Senadores pedem vistas, e projeto do Carf deverá ser votado em comissão na quarta

Considerada prioritária para o governo, matéria também precisa ser aprovada no plenário do Senado

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Brasília

Considerado prioritário para o governo federal, o projeto de lei que muda as regras do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) deverá ser votado na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado na tarde nesta quarta-feira (23), após pedido de vistas coletivo de senadores em sessão do colegiado desta terça-feira (22).

O Carf é uma espécie de tribunal administrativo que julga disputas bilionárias entre União e contribuintes sobre o pagamento de impostos. Após ser votada na CAE, a matéria ainda terá de ser apreciada pelo plenário do Senado.

Nesta terça, o relator da matéria, senador Otto Alencar (PSD), apresentou seu relatório com a inclusão de seis emendas que fazem ajustes de redação no texto original aprovado pela Câmara dos Deputados em julho.

O senador elogiou o trabalho "muito meticuloso" feito pelos deputados na construção do texto. "Ele foi realmente feito com essa visão de respeitar os interesses do contribuinte, mas também dando à União as condições de, no conselho dos recursos fiscais, analisar essa matéria."

Pessoas passam pela fachada externa do Carf, em Brasília, ela tem cor bege, uma porta de vidro de cor mais escura e uma placa azul com a sigla Carf
Fachada externa do Carf, em Brasília - André Corrêa/Senado Federal

O projeto devolve ao Executivo o chamado voto de qualidade. O mecanismo dá ao governo federal o poder de desempate em julgamentos de litígios tributários, o que poderia assegurar parte das receitas que contribuir para o plano do ministro Fernando Haddad de zerar o déficit e reequilibrar as contas públicas.

Na sessão desta terça, senadores como Teresa Cristina (PP-MS), Izalci Lucas (PSDB-DF), Mecias de Jesus (Republicanos-RR) e Oriovisto Guimarães (Podemos-PR) reclamaram que o relatório foi disponibilizado pouco antes da sessão, afirmando que isso inviabilizaria a discussão do texto com mais propriedade.

Eles chegaram a sugerir um prazo de sete dias para o presidente da comissão, mas o pedido de vistas concedido foi de 24 horas.

"Acho que o texto da Câmara pode ser melhorado. Temos que alterar o texto, sim, e ele voltar para a Câmara. Esse é o nosso papel, somos a casa revisora", disse Izalci Lucas.

Mecias de Jesus criticou o conteúdo do projeto aprovado, afirmando que ele transforma o Carf "em um tribunal arrecadador".

Líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA) afirmou que o governo "não está fazendo aqui nenhuma aberração" e que tanto o presidente Lula (PT) quanto Haddad não têm intenção de "querer cair em uma bobagem de irresponsabilidade fiscal".

Ele concordou com os senadores, no entanto, sobre o prazo de discussão do texto no Senado e criticou a Câmara dos Deputados. "Precisamos arrumar o regimento interno das duas Casas. Concordo que é um absurdo que aqui tudo chegue com o tempo esgotado, aos 45 minutos do segundo tempo. Essa Casa tem que ser respeitada."

Ao deixar a sessão, Jaques afirmou que já era esperado que senadores pediriam vistas, por se tratar de uma matéria complexa. Ele também disse que acha difícil que o projeto seja votado em plenário ainda nesta quarta-feira. "Talvez seja mais razoável falar em semana que vem."

O governo federal projeta uma arrecadação de cerca de R$ 40 bilhões com a proposta em 2024. Como a Folha mostrou, no entanto, uma série de "jabutis" incluído pela Câmara no texto pode reduzir esse potencial.

O texto foi aprovado pelo plenário na Câmara em 7 de julho após intensa negociação da Fazenda com a Casa, que inicialmente tinha fortes resistências às modificações —o voto de qualidade havia sido derrubado em 2020 pelo Congresso.

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