Diferença salarial entre homens e mulheres custa R$ 404 bi à Austrália

Grupo de trabalho do governo apontou que mães ganham R$ 6,34 milhões a menos que os homens na carreira

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Amy Bainbridge Ben Westcott
Bloomberg

Um grupo de trabalho do governo da Austrália concluiu que o país precisa de mudanças legislativas urgentes para acabar com a desigualdade econômica entre homens e mulheres, destacando que o problema custa à economia 128 bilhões de dólares australianos por ano (cerca de R$ 404,5 bilhões).

Mulheres que têm pelo menos um filho ganham 2 milhões de dólares australianos (R$ 6,34 milhões) a menos ao longo da vida do que seus colegas homens, mostrou um relatório divulgado nesta segunda-feira (23).

O grupo de trabalho publicou uma série de recomendações imediatas e de longo prazo, incluindo o aumento da licença aos pais financiada pelo governo.

Mulher e homem conversam durante reunião de trabalho
Grupo de trabalho mostra impacto da desigualdade salarial entre mulheres e homens - Adobe Stock

"A igualdade de gênero não se trata apenas das mulheres, trata-se de criar comunidades onde todos sejam iguais, todos possam prosperar", disse a empresária Sam Mostyn, presidente do grupo.

A ministra das Finanças, Katy Gallagher, nomeou o Grupo de Trabalho de Igualdade Econômica das Mulheres, composto por 13 membros, em 2022 para aconselhar o governo sobre a desigualdade. No relatório, o grupo afirmou que as perdas econômicas se devem principalmente a "barreiras persistentes e generalizadas" à participação plena e igualitária das mulheres no mercado de trabalho.

A força-tarefa deu orientações formais sobre questões como licença-maternidade remunerada. As empresas australianas serão obrigadas a revelar as diferenças salariais de gênero pela primeira vez no início de 2024, de acordo com a legislação aprovada neste ano.

O relatório recomenda dobrar a licença-maternidade remunerada financiada pelo governo para 52 semanas e incentivar os homens a utilizar o sistema. O grupo de trabalho solicitou uma legislação para garantir pagamentos de pensão em todas as formas de licença-maternidade remunerada, algo que o governo se comprometeu a fazer, mas ainda não implementou.

As mulheres australianas se aposentam com valores mais baixos do que os homens. Entre 2019 e 2020, o saldo médio —conhecido localmente como superannuation— das mulheres com 65 anos ou mais era de 168 mil dólares australianos (R$ 532,7 mil), em comparação com 208,2 mil dólares australianos (R$ 659,5 mil) para os homens.

"O momento atual das mulheres no mercado de trabalho demonstra claramente a desigualdade econômica ao longo da vida", diz o relatório.

O governo está avaliando as recomendações do relatório, explica a ministra das Finanças, Katy Gallagher, acrescentando que elas estão amplamente alinhadas com a agenda do governo de centro-esquerda local.

Os dados são "bastante preocupantes", avalia a ministra. "Quando se trata de igualdade econômica, não temos uma Austrália com igualdade de gênero", complementa.

O relatório constatou que os ganhos das mulheres são reduzidos em média em 55% nos primeiros cinco anos de criação do primeiro filho, enquanto os rendimentos dos homens permanecem inalterados.

Ele mostrou que as mulheres australianas têm muito menos probabilidade de trabalhar em tempo integral do que as mulheres em outros países desenvolvidos, e a segregação de gênero persiste em toda a economia. Por exemplo, 76,2% dos trabalhadores de saúde e assistência social são mulheres, enquanto 86,5% na indústria da construção são homens.

"Sabemos que as mulheres trabalham menos, ganham menos, sofrem uma penalidade por serem mães", explica Gallagher. "Vivemos em um mercado de trabalho altamente segregado por gênero."

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