Descrição de chapéu Bloomberg Folhainvest China

Fed preocupa mercados mais que China, mesmo com desaceleração econômica

Expectativa é que taxa de juros dos EUA permaneça alta diante de sinais de inflação persistente

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Enda Curran Chris Anstey
Nova York | Bloomberg

Apesar de todas as preocupações com as repercussões globais dos problemas econômicos da China, na verdade é o Federal Reserve que atualmente gera mais dor de cabeça para boa parte do mundo.

Os mercados financeiros vinham precificando cortes de juros do Fed no final de 2023, mas agora ficou claro que as taxas permanecerão altas, diante de menos risco de recessão e sinais de inflação persistente.

Com isso, muitos países emergentes avaliam adiar cortes de juros, mesmo que isso signifique reduzir o crescimento, para evitar o risco de desencadear saídas de capital desestabilizadoras.

"É difícil se dissociar completamente do Fed", disse David Loevinger, diretor da área de mercados emergentes da gestora TCW e ex-especialista em China do Departamento do Tesouro dos EUA.

O presidente do Fed, o banco central americano, Jerome Powell - Saul Loeb - 25.ago.2023/AFP

Os outros países sentem os efeitos das ações do Fed de diversas formas. Juros mais altos nos EUA tornam os ativos em dólar mais atraentes e geram saídas e depreciação do câmbio em outros mercados. Essa dinâmica aumenta as pressões inflacionárias e torna mais difícil fazer pagamentos de dívida externa.

O Bloomberg Dollar Spot Index, que acompanha o valor do dólar frente às principais moedas, sobe desde meados de julho em seu rali mais longo desde 2005.

Além disso, dados compilados pelo Fundo Monetário Internacional mostram que as economias emergentes e em desenvolvimento agora crescem a taxas comparáveis às das economias avançadas, e não mais rápido como aconteceu durante a maior parte deste século.

Sem dúvida, a desaceleração da China cria ventos contrários para muitas economias, especialmente as que enfrentam demanda menor por suas exportações. Mas da Indonésia ao Brasil, os bancos centrais são questionados por não cortarem juros mais rapidamente, e os juros altos do Fed tornam isso mais difícil.

"Na disputa sobre quem está perturbando mais os mercados globais, o Fed vence sem sombra de dúvida", diz Loevinger. "Apesar de todo o nervosismo, a atual crise da China não é tão grave como em 2008, 2020 e 2022", afirmou.

E a própria China está entre as economias afetadas pelos juros altos nos EUA. O Banco Popular da China tem sido cada vez mais contundente em sua defesa do yuan, orquestrando vendas de dólares para sustentar a moeda e alertando que os especuladores serão punidos.

Mesmo assim, o yuan se depreciou para o nível mais fraco desde 2007.

Tradução de Paulo Migliacci

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