Descrição de chapéu mercado de trabalho

Veja as empresas que terão semana de quatro dias de trabalho no Brasil

Planejamento para projeto-piloto começa em setembro; salários permanecem os mesmos

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São Paulo

O teste brasileiro de uma jornada de trabalho de quatro dias por semana e sem a redução dos salários começa oficialmente no dia 5 de setembro, com o início das rodadas de palestras e planejamento nas empresas selecionadas para o projeto-piloto.

Estão entre as confirmadas um hospital, empresas de consultoria, de alimentação, editoras, produtoras de vídeo e de conteúdo, agências de comunicação, escritório de arquitetura e um escritório de advocacia.

A Soma, central de serviços compartilhados do grupo Dreamers (do qual fazem parte a agência Artplan e o Rock In Rio), as editoras Mol e Ab Aeterno, a Casa dos Parafusos e a Alimentare estão entre as companhias anunciadas nesta quarta (30) pela 4 Day Week, organização que desde 2019 avalia novos modelos de trabalho e produtividade, e pela Reconnect Happiness at Work (parceira do projeto no Brasil), em São Paulo,

O Clementino & Teixeira Advocacia atuará na assessoria jurídica do projeto e também testará o modelo em seus escritórios. No hospital Indianópolis, o teste será feito no setor administrativo.

Ilustração mostra calendário semanal dividido por duas imagens: a maior parte é de um escritório, o restante, uma paisagem de praia. A moça do escritório puxa a divisão do fim de semana para sexta-feira, enquanto a moça da praia empurra a divisão. O estilo de desenho é linhas pretas com cores chapadas na pintura.
Defensores da semana de trabalho mais curta dizem que é necessário reorganizar toda a rotina e não apenas eliminar um dia do calendário - Carolina Daffara

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Algumas empresas não autorizaram a divulgação de participação neste momento –elas ainda estariam organizando a comunicação interna antes de tornar pública a decisão. Outras ainda estavam finalizando a adesão (pois deixaram a inscrição para o último dia).

Oficialmente, 20 companhias, que somam 400 funcionários, estão confirmadas no projeto-piloto. Mais de 400 se inscreveram.

Durante a apresentação dos selecionados no projeto, uma das preocupações relatadas por representantes de empresas que estarão no teste foi a possibilidade de o modelo trazer riscos jurídicos.

Soraya Clementino, sócia do Clementino, afirmou que por ser uma inovação, a redução não tem hoje respaldo na legislação, mas que tampouco é ilegal. Durante o teste, o escritório fará reuniões individuais com os gestores das empresas e intermediará contatos com os sindicatos de cada setor.

A participação das entidades sindicais é vista pelo projeto como um fator importante de segurança jurídica para a aplicação do novo modelo.

A advogada recomendou que as empresas incluam em acordos o detalhamento do projeto e deixem explícito que se trata de um teste, e que evitem a divulgação da participação como um fator de atração de novos funcionários.

Um dos riscos quanto a questões trabalhistas é que a redução da jornada semanal gera um reajuste na hora trabalhada. Caso a empresa decida não prosseguir com o modelo após o período de teste, é necessário que esse retorno ao valor anterior (antes da redução da jornada) esteja respaldado.

Segundo Soraya, a preocupação com os contornos jurídicos é o principal peso para que empresas decidam não participar do teste.

O método defendido pela 4 Day Week para a redução da jornada segue o que a organização chama de 100-80-100: 100% do salário, 80% das horas e 100% da produtividade. Para chegar a esse desenho, não basta cortar um dia de trabalho –a segunda ou a sexta-feira, em geral.

O que dizem as empresas que adotaram a jornada menor

Segundo a 4 Day Week, com base nos testes já realizados

  • 36%

    aumento nas receitas

  • 42%

    redução nas demissões

  • 68%

    redução no esgotamento

  • 54%

    aumento na capacidade para o trabalho

  • 63%

    maior facilidade para atrair talentos

"Estamos reimaginando o trabalho para a forma que ele deveria ser", diz Gabriela Brasil, diretora de Comunidade na 4 Day Week Global.

