Novo ministro de Portos é voz lulista em partido que foi da base de Bolsonaro

Silvio Costa Filho relatou projetos de caráter liberal na economia e votou no PT em 2022

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Brasília

Anunciado ministro de Portos e Aeroportos nesta quarta-feira (6), o deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) ganhou destaque no Congresso no governo Jair Bolsonaro (PL). Desde o início do novo mandato de Lula (PT), ele atua como voz dissonante na bancada por buscar aproximar o Republicanos do governo.

Chamado pelo próprio presidente de Silvinho, como é conhecido no Congresso, o parlamentar apoiou a candidatura petista na eleição de 2022 —apesar de seu partido ter endossado Bolsonaro.

O novo ministro é filho do ex-deputado Silvio Costa (PE), que foi aliado dos governos anteriores do PT, entre eles o da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). À época, o ex-deputado votou contra o impeachment da então mandatária.

Formado em pedagogia, Costa Filho tem 41 anos. Ele iniciou a trajetória na política ainda na universidade, quando presidiu o diretório acadêmico estudantil da Universidade Católica de Pernambuco.

Silvio Costa Filho em lançamento de frente parlamentar
O deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) em lançamento de frente parlamentar no Congresso. - Câmara dos Deputados

Depois, já formado, foi eleito em 2004 o vereador mais novo do Recife, aos 21 anos.

Dois anos depois, elegeu-se deputado estadual. Um ano depois, tornou-se secretário de Turismo do então governador Eduardo Campos (PSB), morto em acidente aéreo durante a campanha presidencial de 2014.

Teve três mandatos como deputado estadual e, em 2016, disputou a eleição como vice-prefeito de Recife na chapa encabeçada por João Paulo (PT). Terminaram em segundo lugar.

Segundo aliados, a ideia de Costa Filho naquela época era sair ele próprio candidato a prefeito. Foi por uma intervenção de Lula, porém, que ele acabou aceitando a vice.

Em 2018, foi eleito deputado federal pela primeira vez, sendo reeleito em 2022 como o quarto mais votado do estado.

Embora se considere lulista, adota uma postura mais liberal na economia.

No governo Bolsonaro, Costa Filho foi vice-presidente da comissão especial da reforma da Previdência, que foi aprovada ainda no início do mandato. Foi ainda relator da proposta de autonomia do Banco Central na Câmara dos Deputados.

Mesmo com a aproximação do Republicanos ao ex-presidente –o partido também ocupou um ministério na gestão anterior–, o deputado procurava fazer críticas ao comportamento de Bolsonaro e se mostrava como um deputado de postura mais ao centro no Congresso.

Enquanto fazia reclamações na seara ideológica, o parlamentar era próximo da equipe econômica liderada pelo ex-ministro Paulo Guedes.

Nas eleições de 2022, fez manifestações públicas favoráveis à candidatura de Lula.

Apesar do pai político, a ideia inicial de Costa Filho era cuidar da rede de escolas que seu pai —então vereador— tinha em Pernambuco.

Ainda na universidade, ele se engajou no movimento estudantil. Inicialmente filiado ao PMN, Costa Filho também foi do PTB, ao lado do pai. Migrou para o Republicanos em 2016, quando disputou a vice-prefeitura.

Segundo relatos, ele disse ao presidente do partido, Marcos Pereira (Republicanos-SP), que embora a legenda tivesse perfil conservador e fosse ligada à Igreja Universal, ele se considerava uma pessoa de centro-esquerda.

Antes de assumir Portos e Aeroportos, Costa Filho disse a aliados que, apesar do perfil liberal, é contra a privatização do porto de Santos.

Ao longo das negociações, aliados de Lula ponderaram que a presença de um filiado do Republicanos na Esplanada pode vir a fortalecer o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, principal aposta do partido para disputar o Planalto em 2026. Tarcísio é apontado como um possível herdeiro do espólio eleitoral de Bolsonaro.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.