampliando sua capacidade de abate de bovinos em 43,7%, para 42.439 cabeças por dia, distribuídas por 40 plantas na América do Sul.

Quem é quem:

Marfrig: considerada a segunda maior produtora global de carne bovina, ela continua com a fábrica de industrializados Pampeano, a maior exportadora brasileira de enlatados para Europa. A empresa controlada pelo empresário Marcos Molina também é a maior acionista da BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão.

Minerva: controlada pelo Salic, fundo soberano da Arábia Saudita –que comprou 15,7% da BRF em julho–, a empresa fecha mais um grande negócio com uma rival. Em 2017, gastou US$ 300 milhões para comprar as operações da JBS na Argentina, no Uruguai e no Paraguai.

Trabalhador de frigorífico corta carne bovina - Paulo Whitaker/Reuters


Mais sobre fusões e aquisições:

A Natura disse nesta segunda que avalia vender a marca britânica de cosméticos The Body Shop, comprada da L'Oreal em 2017 por 1 bilhão de euros.

O anúncio acontece após a brasileira ter vendido a Aesop para a própria L’Oréal em abril, e se encaixa na nova estratégia da companhia de voltar ao foco do negócio e "desinchar" o grupo após tantas aquisições.

↳ No mundo dos pet shops, a Petz informou ao mercado que segue avaliando oportunidades de negócios, mas não existe qualquer acordo de fusão com a rival Cobasi.

O comunicado veio após reportagem do jornal Valor Econômico afirmar que as empresas voltaram a procurar bancos de investimentos para negociarem uma possível combinação de negócios.


Lula taxa fundos exclusivos e mira offshores

O presidente Lula (PT) assinou nesta segunda duas medidas para tributar patrimônio de brasileiros que estão no topo da pirâmide de renda.

  • Um projeto de lei para tributar offshores e outros tipos de rendimentos de capital de residentes no Brasil aplicados no exterior.

O que explica: as medidas foram tomadas para obter novas receitas e, segundo o governo, corrigir distorções na legislação. Parte dos recursos será usada para compensar a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda.

Em detalhes:

A MP
passa a valer imediatamente e tem que ser aprovada em até 120 dias no Congresso para não perder a validade. Ela fecha o cerco sobre os fundos exclusivos, que tinham vantagens em relação a outros investimentos.

  • O principal exemplo é que a tributação era feita apenas no resgate, enquanto os fundos em geral têm seu rendimento tributado de forma antecipada duas vezes por ano –o chamado come-cotas.
  • A MP, agora, prevê uma taxação de 15% a 20% sobre os rendimentos desses fundos duas vezes ao ano, além da cobrança de IR na hora do resgate. Isso já acontecia em fundos de renda fixa, cambiais e multimercados.
  • A medida tem potencial de arrecadar R$ 3,21 bilhões em 2023, R$ 13,28 bilhões em 2024, R$ 3,51 bilhões em 2025 e R$ 3,86 bilhões em 2026.

O PL das offshores foi enviado com urgência constitucional para a Câmara e prevê alíquotas progressivas, que variam de 0% a 22,5% sobre o rendimento de aplicações de brasileiros no exterior.

  • A pessoa física com rendimento no exterior de até R$ 6.000 por ano pode ter alíquota zerada. De R$ 6.000 até R$ 50 mil por ano será cobrado 15% ao ano. Renda superior a R$ 50 mil terá alíquota de 22,5%.
  • O projeto tem potencial para arrecadar R$ 7,05 bilhões em 2024, R$ 6,75 bilhões em 2025 e R$ 7,13 bilhões em 2026.

Jato da Embraer se torna o preferido dos americanos

Os americanos têm um novo jato executivo queridinho, e ele é brasileiro. O Phenom, da fabricante Embraer, superou em agosto a soma anual de pousos e decolagens do norte-americano Cessna Citation, da Textron.

Em números: foram 360,9 mil rotas feitas no país pelo Embraer Phenom 300 no mês, 1.400 viagens a mais que o norte-americano Cessna Citation.

O que explica: o resultado recompensa uma aposta feita pela Embraer nos EUA, mercado que concentra 80% dos voos de jatos executivos no mundo.

  • A fabricante baseou sua operação no país em um modelo de negócios em que grandes operadoras costumam vender serviços a vários clientes compartilhados.
  • É o caso da NetJet, de Warren Buffett, que em 2021 fechou um acordo para comprar cem modelos leves Phenom 300E, o de maior capacidade da família, por US$ 1,2 bilhão.

Raio-x: a fabricante brasileira afirma que o modelo é o jato executivo mais vendido no mundo há 11 anos.

Os Phenom são habilitados a voar com apenas um piloto, podem levar até dez passageiros e custam na casa dos US$ 10 milhões (R$ 50 milhões), cerca de um terço a menos do que os modelos americanos.

No ano passado, a aviação executiva foi responsável por 27% da receita líquida da Embraer, que totalizou US$ 4,2 bilhões (cerca de R$ 20,5 bilhões) no período.


123milhas demite e suspende HotMilhas

A 123milhas disse que começou com um plano de reestruturação interna nesta segunda, dez dias depois que foi deflagrada uma crise na plataforma de turismo.

Entre as medidas tomadas, estão a redução do tamanho da equipe "para se adequar ao novo contexto da empresa no mercado" e a suspensão da negociação com milhas aéreas por parte da HotMilhas, outra empresa do grupo.

  • Sobre as demissões, a 123milhas não revelou o tamanho dos cortes, mas relatos no LinkedIn apontam para desligamentos de ao menos cem pessoas, entre coordenadores, supervisores e analistas, das áreas administrativa, financeira e de tecnologia.
  • Em relação ao negócio de milhas, consumidores que venderam seus pontos pelo HotMilhas não estão recebendo os pagamentos no prazo devido, relata o site Aeroin.

A 123milhas é ainda dona da Maxmilhas, negócio adquirido em janeiro deste ano. Até agora, essa frente não relatou mudanças na operação.

Por que importa: 123milhas, HotMilhas e Maxmilhas têm praticamente 100% do mercado de comércio de milhas aéreas no país, um negócio que só existe no Brasil e que é contestado judicialmente pelas companhias aéreas.

  • A crise desencadeada no último dia 18 pode levar a um colapso do setor.

Mais sobre 123milhas:

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