O sucesso do novo desenho, diz, depende de pontos como comunicação clara e confiança para chegar a um modelo de produtividade que não esteja baseado em horas, mas em entregas. Horas focadas, diz Gabriela, batem horas longas.

Há empresas testando o modelo por conta própria ou replicando o que suas matrizes fizeram em outros países. A diretora da 4 Day Week espera que a realização do piloto gere informações e estimule outras companhias a adotar o modelo. "Com essas, vamos triplicar o número de empresas que adotaram no Brasil. Quanto mais gente, mais exemplo, mais dados, mais modelos vamos construir."

A partir da próxima semana, as empresas começarão o efetivo planejamento para os novos desenhos de suas rotinas e isso deve durar até dezembro. Em novembro, as primeiras pesquisas qualitativas e quantitativas terão início e, no mês seguinte, a jornada já estará menor nas empresas participantes.

Pablo Toledo, sócio da Caresurge, que assumiu o antigo hospital da Cruz Vermelha (e que agora se chama Indianópolis) na avenida Rubem Berta, na zona sul de São Paulo, diz que a empresa quer criar uma nova cultura de trabalho no setor de saúde.

Eles já iniciaram um teste informal no setor administrativo, com cerca de 20 funcionários. "Começamos do zero e há pouco tempo [eles assumiram o hospital em maio de 2022]. Estamos construindo uma cultura própria e que seja melhor para trabalhar."

No Clementino & Teixeira, o teste valerá para todos os 12 advogados e, segundo Soraya, será importante para que eles possam, ao mesmo tempo, construir uma nova cultura de trabalho no meio jurídico e acompanhar cada etapa do projeto e atender as demais empresas participantes.

A WeWork, rede de espaços de trabalho, também entrou como parceira no projeto. As empresas que participarão do teste terão um vale-escritório, chamado de workpass, que dá acesso às salas e espaços do grupo.

Veja empresas selecionadas para o piloto

Hospital Indianópolis

  • Fundado em maio de 2022
  • Especializado em cirurgias bucomaxilares, cabeça e pescoço, plásticas reparadoras e tratamentos de queimados

Editora MOL

  • Trabalha com produtos impressos
  • Sua especialidade são projetos editoriais, dos quais reverte renda para ONGs

Soma

  • Empresa de serviços compartilhados do grupo Dreamers (Rock in Rio, Artplan)
  • Trabalha com otimização de custos, padronização e automação

Inspira

  • Plataforma de pesquisa de jurisprudência em tribunais de todo o Brasil
  • Trabalha com dados, visualização de dados jurídicos e IA

Clementino & Teixeira Advocacia

  • Fundado em 2004, atua em direito do trabalho empresarial
  • Tem escritórios em São Paulo e Belo Horizonte

Ab Aeterno

  • Trabalha com serviços gráficos e editorais, roteiros, revisão, tradução etc

Smart Duo

  • Escritório de arquitetura de Belo Horizonte (MG)
  • Trabalha com projetos arquitetônicos, de sinalização, comunicação visual e paisagístico

T4S - Thanks for Sharing Comunicação

  • Produtora de vídeo
  • Especializada em vídeo motion design

GR Assessoria Contábil

  • Consultora para abertura de empresas e diagnóstico contábil

Brasil dos Parafusos

  • Empresa com sede em Porto Alegre
  • Especializada na produção de materiais de fixação

Plongê

  • Consultoria de seleção de executivos

Haze Shift

  • Consultoria de inovação
  • Trabalha com transformação digital e design estratégico

Oxygen Experiências, Capacitação e Conteúdo em Inovação

  • Plataforma de conteúdo sobre inovação

Alimentare Nutrição e Serviços

  • Atua com a administração de restaurantes, gerenciamento de refeitórios
  • Fornece alimentação para eventos e para dietas especiais

PiU Comunica

  • Agência de comunicação full-service
  • Trabalha com marketing, identidade de marca e criação de sites e aplicativos

Innuvem

  • Consultora de soluções de computação em nuvem

Vockan

  • Começou a testar antes do projeto começar
  • Foi a primeira a se filiar ao projeto
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