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EUA processam mais uma big tech
A Comissão Federal de Comércio (FTC) dos EUA e 17 estados americanos entraram com um processo antitruste nesta terça contra a Amazon.
Em uma ação esperada há algum tempo, as autoridades acusam a gigante do varejo de prejudicar vendedores e concorrentes e de inflar preços aos consumidores com as políticas de sua plataforma. As ações da empresa recuaram 4% no dia.
O que diz a acusação: que a Amazon exerce uma espécie de monopólio ao punir vendedores que oferecem preços mais baixos que ela, reduzindo a visibilidade deles no site.
As autoridades também afirmam que a varejista "força" os vendedores a usarem seu serviço de logística para que seus produtos apareçam na aba de assinaturas Amazon Prime.
O que diz a Amazon: que o processo da FTC está errado "no mérito e na lei" e prejudicaria os consumidores ao resultar em preços mais altos e entregas mais lentas.
"As práticas que a FTC está contestando ajudaram a impulsionar a concorrência e a inovação na indústria varejista e produziram maior variedade de produtos, preços mais baixos e velocidades de entrega mais rápidas para os clientes da Amazon", disse um representante da empresa.
Por que importa: esse processo se soma a outras investidas de autoridades americanas contra big techs, a quem o governo acusa de praticar monopólio. Veja quem mais foi alvo:
- Google: o Departamento de Justiça moveu dois processos contra a big tech, um por suposto monopólio no sistema de buscas –que está em julgamento– e outro que alega domínio no mercado de publicidade digital.
- Meta: a FTC acusou a dona do Facebook de promover uma estratégia para eliminar ameaças ao seu monopólio quando comprou WhatsApp e Instagram, mas teve seu argumento negado pela Justiça.
- Microsoft: a agência americana tentou barrar a compra da produtora de games Activision Blizzard pela big tech, mas novamente perdeu nos tribunais.
Dona do ChatGPT pode valer até US$ 90 bi
A OpenAI, empresa dona do ChatGPT, está conversando com investidores do Vale do Silício para uma oferta que a avaliaria em um patamar entre US$ 80 bilhões e US$ 90 bilhões, de acordo com fontes ouvidas pelo Wall Street Journal.
- A transação seria feita via venda de ações de funcionários da empresa, ou seja, a grana não entraria no caixa da startup.
Em números: caso a avaliação da OpenAI seja confirmada no patamar citado pelo jornal americano, a startup veria seu valor de mercado se multiplicar em até três vezes em menos de um ano.
- Em abril, ela levantou US$ 300 milhões junto a investidores e foi avaliada em uma faixa de US$ 27 bilhões a US$ 29 bilhões, segundo o site especializado TechCrunch.
- Meses antes, a Microsoft anunciou um investimento bilionário na empresa, que na época foi noticiado como a compra de 49% do capital por US$ 10 bilhões.
- O valor de mercado atualizado da dona do ChatGPT também a tornaria uma das maiores startups do mundo, só atrás de gigantes como a ByteDance, dona do TikTok (US$ 220 bilhões), e a SpaceX, de Elon Musk, (US$ 150 bilhões).
A OpenAI: fundada em 2015 como uma instituição sem fins lucrativos por Musk, Sam Altman (hoje CEO da OpenAI) e outros especialistas em IA, a startup separou uma unidade em 2019 para receber investimentos e acelerar seu desenvolvimento.
- Em novembro de 2022 veio o lançamento do ChatGPT, seu grande produto que hoje é responsável pela maior parte de suas receitas.
- A OpenAI cobra para que usuários acessem uma versão mais potente do chatbot e para que empresas licenciem o motor da tecnologia para usar em ferramentas próprias.
- A startup disse aos investidores que espera alcançar US$ 1 bilhão em receitas neste ano e "muitos mais bilhões" em 2024, conforme o Wall Street Journal.
Bolsa e real voltam para junho
A Bolsa e o real fecharam esta terça no pior nível desde junho, em reação a notícias negativas que vieram dos EUA e a uma pitada de mau humor também no cenário doméstico.
Em números: o Ibovespa fechou em queda de 1,49%, aos 114.193 pontos, menor patamar desde 5 de junho.
O dólar subiu 0,46%, para R$ 4,98, no nível mais alto em relação à moeda brasileira desde o dia 1º de junho. Durante o pregão desta terça, a divisa americana chegou a bater em R$ 4,99.
O que explica:
EUA: os índices americanos fecharam em queda, dando sequência a um sentimento no mercado de que os juros devem ficar mais altos por mais tempo no país, conforme adiantou o Fed (BC americano) na semana passada.
- Taxas de juros americanas nas alturas significam fortalecimento do dólar ante outra moedas e menor atratividade para as Bolsas mundo afora.
Copom: a ata da última reunião sobre a Selic foi divulgada nesta terça e praticamente enterrou as expectativas dos analistas sobre uma aceleração na queda da taxa básica de juros neste ano.
- O comitê reiterou que o ritmo de redução da Selic deve continuar em 0,50 ponto percentual em suas próximas decisões, afirmando que uma intensificação dos cortes exigiria "surpresas substanciais".
Tem ainda o assunto China, que vem azedando os mercados há alguns dias com a alta da incerteza. A preocupação, mais uma vez, está concentrada na Evergrande, gigante do setor imobiliário local que tem problemas para pagar sua dívida.
Mercado de Cannabis cresce em meio a limbo jurídico
Decisões judiciais que permitiram a importação de maconha para uso medicinal e principalmente associações de pacientes que obtiveram habeas corpus coletivo para o plantio são responsáveis por movimentar um mercado do produto, que vai da indústria têxtil ao agronegócio.
Entenda: os primeiros pedidos para importar produtos medicinais derivados da Cannabis foram aceitos em 2015 pela Anvisa.
- Outras resoluções da agência, como uma de 2022, regulamentaram a importação de produtos à base da planta para uso pessoal, mediante solicitação.
- Com a concessão de habeas corpus, têm surgido growshops, lojas dedicadas ao cultivo que vendem produtos como fertilizantes e lâmpadas.
- De 2015 até hoje, o órgão emitiu mais de 235 mil autorizações —80,6 mil no primeiro semestre deste ano.
Sim, mas… Os empresários que atuam no setor afirmam que a falta de uma regulamentação no Congresso ainda traz riscos jurídicos e financeiros.
Existe no Brasil inclusive uma aceleradora de negócios canábicos. Fundada em 2016, a The Green Hub tem 19 empresas em seu portfólio, incorporadas em quatro rodadas de investimentos. Juntas, faturam R$ 5 milhões por ano.
Veja negócios feitos a partir de Cannabis:
- Marcas que vendem café, cerveja e chocolate com aroma de maconha;
- A clínica com tratamento baseado em Cannabis medicinal que quer virar franquia;
- Uso do cânhamo —que não tem efeitos psicotrópicos— para a fabricação de tijolos e isolantes ou para a produção de ração animal a partir de seus grãos e óleos.
- Calcinhas absorventes feitas de cânhamo e algodão.
- Lojas que vendem acessórios para fumar e cultivar Cannabis em casa.
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