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Calculadora da aposentadoria: veja quanto é preciso juntar para obter independência financeira

Valor total depende de decisões de cada um, como a renda desejada, por exemplo, e de fatores que serão apenas estimados, como a taxa de juros

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São Paulo

Para garantir autonomia financeira quando parar de trabalhar, a meta é clara: formar uma poupança suficiente para obter uma renda mensal que lhe permita manter um padrão de vida adequado aos seus objetivos.

A Folha criou uma calculadora para permitir que você descubra quanto precisa poupar mensalmente para obter uma renda extra desejada no futuro. Nesse simulador de independência financeira também é possível fazer uma outra conta: partindo de uma quantia que você já sabe que consegue poupar todo mês, que renda extra você poderia obter no futuro.

Essas contas, no entanto, dependem de reflexões prévias e decisões. Veja, abaixo da calculadora, o que pode ser ponderado em relação a cinco variáveis que afetam sua aposentadoria.

Mãos de mulher digitam números em calculadora que está sobre uma mesa, onde também se veem folhas de papel com anotações. A mulher, da qual se veem apneas mãos, braços e um pedaço do torso, veste camisa azul clara
Mulher faz contas com calculadora. - thodonal - stock.adobe.com/Fotolia

1. Quanto você espera receber quando parar de trabalhar?

Essa decisão afeta a conta porque, quanto maior a renda desejada, maior é o patrimônio que é preciso juntar para garantir esses pagamentos mensais.

Ao refletir sobre esse valor, leve em conta que essa será possivelmente uma renda extra, que vai se somar, por exemplo, à aposentadoria do INSS, a um plano de previdência da empresa em que você trabalha, a uma eventual renda de aluguel ou até mesmo a pagamentos por trabalhos que você pretenda continuar fazendo mesmo depois de aposentado.

Antes de falar de sua poupança privada, vale abrir um parênteses sobre a importância da Previdência Social: quem contribui com o INSS terá, a partir do momento em que atingir os requisitos mínimos, uma renda mensal paga até o final da vida —e aqui está o seu diferencial. Na aposentadoria pública, não há risco de que os recursos acabem antes do tempo: o pagamento será por tempo indefinido.

Por isso, pagar as contribuições é uma forma de reduzir os riscos de dificuldades financeiras no futuro. Nesta calculadora da aposentadoria do INSS, também da Folha, é possível simular os valores para quem vai se aposentar no cálculo criado pela reforma da Previdência de 2019.

O valor da aposentadoria pública, no entanto, é proporcional ao valor da contribuição e limitado a um teto (de R$ 7.507,49 mensais, neste ano), e pode não ser suficiente para garantir o padrão de vida desejado.

Por isso, para fazer seus cálculos, você deve estimar qual seria a renda extra que gostaria de somar à sua aposentadoria pública (e outras possíveis rendas) quando parar de trabalhar.

Por exemplo, se você contribui com o INSS pelo teto, e gostaria de viver na aposentadoria com R$ 10.000 mensais, seus cálculos devem levar em conta uma renda extra de cerca de R$ 3.000 (considerando alguma perda no cálculo do teto).

Já se contribui com o INSS pelo piso, sua aposentadoria será equivalente ao salário mínimo (hoje de R$ 1.320), e, para obter os mesmos R$ 10.000 ao parar de trabalhar, deve considerar para seus cálculos uma renda extra de cerca de R$ 9.000.

Essa decisão de quanto você quer receber todo mês no futuro afeta seus cálculos porque, quanto maior for esse valor, maior deverá ser sua poupança até chegar ao dia da aposentadoria (veja exemplos no item abaixo).

2. Você quer viver apenas dos juros ou também do que acumulou?

Essa decisão afeta não apenas o montante que é preciso acumular como também a duração dos pagamentos.

Quem opta por viver apenas dos juros terá que acumular mais, mas terá uma renda garantida até o final da vida, uma vez que estará consumindo apenas o rendimento de suas aplicações sem reduzir o total poupado.

Já quem escolhe usar também parcelas do dinheiro poupado precisará acumular uma quantia menor e, portanto, investir menos no presente. Essa pode ser a escolha que alguém sem filhos ou outros dependentes, por exemplo, que não precisaria se preocupar em deixar recursos para seus herdeiros.

Por exemplo, uma pessoa que espera ter uma renda extra mensal de R$ 10.000 na aposentadoria, para viver apenas dos juros, precisa acumular R$ 6.054.803,35 (considerando que esse dinheiro vá render 2% ao ano, já descontados inflação e impostos).

Já se aceitar gastar também parcelas do total acumulado, para obter uma renda extra mensal de R$ 10.000 ao longo de 30 anos, precisa acumular R$ 2.712.122,69 (com o mesmo rendimento líquido anual de 2%).

O esforço nesse segundo caso é menor, mas é preciso ter em mente que existe um risco: o dinheiro pode acabar antes do esperado (algo que não acontece com quem vive apenas dos juros).

