Descrição de chapéu
Financial Times

Chevron visa construir estoque de longo prazo com compra da Hess

Empresa está contando com aumento da produção da adquirida nos próximos anos, como indicam as projeções

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Lex - Financial Times

Coluna de Negócios e Finanças do jornal Financial Times

Em 2000, a família Hess vendeu o time de futebol americano New York Jets para o magnata Woody Johnson por US$ 635 milhões (R$ 3,18 bilhões). Na época, foi uma avaliação exorbitante. A marca agora está avaliada em 10 vezes mais, apesar de um desempenho irregular no campo.

A Chevron espera ter feito um acordo igualmente astuto com a família Hess. Nesta segunda-feira (23), a empresa anunciou que adquirirá a Hess Corporation, de perfuração de petróleo e gás, por um valor total, incluindo dívidas, de US$ 60 bilhões.

A transação ocorre apenas algumas semanas depois que a arquirrival da Chevron, Exxon, adquiriu outro produtor independente de energia, a Pioneer Natural Resources, por US$ 64 bilhões, incluindo a dívida.

CEO da Hess, John B. Hess, durante convenção de energia na Malásia - Hasnoor Hussain - 26.jun.2023/Reuters

Tanto a Chevron quanto a Exxon estão usando suas ações como moeda, evitando dívidas que se tornaram caras. Em ambos os acordos, os compradores estão cedendo um pouco mais de um décimo do patrimônio pró-forma para acessar negócios de alto crescimento em um mundo onde os combustíveis fósseis continuam sendo cruciais.

Apesar —ou talvez por causa— da transição energética, as grandes produtoras cobiçam as "independentes" como nunca antes.

Existem mais alvos do que compradores. Não importa o quão titânico seja o licitante, ele deve encontrar benefícios complementares em qualquer compra para justificar a emissão de um monte de novas ações.

As ações da Hess mais que dobraram desde 2020. A empresa já havia enfrentado o investidor ativista Elliott. A questão em disputa era o equilíbrio entre investimento e retorno de capital aos acionistas.

Como praticamente todas as empresas independentes, a Hess agora retorna a maioria do seu fluxo de caixa aos acionistas em dividendos e recompras de ações.

Seus ativos mais valiosos são a produção offshore da Guiana e partes do depósito de xisto de Bakken, na Dakota do Norte, nos Estados Unidos. A produção diária atual da Hess é de 330 mil barris. A avaliação agregada da transação implica em um preço de US$ 180 mil por barril.

O valor empresarial da Chevron, aproximadamente US$ 325 bilhões, implica uma avaliação de pouco mais de US$ 100 mil por barril para sua própria produção. Comparando o preço das ações com as estimativas de lucros para 2024, ela está oferecendo um prêmio semelhante aos investidores da Hess.

A Chevron está contando com o aumento da produção da Hess, especialmente na Guiana, nos próximos anos, como é projetado que aconteça. O adquirente também pretende obter US$ 1 bilhão em eficiências de custo.

A participação acionária de 7% da família Hess agora está avaliada em quase US$ 4 bilhões. Desta vez, o clã tem a chance de compartilhar qualquer valorização que o adquirente crie. Mas é discutível se alguém verá uma empresa de petróleo como um ativo de prestígio daqui a 23 anos.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.