Novo ministro promete trabalhar contra privatização do Porto de Santos

Silvio Costa Filho tomou posse nesta quarta-feira à frente de Portos e Aeroportos e defendeu programa de passagens

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Brasília

O novo ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), afirmou nesta quarta-feira (13) que vai trabalhar contra a privatização do Porto de Santos (SP).

Ao lado de seu antecessor no cargo, Márcio França, Costa Filho também defendeu o programa que visa a baratear passagens aéreas para aposentados.

Novo ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, concede sua primeira entrevista, no Palácio do Planalto - Pedro Ladeira/Folhapress

Silvio Costa Filho tomou posse como novo ministro dos Portos e Aeroportos, em uma cerimônia fechada e restrita, no gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O formato contrasta com as posses anteriores, no salão nobre do Palácio do Planalto, com discursos de autoridades.

Outros dois ministros foram empossados nesta quarta-feira, no mesmo evento: André Fufuca, no Esportes, e Márcio França, na nova pasta do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte.

Horas depois, ele participou da cerimônia de transmissão de cargo, no auditório do ministério, em um evento concorrido, que contou com a presença do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), de diversos ministros, da governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), e vários parlamentares.

Márcio França chegou a brincar que havia um "overbooking", relacionando com um dos temas de responsabilidade do ministério.

Em seu discurso, o novo ministro fez questão de exaltar o presidente Lula, a quem chamou de "maior presidente da história" do Brasil e também a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), "por toda a lealdade e todo o espírito público".

Sua família tem histórico de apoio ao PT, apesar de o partido recentemente ter se inclinado mais a favor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Costa Filho afirmou logo após a sua posse, ainda no Palácio do Planalto, que pretende trabalhar contra a privatização do Porto de Santos. A postura contrasta com a de seu correligionário, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que, enquanto ministro do governo Bolsonaro, defendeu esse processo.

"O Porto de Santos, o nosso desejo é de trabalhar pela não privatização. Mas vamos dialogar com o setor produtivo. Decisão portuária de privatização é decisão de governo. Vou ligar para o presidente [Anderson] Pomini para já a partir de amanhã ou sexta-feira fazermos uma reunião sobre o Porto de santos", afirmou.

Também presente na entrevista, o antecessor na pasta, Márcio França, afirmou que o desafio agora será encontrar um "formato" para a operação do porto.

"Havia uma visão do governo passado que era de fazer a venda do CNPJ. Essa posição o presidente Lula sempre foi contrário, e eu naturalmente defendi a posição do presidente Lula. O ministro [Silvio Costa Filho] já se manifestou sobre isso, falou sobre isso e acho que o próprio governador de São Paulo já não pensa mais nesse formato. Vamos encontrar um formato, com a posição dele, que é do mesmo partido que o governador, [e isso] vai facilitar ainda mais essa relação", afirmou.

Lula disse a França na semana passada que diria ao próprio Marcos Pereira, presidente do Republicanos, que não gostaria de privatizar o Porto de Santos.

França disse a aliados ter a expectativa de que o presidente tire o órgão do rol de privatizações.

Silvio Costa Filho também defendeu e prometeu levar adiante o programa de passagens aéreas mais baratas para aposentados, o chamado Voa Brasil.

"Hoje à noite, já temos reunião com ministros de Minas e Energia e do Turismo para trabalhar com companhias aéreas para buscar redução dos preços das passagens. Importante para aposentados, o Voa Brasil é um projeto que em breve queremos apresentar."

Em outro tema que deverá ser enfrentado por sua pasta, os aeroportos do Rio de Janeiro, Silvio Costa Filho afirmou que vai iniciar negociações na próxima semana, mas já adiantou que pretende fortalecer o Galeão —o que é uma demanda do prefeito Eduardo Paes (PSD).

"A gente vai já na próxima semana fazer essa reunião, para a gente poder discutir com todo o setor, todos os envolvidos, prefeito Eduardo Paes, o governador [Cláudio Castro (PL)] e naturalmente com todos que fazem o governo do presidente Lula. Mas não tenham dúvidas de que nosso desejo será fortalecer o aeroporto do Galeão", disse.

Ao longo das negociações da reforma ministerial, aliados de Lula ponderaram que a presença de um filiado do Republicanos na Esplanada pode vir a fortalecer o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, principal aposta do partido para disputar o Planalto em 2026.

Tarcísio é apontado como um possível herdeiro do espólio eleitoral de Bolsonaro.

Apesar de ter um ministério, o Republicanos afirmou por meio de nota que o partido seguirá independente e não fará parte da base de apoio do presidente.

Desde o início do novo mandato de Lula, Costa Filho atua como voz dissonante na bancada por buscar aproximar o Republicanos do governo.

Chamado pelo próprio presidente de Silvinho, como é conhecido no Congresso, o parlamentar apoiou a candidatura petista na eleição de 2022 — apesar de seu partido ter endossado Bolsonaro.

Questionado sobre a posição de independência do Republicanos, Silvio Costa Filho reforçou que o partido já vem votando com o governo Lula.

"O Republicanos é um partido democrático, o presidente Marcos Pereira é alguém que dialoga bem com toda a esquerda, a direita, com o centro, alguém que pensa o Brasil. O Republicanos no primeiro semestre votou 87% com o governo", afirmou.

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