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Dólar cai a R$ 4,85 antes de decisões sobre juros nos EUA e no Brasil

Bolsa começa dia em alta, mas reverte ganhos e fecha em queda de 0,39%

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São Paulo

O dólar caiu 0,32% e fechou cotado a R$ 4,855 nesta segunda-feira (18), com investidores aguardando decisões de juros nos Estados Unidos e no Brasil, ambas marcadas para quarta (20).

Já a Bolsa brasileira começou o dia em alta, mas reverteu os ganhos e passou a operar em queda durante a tarde pressionada pelas ações da Vale. O Ibovespa terminou a sessão em baixa de 0,39%, aos 118.288 pontos.

Sobre a política de juros, o mercado local já dá como certa a manutenção do ritmo de queda da Selic (taxa básica de juros do Brasil) em 0,50 ponto percentual por reunião.

Nesta segunda, o boletim Focus, do Banco Central (BC), apontou queda nas expectativas de inflação para o fim de 2023. Agora, os economistas consultados pela autoridade monetária projetam o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) em 4,86%, contra 4,93% no relatório anterior.

A mudança ocorre após a divulgação do IPCA de agosto, que veio abaixo do esperado e mostrou boas sinalizações sobre o processo de queda de inflação no Brasil, como o arrefecimento da alta de preços no setor de serviços, que vinha mostrando resiliência.

Notas de dólar - Dado Ruvic - 17-Jul-2022/Reuters

Na ata de sua última reunião de política monetária, em agosto, o Copom (Comitê de Política Monetária) sinalizou que deve manter o ritmo de cortes da Selic em 0,50 ponto percentual, afirmando que os próximos passos devem ser dados com cautela e que o ciclo de desinflação do Brasil ainda não está completo.

Após os novos dados de inflação, porém, cresceram as apostas de que cortes de juros mais agressivos podem ocorrer.

"Acreditamos que a dinâmica mais benigna da inflação de serviços, assim como a esperada desaceleração da economia (que deve ficar mais evidente ao longo da segunda metade do ano), devem permitir cortes maiores a partir de dezembro, bem como um ciclo [de redução] mais profundo", afirmam analistas do Itaú.

Já Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura, diz não acreditar que os novos dados darão espaço para um alívio de discurso do Copom na reunião desta semana, destacando que as condições impostas pelo BC para uma possível aceleração de cortes na Selic ainda não foram concretizadas.

"A melhora nas expectativas de inflação não ocorreu, já que as projeções do Focus apenas se estabilizaram. Além disso, o PIB do segundo trimestre veio forte e a economia global está passando por um choque do petróleo, o que deve gerar repercussões de alta no IPCA ao fim de 2023", diz Borsoi.

Ele cita, ainda, que houve piora da percepção do mercado sobre as metas fiscais de 2024 desde a última reunião do Copom, o que também sinaliza piora no cenário de riscos de inflação.

Nos EUA, temores sobre uma nova alta de juros ainda persistem, em especial com a elevação dos preços do petróleo observada nas últimas semanas, após um corte de produção promovido por Rússia e Arábia Saudita, e a divulgação de dados econômicos fortes nas últimas semanas.

Com isso, o mercado americano é praticamente unânime ao afirmar que o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) deve manter os juros dos EUA inalterados nesta semana. Para as próximas reuniões, porém, ainda há dúvidas, e parcela significativa dos analistas já prevê um novo aumento nas taxas americanas até o fim de 2023.

"O Fomc [comitê de política monetária dos EUA] deve manter os juros inalterados [nesta semana], mas parte do mercado parece estar acreditando que essa manutenção será temporária. Para a reunião seguinte, o mercado vê 30% de possibilidade de um aumento, um valor minoritário, mas relevante", diz a equipe da Guide Investimentos.

Como ponto positivo, a inflação americana também mostrou sinais de arrefecimento. Apesar de ter acelerado, o CPI (índice de preços ao consumidor americano) de agosto veio em linha com o esperado e apontou queda em seu núcleo, que exclui do cálculo preços mais voláteis, como de alimentos e energia.

Com a manutenção das expectativas de que, pelo menos por ora, os juros americanos não devem subir, o dólar registrou queda na última semana e segue com essa tendência nesta segunda.

Sinalizações de alta de juros nos EUA costumam apoiar o dólar, pois aumentam os rendimentos dos títulos americanos e, consequentemente, atraem recursos para a renda fixa do país. Na lógica contrária, se há expectativa de redução —ou manutenção— das taxas americanas, a tendência é que o dólar perca força.

"Caso os membros do Fed mantenham as portas abertas para um possível novo aumento de juros em 2023, o dólar pode encontrar suporte, embora os níveis elevados da moeda americana no exterior sugiram que o terreno para uma recuperação é limitado", afirma Eduardo Moutinho, analista de mercado da Ebury.

Em compasso de espera sobre as decisões de juros, a Bolsa brasileira registrou nova queda puxada pelas ações da Vale, que caíram 0,90% em dia fraco para o minério de ferro no exterior.

O setor financeiro também caiu e pressionou o Ibovespa, com Banco do Brasil e Itaú recuando 0,37% e 0,29%, respectivamente, e figurando entre as mais negociadas da sessão.

A Vamos registrou o maior recuo do dia, afundando 6,10% após sofrer um corte de recomendação de compra pelo Bank of America.

Na ponta positiva, a Bolsa foi apoiada principalmente pela Petrobras, que registrou ganhos de 0,56% em suas ações preferenciais e de 1,19% nas ordinárias em dia de alta do petróleo no exterior.

A maior alta da sessão foi da Braskem, que subiu 5,83% após a Petrobras ter divulgado que está avaliando os ativos da petroquímica em meio a negociações sobre uma possível compra de controle da companhia.

Como mostrou a coluna Painel S.A, da Folha, as negociações entre a Petrobras e a estatal árabe Adnoc envolvendo a compra do controle da Braskem, hoje nas mãos da Novonor (ex-Odebrecht), têm avançado.

"O Ibovespa operou em um intervalo mais estreito e rondando a estabilidade na maior parte da sessão, por um lado com a alta de ativos ligados ao ciclo econômico doméstico, enquanto houve a queda de ações do setor de commodities e de grande peso no índice", afirma Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos.

Já nos Estados Unidos, os principais índices de Wall Street fecharam praticamente estáveis, enquanto participantes do mercado aguardavam a decisão de juros do Fed.

Com Reuters

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