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'Rei do previdenciário' acusado de golpe em aposentados ostenta vida de luxo

OUTRO LADO: defesa de Wanderson Camargos repudia a acusação e diz que advogado provará inocência

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São Paulo

Um advogado de Unaí (a 599 km de Belo Horizonte) conhecido como "rei do previdenciário" é acusado de se apropriar indevidamente de benefícios de aposentados, segundo investigação que está sendo feita pela Polícia Civil de Minas Gerais. O suposto esquema foi revelado pelo Fantástico.

O advogado Wanderson Camargos, proprietário do escritório Camargos Advocacia e Consultoria Previdenciária, é acusado de não repassar o dinheiro de atrasados de aposentadorias e outros benefícios previdenciários de seus clientes. Segundo a polícia, 17 pessoas procuraram delegacias para registrar denúncias.

Os atrasados são os valores retroativos que beneficiários conquistam na Justiça ou administrativamente após obterem a revisão ou a concessão de um benefício que havia sido negado.

Imagem mostra o advogado Wanderson Camargos, um homem branco de cabelos e barba pretos, vestido com um terno preto, camisa branca e gravata azul escura. Ao fundo da imagem há uma escadaria com corrimões dourados e parede bege
Advogado Wanderson Camargos é acusado de se apropriar indevidamente de benefícios previdenciários; caso é investigado pela Polícia Civil de Minas Gerais - Divulgação

Segundo a polícia, o advogado atuava em nome dos clientes por meio de procurações e tinha autorização para fazer movimentações financeiras.

Em nota, a defesa de Wanderson Camargos repudiou a alegação de ausência de repasses financeiros aos seus clientes. "Ao longo de 20 anos, sua atuação garantiu benefícios previdenciários negados pelo INSS para mais de 20 mil pessoas."

"A divulgação de informações parciais, oriundas de uma disputa societária contra seu ex-sócio, Lucas Farias de Paula, busca distorcer a realidade, colocando a vítima na condição de investigado. Por fim, a defesa reforça que o processo tramita sob sigilo e que Wanderson Camargos provará sua inocência", diz o comunicado.

"Na última semana, várias vítimas procuraram a delegacia de Unaí narrando uma possível apropriação indébita por parte do advogado", afirma Douglas Magela, delegado do 16º Departamento de Polícia Civil de Unaí, em vídeo nas redes sociais.

"Segundo as vítimas, elas foram beneficiadas com o recebimento de retroativos de benefícios previdenciários e esse advogado teria se apropriado indevidamente dos valores", diz.

A Polícia Civil instaurou inquérito para investigar os fatos. Até o momento, 17 vítimas procuraram a delegacia para noticiar os fatos e apresentaram documentos que comprovam a retirada dos valores por parte do advogado ou do seu escritório de advocacia, de acordo com o delegado. "Quatro das vítimas são de Posse (GO). Vítimas que são de outras cidades podem procurar as unidades policiais das respectivas cidades e registrar o boletim de ocorrência", explica Magela.

Em nota, a polícia informou que o cidadão que se considerar prejudicado pode procurar uma delegacia e registrar a denúncia com os documentos que comprovem a queixa.

O empresário ostentava uma vida luxuosa. Casou-se em Dubai (Emirados Árabes Unidos). A festa, ocorrida em 2022 e que durou quatro dias, teve direito a passeio em carro de luxo, ensaio fotográfico no deserto e doces com flocos de ouro.

O local escolhido foi o hotel Palace Downtown, com vista para o Burj Khalifa, edifício mais alto do mundo.

Na última semana, o advogado renovou os votos do seu matrimônio em outra comemoração de gala, desta vez em sua fazenda. Segundo publicações nas redes sociais, a decoração contou com iluminação em LED nos jardins e fogos de artifício. A cerimônia foi descrita em rede social como um "casamento de conto de fadas em um palácio".

Como o suposto golpe funcionava

Segundo a investigação da Polícia Civil, os clientes acusam o profissional de se apropriar dos valores atrasados, que teriam sido reunidos em sua conta bancária pessoal e não teriam sido repassado às contas das vítimas.

A Folha entrou em contato com o escritório de advocacia e conversou com o cunhado de Wanderson, que solicitou sigilo das informações, já que o processo se encontra em segredo de Justiça e afirmou que o imbróglio se trata de uma "briga familiar".

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