Por isso, quem tomar a decisão de gastar também parcelas do total acumulado tem que levar em conta um terceiro parâmetro antes de fazer seus cálculos:

3. Quantos anos você espera viver após a aposentadoria?

Essa é uma decisão que atinge apenas quem pretende consumir também parcelas do dinheiro poupado. Quem prefere viver apenas dos juros não terá que se preocupar com isso, embora precise juntar uma quantia significativamente maior, como vimos no tópico anterior.

A regra aqui é que quanto mais anos você passar aposentado, maior é o patrimônio que precisa ter juntado para garantir sua renda desejada.

Usando o mesmo exemplo acima, de alguém que deseja ter uma renda extra de R$ 10.000 , veja quanto é preciso ter poupado caso as retiradas mensais durem 15, 20, 30 ou 40 anos (considerando um rendimento líquido anual de 2%, ou seja, já descontando inflação e impostos).

Ainda que seja preciso um esforço maior para poder receber a renda desejada por mais tempo, ao ponderar essa variável vale a pena sempre ser bastante otimista em relação à sua longevidade.

Não se esqueça de que, quanto mais idosos ficamos, maiores podem ser os custos com itens como saúde, e não vale correr o risco de ver nossos recursos acabarem antes da hora.

4. Quando você pretende atingir a liberdade financeira e se aposentar?

Esta variável vai indicar o número de anos durante os quais você acumulará sua poupança para a aposentadoria e, por consequência, qual o valor que será preciso investir todo mês.

Quanto mais tempo você contribuir, menor a quantia mensal que precisará poupar para obter um mesmo patrimônio.

Por exemplo, quem está hoje com 30 anos e pretende se aposentar aos 60 terá um período de acumulação de 30 anos. Já se escolher se aposentar aos 50 anos de idade, o período de poupança se reduz para 20 anos e a quantidade de poupança mensal terá que ser maior para chegar a um mesmo patrimônio.

Vamos supor que o objetivo é acumular um patrimônio de cerca de R$ 3 milhões. Se os depósitos forem feitos ao longo de 30 anos, é preciso investir todo mês cerca de R$ 6.110. Já se o período for reduzido para 20 anos, para chegar aos mesmos R$ 3 milhões será preciso poupar todo mês a quantia de R$ 10.200 (sempre considerando um rendimento anual de 2%, descontados impostos e inflação).

É por isso que vale a pena se planejar para começar a poupar o quanto antes: quanto maior for o período de acumulação, menor é o valor necessário de investimento mensal.

5. Quanto você imagina que seus investimentos vão render?

Quando se calculam investimentos, é preciso sempre considerar qual será o rendimento líquido, ou seja, descontando tanto impostos cobrados desse rendimento quando a desvalorização decorrente da inflação.

Esse valor depende do produto escolhido para investir seus recursos: uma aplicação de renda fixa, por exemplo, como um título do Tesouro Direto, poderá garantir a remuneração de 4% ao ano acima da inflação, descontados os impostos. Já um investimento de renda variável, como ações, pode resultar em uma remuneração de 20% ao ano em determinado período, se os papeis escolhidos tiverem bom desempenho, mas podem também até se desvalorizar, se as condições não tiverem sido favoráveis.

Especialistas costumam recomendar que os investidores não coloquem todos os ovos na mesma cesta, ou seja, distribuam sua poupança em diferentes produtos —e cada um deles tem um nível de risco e uma expectativa diferente de rendimento. Por isso, na hora de ponderar essa variável, é preciso pensar em uma taxa média e ter em mente que ela é a informação mais difícil de prever no presente (porque as taxas de juros —e os rendimentos de aplicações financeiras— podem variar muito num horizonte de tempo tão longo quanto o envolvido na aposentadoria).

Na prática, quanto maior o rendimento esperado, mais rapidamente se chega ao montante desejado (ou menor é a necessidade de poupança mensal para se chegar a esse montante). Além disso, quanto maior o rendimento esperado, maior será a renda futura que se poderá conquistar no momento da aposentadoria.

Por outro lado, como essa é uma variável bastante imprevisível, é recomendável ser conservador e escolher uma taxa mais baixa, como 2% ou 3% ao ano (já descontados a inflação e os impostos). Isso porque é melhor se surpreender com rendimentos maiores que o esperado —e gozar que uma aposentadoria mais generosa— que perceber, ao parar de trabalhar, que suas expectativas foram otimistas demais e suas aplicações não renderam tanto quanto o necessário para garantir a renda desejada.

Tomando como exemplo alguém que está disposto a poupar R$ 1.000 ao longo de 30 anos, veja quanto ele conseguirá acumular até a data de sua aposentadoria, considerando diferentes rendimentos anuais líquidos (já descontados a inflação e os impostos):

Veja também como ficam esses números considerando os retornos observados em algumas aplicações disponíveis no mercado.

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